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PSYU Nº1 – Coluna NEO – Março/2000

Esse foi o primeiro artigo que recebemos de um estudante, ainda em tempo para a publicação no primeiro PSYU.

Vício Moderno
Esse foi o primeiro artigo que recebemos de um estudante, ainda em tempo para a publicação no primeiro PSYU.

Vício Moderno
Com o advento do computador, iniciou-se uma nova era, marcada por novos vocabulários e expressões como: bytes, RAM, realidade virtual e internet. A produção em grande escala e conseqüentemente o baixo preço fizeram com que o computador se tornasse uma ferramenta essencial para trabalhos. Hoje, estar adaptado a ele é uma necessidade de mercado.

Em 1969, um grupo de militares americanos conseguiu pôr em prática um antigo projeto: criar uma rede de computadores, que interligados, seriam utilizados para troca de informações durante uma guerra.

Essa rede recebeu o nome de internet, e com o passar dos anos, sua função foi se modificando. Hoje é usada para comunicação e interligação de pessoas e conhecimentos pelo mundo todo.

Como a sociedade, a internet foi se modernizando e surgiram diversos programas e utilidades. Um tipo de programa chama mais atenção por ser um dos mais utilizados: os famosos programas de “chat” ou bate-papo.

Através deste tipo de programa, pessoas no mundo inteiro conversam em tempo real, trocando idéias, problemas e sentimentos. E foi justamente por isso que ele se tornou uma faca de dois gumes, pois hoje se tornou uma mania mundial e as pessoas que utilizam não têm conhecimento dos seus riscos e perigos reais.

Diversos casos de dependentes na internet já apareceram na mídia internacional, e o que chama a atenção é a freqüente agressividade e extremidade desses casos, chegando diversas vezes a homicídios e suicídios, características mais comuns em dependentes de drogas químicas. Já existem no mundo diversas clínicas particulares que tratam exclusivamente de viciados em internet.

Tive oportunidade de realizar uma pesquisa no segundo semestre de 1998, e chegamos a resultados interessantes: diversas pessoas apresentaram vício pela rede, utilizando-a compulsivamente. Todos os componentes da amostra positiva eram adolescentes, de classe média alta. Há uma predominância do sexo masculino. Foram enviados 50 questionários, com retorno de 23, sendo 6 casos positivos.

Esse tipo de pesquisa já foi realizada por diversos psicólogos no mundo inteiro, e os resultados se assemelham aos encontrados por nós: adolescentes são mais suscetíveis ao vício.

“Através desses programas de bate-papo, os adolescentes sentem-se mais a vontade para liberarem seus impulsos sexuais, agindo da melhor maneira, que lhes convêm, sem ter medo ou receio de represálias”, afirma a Dra. Kimberley Young, psicóloga pioneira no assunto.

Através da internet, os adolescentes podem assumir “personalidades” diversas, pois manter-se-ão sempre ocultos do outro lado do monitor. E é justamente por isso que a rede vicia. Quem não gostaria de poder escolher sua fisionomia, suas qualidades e atributos físicos e intelectuais?

Os adolescente são mais suscetíveis pois encontram-se em uma fase na qual muitas vezes os hormônios, em plena atividade, não permitem que a razão se pronuncie. As constantes crises existenciais e dúvidas, aliadas ao computador, podem ser prejudiciais.

Vale ressaltar que nem todo adolescente que utiliza a internet é um viciado. Existem usuários que sabem se controlar, possuem domínio sobre o computador, e que apenas utilizam a rede para pesquisa e diversão, porém, a possibilidade de vício não pode ser descartada.

Os pais devem estar sempre atentos à quantidade de horas que seus filhos passam conectados, o que estão fazendo durante esse tempo e para que a utilizam.

No século XVI, antes mesmo que a internet fosse sequer um projeto, o pensador francês Michael Montaigne já refletia: “Assim como a lâmpada se apaga pelo excesso de óleo, e mente também se extingue pelo excesso de conhecimento”.
EDUARDO HONORATO, ESTUDANTE DE PSICOLOGIA DA ULBRA-MANAUS

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