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Diretórios acadêmicos da USP pedem boicote ao Provão

O DCE-Livre (Diretório Central Estudantil Alexandre Vanucchi Leme) e outros centros acadêmicos da USP (Universidade de São Paulo) manifestaram-se nesta quinta-feira (7) contra a aplicação do Provão, recomendando aos estudantes que entreguem suas provas em branco
O DCE-Livre (Diretório Central Estudantil Alexandre Vanucchi Leme) e outros centros acadêmicos da USP (Universidade de São Paulo) manifestaram-se nesta quinta-feira (7) contra a aplicação do Provão, recomendando aos estudantes que entreguem suas provas em branco
Queremos uma avaliação da instituição e, por isso, defendemos que a USP se retire do Provão”, informa o documento. “A autonomia universitária deve ser respeitada. A avaliação é uma farsa. E é por isso que, no próximo domingo, os estudantes da USP estão convocados a fazer o mesmo que o MEC faz pelo ensino público de qualidade: nada”, encerra o manifesto.

Assinam o documento o DCE-Livre da USP (Diretório Central Estudantil Alexandre Vanucchi Leme ), o Cefisma (Insituto de Física), o Centro Acadêmico Iara Iavelberg (Instituto de Psicologia), o Centro Acadêmico Lupe Cotrim (Escola de Comunicações e Artes) e o Centro Acadêmico de Filosofia (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto).

Leia a íntegra do manifesto

“No próximo domingo, será aplicado, mais uma vez, o Exame Nacional de Cursos, o “Provão”. O DCE-Livre da USP e os centros acadêmicos abaixo relacionados manifestam-se contra a aplicação desse exame, recomendando aos estudantes desta universidade que entreguem suas provas em branco.

Acreditamos que a avaliação institucional é uma ferramenta preciosa na busca por qualidade, e é justamente por isso que nos manifestamos contra a aplicação do Provão.

Trata-se de um caro show de mídia do Ministério da Educação, que gasta milhões, todos os anos, para promover uma pseudo-avaliação que não aponta as deficiências do curso, não diz o que deve ser feito para melhorá-lo, não leva em conta a pesquisa e a extensão universitária, e tem, como resultado, simplesmente uma letra que resulta em um ranking das instituições de ensino superior brasileiras.

É justo que, de um vulgo “processo de avaliação”, a universidade e a sociedade só tenham conhecimento de uma letra? O Provão está ancorado numa perspectiva mercadológica; seu critério classifica e compara, quando invariavelmente atribui para o curso cinco categorias de notas (A, B, C, D ou E), de acordo com o desempenho do aluno em uma prova.

Queremos uma avaliação da instituição e, por isso, defendemos que a USP se retire do Provão. Legalmente as instituições de ensino superior estaduais e municipais não precisam se submeter às avaliações do MEC e sim do Conselho Estadual de Educação.

O que faz o Provão é desobrigar o MEC da tarefa se responsabilizar pelo ensino superior brasileiro de qualidade durante todo o processo, desde a abertura do curso. Em vez disso, permite-se a abertura indiscriminada de mais cursos, com a desculpa de que os que não forem aprovados pelo seu “exame” serão fechados. O que, além de absurdo, é uma falta de respeito com aqueles que levaram aquele mesmo curso a sério.

Dessa forma, o Provão acaba servindo aos interesses dos conhecidos mercenários da educação, cujos estudantes se sairão, sim, muito bem no exame, pois serão preparados para isso. Além disso, é muito fácil, através do Provão, fingir que uma universidade que produz formandos em série está no mesmo patamar que as universidades que realmente garantem o bom ensino.

Nossa crítica é de concepção. Não acreditamos em uma pretensa avaliação que seja concebida e conduzida de dentro de um gabinete, sem a participação da comunidade acadêmica.

A autonomia universitária deve ser respeitada. Avaliação imposta de cima para baixo não avalia, é uma farsa. E é por isso que, no próximo domingo, os estudantes da USP estão convocados a fazer o mesmo que o MEC faz pelo ensino público de qualidade: nada.

Fonte Redação Terra Educação
Quinta, 07 de junho de 2001, 19h26

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