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PSYU Nº5 – Coluna ABERTA – Setembro/2000

O Brasil tem jeito!!!
O Brasil tem jeito!!!
Atualmente, diante das cenas cada vez mais cotidianas de miséria e violência que a sociedade brasileira tem vivenciado, muitos são os profissionais e estudantes de Psicologia que, seja em suas vidas particulares ou profissionais, seja atuando em hospitais, consultórios, ONGs ou estágios, procuram soluções, sofrem com a própria impotência ou deparam-se com a complexidade das questões sociais. Na verdade, talvez este movimentonão seja exclusivo do psicólogo; certamente que todo brasileiro é envolvido por aquilo que ocorre no contexto social do país. Entretanto, sendo o psicólogo um agente de transformação, preocupado com a saúde de modo geral, é compreensível que acontecimentos como o desrespeito aos direitos humanos, aumento da violência e criminalidade (haja visto rebeliões, seqüestro no ônibus, confronto da PM com grevistas, ovo no Governador…) ou os efeitos da miséria, fome, desemprego, falta de acesso da população à Educação, impliquem em um posicionamento especial. O profissional da área psi tem se colocado algumas questões – como “o que se pode fazer?”, “o que está acontecendo?” ou ainda “quais são as implicações disso?” – a serem respondidas (e as vezes isso demora…) a partir de um olhar que privilegia a subjetividade humana e a promoção de saúde.

Assim, muitas vezes a atuação de estudantes e profissionais tem se realizado em lugares de extrema carência social e marcados por uma longa história de exclusão, como hospitais da periferia, abrigos para crianças e adolescentes, casas de detenção, hospitais psiquiátricos, entre outros, procurando expandir as possibilidades de atuação do trabalho psicológico para outros lugares sociais. Dessa forma, a imagem clássica do psicólogo dentro do consultório também é expandida para o psicólogo atuando junto à comunidade, nos locais mais inusitados (pode ser em uma sala cedida por uma igreja evangélica, em um pátio improvisado ou sala de aula).

Para quem não tem a menor idéia por onde começar a se posicionar e sente-se compromissado com a realidade do Brasil atual, um bom início é a “I Mostra Nacional de Práticas em Psicologia – Psicologia e Compromisso Social”, que justamente tem o objetivo de apresentar trabalhos e projetos, tanto de profissionais formados como de estudantes, que procuram lidar com tal realidade. Trata-se de uma (linda) iniciativa a fim de mostrar oas trabalhos que têm sido realizados na tentativa de inserção da Psicologia na construção de uma sociedade mais humana, trabalho duro e lento que caminha a passos de formiga – transformar uma sociedade exige que se caminhe assim…

A Mostra recebeu a inscrição de mais de mil trabalhos, além de ter cerca de cinco mil profissionais e estudantes inscritos. É a oportunidsade para se conhecer o que se tem feito e, de repente, inserir-se ou criar novos projetos, o que é muito bem vindo! Assim, quem sabe agente pára de dizer que “o Brasil não tem jeito mesmo!”…
JULIANA H. C. IGLÉSIAS

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