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PSYU Nº3 – Coluna NEO – Junho/2000

A Psicologia em tempos de Cybercultura
A Psicologia em tempos de Cybercultura
Você se lembra quando imaginava como seria o mundo no ano 2000? Muito provavelmente pensava num mundo moderno, cheio de equipamentos e computadores, como o desenho “Os Jetsons”.

A informatização da vida cotidiana no novo milênio já é uma rotina para todos. Pouco importa nossa atividade, grau de instrução ou nível sócio econômico; o uso das novas tecnologias já está presente, de forma mais ou menos implícita. Basta observar o cotidiano do cidadão comum. De eletrodomésticos a brinquedos, muitos são artefatos informatizados. A maioria dos pagamentos que efetuamos são controlados por sistemas digitalizados. Podemos constatar que mesmo a pessoa avessa ao uso do computador já vive uma rotina altamente informatizada!

Hoje o computador se torna um meio de comunicação de informações e dados de diversos lugares do mundo, numa velocidade nunca antes vista. A internet, por meio da Web ligou países, aparentemente sem distinção de raça, cor e credo numa “aldeia global”.

O processo de informatização leva a um outro modo do homem se relacionar com o mundo. Ele tem de dar conta agora, de um mundo cada vez mais virtual, rápido e globalizado. Quais serão os impactos dessas novas tecnologias no homem moderno?

Alguns efeitos são logo sentidos; outros só aparecerão a longo prazo. Por exemplo, a crescente corrida da Economia para as áreas de Tecnologia, que recentemente mostrou sua força ao balançar o mercado financeiro.

No nível pessoal, isto reflete na mudança de comportamento dos usuários; na Web o sujeito pode movimentar a sua conta de banco, informar-se sobre um trabalho altamente específico ou o último capítulo da novela; pode se comunicar com amigos, conhecidos ou não.

Por todos esse motivos, logo que o usuário é apresentado à Internet, parece deslumbrar-se com o que vê. É como se uma nova vida (virtual) se apresentasse a ele. Como o homem tem reagido a isso?

Alguns reagem bem, outros não. Alguns podem ver na vida virtual a solução de todos os seus problemas. Ou encontrar-se de tal forma com a tecnologia, que depois não conseguem mais largar.

De meio de comunicação, a internet passa a ser a finalidade da existência da pessoa. Esse problema, aliado à grande quantidade de horas gastas no computador, pode configurar o uso patológico. O uso excessivo do computador é considerado patológico por acabar interferindo em outros aspectos da vida do sujeito. Esse uso pode ser de programas de chat, jogos online, cybersexo, etc.. Aos poucos o sujeito vai largando sua vida “real” e passa a “virtualizar-se” cada vez mais. Para ele a vida mediada no computador é a única que tem valor.

Os efeitos da informatização não se dão só no nível do patológico, mas também nas pessoas “normais”, que passam a ter uma parte da vida mediada pelo computador. Aparecem então os casos de infidelidade virtual; brigas por má interpretação de mensagens no mundo virtual, etc..

Diante disso, qual o papel dos psicólogos? Já é tempo de nos preocuparmos com essas questões. Qual é essa nova subjetividade? Quais fenômenos aparecem, desaparecem ou se mantém na Era da informática? Qual cultura está sendo criada?

Além do estudo desses fenômenos, ao qual temos de nos voltar, a informática nos traz novas possibilidades de atuação como psicólogos, os tão discutidos atendimentos on line. Será possível fazer terapia via internet? Será possível fornecer orientação on line? Cabe ou não ao psicólogo, o uso dessas tecnologias? Quais os motivos éticos e legais presentes nesse novo tipo de interação entre os homens?

Para estudar e discutir essas questões, foi criado um grupo na Clínica da PUC-SP. É o NPPI (Núcleo de Pesquisas de Psicologia e Informática). A proposta inicial era elaborar e cuidar da Home Page da Clínica e iniciar estudos voltados à interação da informática e psicologia.

O Núcleo é coordenado pelos professores Rosa Maria Farah e Lorival de Campos Novo e pela colaboradora Ivelise Fortim de Campos. É oferecido como um serviço da Clínica, que deve ser cursado junto com o Aprimoramento Clínico.

Hoje contamos com 8 estagiários, divididos nas seguintes tarefas: revisão dos conteúdos da Home Page; resposta aos e-mails da Clínica; pesquisa; atendimento terapêutico a pessoas com problemas relacionados a informática.

O NPPI se propõe a abrir um espaço de atendimento para qualquer pessoa que tenha algum problema emocional relacionado a informática e internet – uso patológico, pessoas que trocam a vida normal pela virtual, etc.. O atendimento é feito na própria Clínica, pessoalmente, com estagiários do Núcleo.

Esses sã os principais projetos do NPPI, mas estamos desenvolvendo outros, pois o campo de interação entre a informática e a psicologia cresce a cada dia.

O espaço é aberto aos alunos da graduação para que possamos trocar informações, projetos e até onde pudermos, orientar pesquisas nesses temas. Se você tiver interesse, venha conversar conosco.

Você pode conseguir mais informações no site: http://www.pucsp.br/~clinpsic ou pelo nosso e-mail: [email protected] .
IVELISE FORTIM DE CAMPOS, PSICÓLOGA AUXILIAR DO NPPI

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