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Nova resolução do Conselho Federal de Psicologia propõe
uma revisão dos testes de avaliação psicológica e incentiva
o desenvolvimento destes instrumentos
Nova resolução do Conselho Federal de Psicologia propõe
uma revisão dos testes de avaliação psicológica e incentiva
o desenvolvimento destes instrumentos
Em 30 de novembro de 2001, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou a Resolução de número 25/2001 definindo os testes psicológicos como método de avaliação privativo do psicólogo e regulamentando sua elaboração, comercialização e uso. A resolução, além disso, estabelece a necessidade de aprimorar os instrumentos e procedimentos técnicos dos psicólogos, por meio de revisões periódicas das condições dos métodos e técnicas utilizados na avaliação psicológica. O objetivo é garantir qualidade técnica e ética à população usuária desse tipo de serviço.
O teor dessa nova resolução foi definido a partir de deliberações do IV Congresso Nacional de Psicologia e de propostas encaminhadas por psicólogos, delegados das diversas regiões do país, que participaram do I Fórum Nacional de Avaliação Psicológica, realizado em dezembro de 2000.
A resolução chega após um período em que, admitem os próprios psicólogos, a avaliação psicológica, de modo geral, foi um alvo vulnerável de críticas. “Talvez com razão”, opina a psicóloga Regina Sonia Gattas Nascimento. “Por questões de ensino, de pesquisa, enfim, por motivos de várias ordens, houve uma desvalorização da avaliação psicológica”, ela conclui. Regina é justamente uma das profissionais indicadas para compor a nova comissão do CFP que deverá tratar da atualização dos instrumentos de avaliação.
Atualmente, a realidade brasileira ainda não se equipara com a que se vê em países como EUA, França, Espanha, Canadá e outros em que a utilização dos instrumentos de avaliação psicológica é amplamente difundida. Aqui ainda se engatinha no que diz respeito à evolução de grande parte dos testes de avaliação existentes. Por isso mesmo torna-se tão relevante a iniciativa do CFP, demonstrando interesse em se abrir para a necessidade de revisão.
“Quando a gente fala aqui em avaliação psicológica, é claro, estamos nos referindo a um instrumento formal. Mas a avaliação psicológica, mesmo sem o uso de qualquer instrumento, é sempre necessária, pois, de qualquer forma, sempre se requer um diagnóstico antes de iniciar um tratamento”, esclarece Regina.
O desuso dos testes de psicodiagnóstico, entretanto, não foi exclusividade do Brasil. Foi um fenômeno mundial, mas com a peculiaridade de ter ocorrido em épocas diferentes em cada local. Nos EUA ocorreu na década de 60. Em vários países da Europa, nos anos 70. No Brasil, a partir dos anos 80. A diferença é que, ao contrário do ocorrido lá fora, onde se buscou a atualização dos testes procurando suplantar seus pontos fracos, aqui não havia sido feito nada de muito significativo até agora.
Antes disso, nos anos 50, a psicologia havia passado por uma fase em que era vista quase como um sinônimo de avaliação psicológica. A mudança de referencial se deu por várias razões, inclusive – admitem alguns psicólogos – pelo uso inadequado desses recursos, o que suscitou muitas críticas vindas de vários setores. Essa mudança de paradigma também coincidiu com a expansão da psicologia, com o surgimento de novas áreas de atuação profissional.
Como ferramenta específica, que requer um preparo técnico especial, psicólogos como Regina Sonia Nascimento entendem que a avaliação psicológica deveria ser encarada como área de interesse específico, para a qual voltariam-se apenas os profissionais de fato resolvidos a se dedicar ao seu estudo. “Assim como alguns dentistas que nos atendem não vêem problemas em nos encaminhar para outro colega melhor preparado para alguns procedimentos, como um tratamento de canal, por exemplo, creio não haver empecilho em ocorrer algo semelhante entre os psicólogos. Que façam avaliação psicológica apenas aqueles que tenham esse preparo, essa capacitação”, argumenta Regina.

Desatualização é a regra – A capacitação para lidar com esse campo da psicologia não parece de fato algo muito simples quando se conhece a quantidade de testes psicológicos existentes, que passaram a ser registrados no Brasil a partir de 1918. Segundo João Carlos Alchieri, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no país essa quantidade está próxima dos 180 testes, embora, por conta da desatualização, ele calcula que 75% deles não estejam em uso. Sobra uma quantidade considerável, mas este é um número pequeno se comparado à realidade de países como os EUA.
João Carlos é pesquisador do Laboratório de Instrumentos de Avaliação Psicológica (Liap), pertencente ao Centro de Ciências da Saúde da Unisinos e trabalha tanto na aplicação quando na criação de novos testes, prestando assessoria a empresas e a outros colegas psicólogos. Ele explica que existem, mundo afora, várias propostas de classificação dos testes de avaliação psicológica, dependendo da natureza e do tipo de interpretação que eles suscitam, mas não se chegou até agora a um consenso. Ou a uma taxonomia, como se referem os profissionais empenhados nessa tarefa. Por enquanto, a divisão mais básica e usual fica entre os testes projetivos e os testes psicométricos.
São várias as áreas de aplicação dos testes de avaliação psicológica: clínica, organizacional, escolar, comunitária, avaliação de projetos, entre outras. Nas organizações empresariais, a forma mais conhecida de utilização desses instrumentos é no processo de seleção ou de verificação de perfil profissional. “Quem de nós nunca passou por uma experiência como essa?”, questiona João Carlos. Os testes podem ser utilizados para verificar a capacidade de raciocínio lógico, a memória visual de rostos e o raciocínio espacial, entre outras habilidades. “O perfil com o qual se procura identificar o candidato ou funcionário é definido pela empresa e não pelo psicólogo. Ao contrário do que muitos pensam, o psicólogo não tem esse poder todo para admitir ou não admitir pessoas”, relativiza João Carlos.
É preciso lembrar, também, que os testes não são os únicos recursos nas mãos dos profissionais de recursos humanos para a execução de suas atribuições. Para conseguir identificar o conjunto de características desejadas pela empresa para a atuação em determinadas funções da organização, também é possível recorrer a dinâmicas de grupo e entrevistas, por exemplo.
Dentre os instrumentos disponíveis, existem aqueles que requerem um maior desenvolvimento técnico e maior tempo de treinamento do profissional que irá aplicá-la. Assim como a análise dos resultados, que também requer muito treino. O método de Rorchach, por exemplo, é um dos que requerem muito estudo. Ensinar a técnica é uma das principais atribuições da Sociedade Brasileira de Rorchach e das sociedades regionais voltadas, exclusivamente, para este método. Só na cidade de São Paulo, há três centros que oferecem esse tipo de formação. A duração dos cursos varia de dois a quatro anos.
A psicóloga Elisabeth Montagna, da PUC-SP, explica que muitas vezes torna-se difícil a escolha do instrumento de avaliação mais adequado, em função da grande quantidade de opções. “Alguns são mais difundidos mundialmente, e por isso acabam virando referência. E por serem os mais usados, em geral, muito se publica a respeito deles.”
Existe muita coisa publicada nessa área, no mundo acadêmico. Mas Elisabeth lembra que entre ter um instrumento pesquisado na universidade até sua utilização na clínica, na escola, na organização ou seja onde for, decorre um grande espaço de tempo. “O mercado não vai até o ambiente acadêmico ver o que está sendo feito.”
Há também uma especificidade com relação às organizações: muitos testes são criados em função da demanda. Mas o certo é que todos devem seguir critérios pré-determinados para que se estabeleça sua validade. Um deles é seguir o rigor científico e usar esses testes exatamente na amostra para a qual foram criados. O rigor científico determina que haja uma adequação na escolha da amostra para o tipo de aplicação para o qual o teste foi padronizado.

Traduzindo para o “brasileiro” – Depois da aplicação dos testes, ainda há algo essencial a se considerar: o resultado em si não diz nada. E a avaliação é tão mais refinada quanto maior for a capacidade profissional de quem a utiliza. A partir da habilidade técnica, o profissional tem de ser capaz de explorar todas as hipóteses suscitadas pelos dados obtidos. Ou seja, o aprendizado vai muito além do conhecimento técnico.
Para João Carlos Alchieri, essa nova postura começa a surgir em algumas universidades. Na sua opinião, o ensino da avaliação psicológica não se resume ao conhecimento dos instrumentos e de sua forma de aplicação. É importante a técnica, mas também a postura,
a análise e as condições de
entendimento do caso. “Um grande número de universidades ainda contempla o manuseio (treinamento da aplicação) e não o processo de entendimento, aplicação e avaliação”, diz ele. E apenas o domínio técnico não esgota o conhecimento necessário para desenvolver a habilidade em fazer a melhor indicação e estar apto a escolher o método mais adequado. Por essas razões, o processo de ensino nesse campo começa a ser repensado.
Além dos instrumentos genuinamente brasileiros, uma grande parte de testes criados e utilizados fora do país acaba sendo incorporada pelos profissionais brasileiros. Antes disso, porém, torna-se necessária uma adaptação para a nossa realidade sociocultural. Um processo não muito simples. Não basta apenas traduzir a linguagem. Um exemplo bastante primário: em qualquer país, inteligência e memória são conceitos já bastante conhecidos e bem definidos. Mas instrumentos voltados para medição dessas habilidades precisam levar em conta, necessariamente, as variantes culturais. Na Inglaterra, por exemplo, a resposta para a pergunta “Quem foi o primeiro homem a cruzar o Atlântico?” é, para os ingleses, tão relativamente simples quanto seria para os brasileiros “Quem descobriu o Brasil?”, ou “Quem é Pelé?”. Em nosso país, por sua vez, a maioria de nós ignora que o primeiro a cruzar o Atlântico tenha sido o navegador Charles Lindenberg. Esse exemplo prosaico é prova do quanto não basta apenas traduzir questões para se chegar a definições de resultados nos testes de avaliação psicológica.
A necessidade de elaboração de novos testes, por outro lado, pode ser observada muito mais pronunciadamente no meio acadêmico. Em geral, essa necessidade está relacionada à tentativa de se provar determinado ponto de vista teórico. E a criação de um novo teste acaba sendo a concretização teórica das hipóteses levantadas sobre um tipo de funcionamento do psiquismo. Mas a exploração pelo mercado conta com mais um ingrediente: o interesse das editoras.
“Durante as décadas de 30 e 40, os instrumentos nasciam de uma demanda, da necessidade. Isso mudou e, hoje, pesam muito os interesses de mercado”, diz João Carlos.
Não é esse o único componente apontando para as mudanças nesse escopo. Atualmente, recursos como a informática começam a ser incorporados na elaboração de tais instrumentos e a mudar de forma bastante significativa não apenas a apresentação, mas a eficácia desses testes.
O administrador de empresas Antônio Jaroszewski Filho criou, junto com sua esposa psicóloga, uma empresa especializada em recursos humanos. A empresa é voltada, principalmente, para o redimensionamento do corpo humano das outras empresas que assessora, oferecendo testes psicométricos, de atenção e vocacionais.
O diferencial de sua empresa é agregar à elaboração dos testes o recurso da informática. “Nós fomos os primeiros a desenvolver esse tipo de trabalho para uso interno. Somamos ao teste toda a bibliografia à disposição para fazer a avaliação. Selecionamos os mesmos estímulos que foram dados ao sujeito objeto do teste, observamos as respostas dadas e cruzamos os levantamentos disponíveis no computador para dar o laudo. Mas a interpretação é por conta de quem usa os dados”, explica Antônio.
Não é o objetivo e nem sequer seria possível, mesmo com os instrumentos desenvolvidos pela informática, substituir as pessoas pelo uso do computador. O computador apenas armazena e cruza dados. “Eu mesmo, que desenvolvi os softwares, não saberia fazer a avaliação dos testes”, afirma Antônio.

Dentro das medidas – Mas, afinal, para que serve um teste psicológico? O papel e a contribuição das medidas psicológicas é o tema central de Medidas Psico & Lógicas: introdução à psicometria (Ediouro), livro da psicóloga Ethel Bauzer Medeiros, professora aposentada do Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio Vargas. No livro, ela oferece exemplos simples e claros, como a ilusão de ótica, para mostrar o quanto a percepção humana é capaz de caprichos que nos fazem cometer até os enganos mais improváveis. Ainda que a experiência pessoal e a “intuição desenvolvida” (ela afirma que vários autores sustentam a idéia e ensinam a desenvolver propositalmente a intuição) sejam de grande valor para o autoconhecimento e o conhecimento do outro, a autora defende a tese de que ambas são amplamente superadas pela mensuração psicológica. Tais medidas são construídas obedecendo ao rigor da metodologia científica que, embora também esteja sujeita a erro, “fornece descrições mais exatas e fidedignas da realidade, facilitando seu conhecimento e controle”. Devido às suas próprias características, as medidas psicológicas permitem não apenas fazer previsões, mas também calcular a sua margem de erro. São estas medidas, na opinião da autora, que tornam possível lançar um olhar ao comportamento humano, na medida do possível, livre de desvios e enganos próprios da observação não controlada. Os instrumentos tornam possível examinar, com objetividade, atributos muito claramente pré-definidos. E as informações advindas desse exame, além de imparciais e realistas, cobrem numerosas áreas da vida mental. “Ao investigar ampla variedade de atributos, (a medida) possibilita analisar predicados que de outro modo talvez não fossem apreciados e revelar outros que talvez só fôssemos perceber após longo convívio”, afirma Ethel em seu livro.
A objetividade do teste é um ideal sempre buscado, mas não se pode esquecer que na outra ponta, quando é procedida a análise dos resultados, a subjetividade humana torna-se, por sua vez, um ingrediente indispensável. “É pelo tipo de entendimento que o psicólogo tem da pessoa à sua frente que ele vai guiar o processo de avaliação. Impressões, hipóteses, a checagem de dados, enfim, é por todo esse feeling que o profissional acaba se norteando”, acrescenta João Carlos Alchieri.
O teste em si não passa de um objeto, é o meio pelo qual se faz a pesquisa, mas não tem, sozinho, o dom de produzir algo.
No dia-a-dia, algumas pessoas se esquecem disso, e conferem esse poder realizador e até de vontade a objetos inanimados. Na novela O Clone, que chamou a atenção do público com a discussão e o depoimento reais de pessoas vítimas da dependência química, Lobato, personagem do ator Osmar Prado, passou vários capítulos descrevendo sua convivência tumultuada com as drogas, referiu-se inúmeras vezes ao que a droga tinha sido capaz de fazer com ele. “Diferentemente do que muitas pessoas afirmam, a droga não é sujeito. Ainda assim, muitos lhe dão essa conotação de superioridade quando se referem a ela”, diz o psicólogo João Carlos Alchieri. Da mesma forma, os testes psicológicos também não determinam nada. São meros instrumentos ajudando a apontar aquilo que as pessoas e mais uma série de fatores intrínsecos conseguem determinar sobre ela própria naquele momento. A medição psicológica também pode confirmar uma hipótese já levantada e, assim, oferecer mais segurança ao profissional em seu entendimento.
João Carlos também tem estudado e procurado desenvolver instrumentos informatizados, tema de sua tese de doutorado. “Num primeiro momento, as pessoas imaginam testes sendo aplicados pelo computador. Mas isso não precisa ocorrer necessariamente. No Brasil temos desenvolvido bastante as correções informatizadas, isso não significa que o teste seja completamente informatizado”, ele esclarece.
Ao mesmo tempo, é preciso acordar para a realidade que essa ferramenta, a informática, já ingressou na realidade de todas as profissões. É o momento de os psicólogos começarem a se perguntar qual a validade de se aplicar testes com papel e lápis para crianças, uma geração que já nasceu clicando mouses e desenhando nas telas de computador. “A administração, assim como a psicologia, forma profissionais para atuarem em qualquer área. Mas, até o momento, a psicologia só veste a camisa da “cruz vermelha”, mas não entra na guerra. Os psicólogos precisam aprender a participar mais do contexto econômico e do crescimento do país, sem se restringir apenas à atuação paliativa”, Antônio Jaroszewski Filho opina.
O trabalho tem sido, para o homem moderno, a principal fonte tanto de satisfação pessoal quanto de angústias e frustrações. É no trabalho que passamos a maior parte de nossas vidas e a psicologia, segundo acredita Antônio, é um recurso que está sendo subutilizado. Para ele, as transformações ocorridas nas últimas décadas tornou as organizações um grande ambiente de jovens, nas quais muitos deles ocupam, hoje, postos de comando em níveis gerenciais, embora, pela pouca experiência acumulada, de forma muitas vezes bastante incompetente. Sem o agravante de não haver presente uma outra faixa etária capaz de orientar. “Não é à toa que são os jovens de 20 e poucos anos os que mais engrossam as filas dos consultórios psiquiátricos, tomando seus zolofts ou prozacs”, afirma Antônio. Há outros componentes conjunturais – ele faz a observação – que contribuem atualmente para esta realidade, como a progressiva mecanização do trabalho, responsável por reduzir a força de trabalho presente nas empresas. Se antes uma determinada função requeria o empenho de quatro trabalhadores, agora apenas um é necessário para realizá-la.
Outra crítica de Antônio é a falta de critérios para o uso da avaliação psicológica dentro das empresas. Procura-se descobrir as inadequações de um funcionário sem se levar em conta que o problema pode ter começado pela inadequação da escolha por parte do responsável pela contratação daquele profissional, que, por sua vez, também está sob uma espiral hierárquica. “Na minha opinião, a avaliação psicológica deveria começar pelo dono da empresa”, argumenta o administrador de empresas, para quem o teste funciona mais ou menos como um manual de funcionamento da pessoa, mostrando o que cada pessoa é capaz de fazer numa determinada função. Mas sem se ater a antigos estereótipos, que reduziam os profissionais a um único perfil. Imagina-se facilmente, por exemplo, que o vendedor é um profissional agressivo, além de persistente e insistente. Pode estar errado, dependendo do tipo de produto e da forma de abordagem que ele usa. Mas, em geral, não se leva em consideração que médicos precisam ter um certo grau de agressividade.
Na clínica, existem alguns casos que mais claramente indicam o uso da avaliação psicológica. Notadamente quando o sujeito que é objeto da análise não é capaz de falar por si próprio. Pode ser um adolescente, ou mesmo um adulto, que não está podendo ter clareza sobre a sua situação. Com as crianças, o profissional precisa ter em mente que ela vai para a clínica sempre por uma identificação dos pais ou, muitas vezes, da escola. O teste, nestes casos, aponta situações não explícitas. “Mas, fora isso, é um recurso extremamente rico no diagnóstico de qualquer situação”, argumenta Elisabeth Montagna.
A vantagem do instrumento é conseguir mapear as situações com muita precisão. É um recurso privilegiado, principalmente quando se busca um psicodiagnóstico diferencial, entre outras razões, para se verificar a extensão do comprometimento na organização de uma pessoa, possível de acontecer após um acidente ou após um trauma, por exemplo. Nesses casos, ela sustenta que o uso desse recurso deveria ser obrigatório. “A avaliação psicológica dá um critério externo e reassegura as hipóteses levantadas e investigadas pelo profissional”, diz Elisabeth.
Fora do Brasil não se começa nada sem o psicodiagnóstico, um instrumento que pode ser solicitado não só por psicólogos, mas por fonoaudiólogos, educadores, médicos, entre outros profissionais. Nas questões jurídicas, que começam a se tornar mais freqüentes também aqui e muitas vezes põem em cheque as competências do psicólogo, o psicodiagnóstico oferece um respaldo muito grande ao trabalho desse profissional.
Se for bem usado, o teste pode ir fundo e encurtar bastante o processo terapêutico, oferecendo respostas mais claras. Há outro indicativo de uso. É possível estabelecer, entre outras coisas, quais pessoas poderão mais facilmente se beneficiar com uma psicoterapia de abordagem breve. Como esse tipo de serviço, em geral, tem uma grande demanda, acaba poupando um bom tempo e muitos recursos, mesmo antes de se dar início a um tratamento.
A avaliação psicológica não avalia apenas as pessoas, mas sua relação com diferentes processos, do modo de trabalho e exigências de função numa empresa à forma mais adequada de ser-lhe oferecida ajuda.

Rose Campos
Conteúdo da Revista Viver Psicologia para a parceria com a RedePsi.

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