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PSYU Nº5 – Coluna FALO – Setembro/2000

REGISTRANDO POSIÇÕES
REGISTRANDO POSIÇÕES
Uma recente questão da Psicologia no Brasil tem sido bastante debatida. Depois de formados, deveríamos ter um registro de especialidades em Psicologia?

Esse registro seria apenas para aqueles formados e na verdade atestaria a especialidade conseguida por um curso ou possivelmente por tempo de prática profissional em determinada área ou linha. Muito vago? Sim, mas esse é um dos problemas hoje, discute-se: quem fará o registro (Conselhos Profissionais ou MEC), em que poderemos ser especialistas (áreas ou linhas), como o registro poderá incorporar as práticas emergentes ou novas teorias psicológicas e quem vai fiscalizá-lo.

Mas os grandes debates tem sido em torno das conseqüências desse possível registro para a Psicologia. Aqueles que são contra dizem que estamos atendendo realmente à política neoliberal, de fragmentação das áreas de conhecimento; que a formação do psicólogo deve ser generalista e que é contraditório os profissionais terem registradas especialidades; alegam que o custo de formação será maior, que engessaria a possibilidade de mudar de área e que gera uma demanda maior das instituições por especialistas.

Aqueles que são a favor dizem que as especialidades já existem – um profissional que trabalha com recursos humanos não atende em clínica um cliente com paralisia cerebral – e portanto o registro, se feito pelos Conselhos Profissionais, seria uma possibilidade de fiscalizar a qualidade dessas especializações e de responder a uma demanda de clientes que buscam o atendimento correto. Argumenta-se que criar especialidades poderia diminuir o risco de novas profissões, como psicopedagogia, fragmentando ainda mais o conhecimento. Para aqueles que defendem a criação do registro sendo este feito pelos Conselhos Profissionais, muitos dos problemas levantados poderiam ser resolvidos porque haveria abertura para modificar o registro e atender às demandas da prática profissional; sendo assim é interessante criá-lo agora, para que posteriormente não seja feito de outra forma.

São tantos argumentos que parece que estamos no início do debate, mas no final do ano, tanto o registro como sua forma de implementação já poderão ser definidos pelos Conselhos Profissionais (CRPs e CFP).

O COREP-SP (Conselho Regional dos Estudantes de Psicologia de São Paulo) ainda não se declarou a favor ou contra o registro de especialidades, mas levantou uma série de questões e preocupações. Uma delas são as conseqüências do registro para a formação na graduação: como ainda não definiram as diretrizes curriculares, essas duas discussões estão correndo em paralelo, poderia o registro enfraquecer os posicionamentos da comunidade psi? Outra questão está nas conseqüências do registro no mercado de trabalho: ele poderia configurar uma dificuldade ainda maior de o recém-formado começar a trabalhar e baixar ainda mais sua remuneração? Isso acontecendo, quais seriam os principais reflexos para o estágio?

Porém não há clareza de que o registro de especialidades possa realmente ter essas conseqüências. Sendo assim o COREP-SP optou pelo debate nesse momento como forma de se posicionar ao invés de se dizer contra ou a favor do registro, que ainda seria prematuro. Até a data de fechamento dessa edição do PSYU o COREP-SP ainda não9 havia se posicionado com relação ao assunto, assim como o C.A. Psico, Centro Acadêmico dos estudantes da PUC-SP.
ANA TERESA BONILHA

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