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Revista PSYU Nº6 – Coluna POLÊMICA – Novembro/2000

Se a concepção de cura varia entre as linhas teóricas, como se dá o processo terapêutico no paciente que faz terapia com diferentes abordagens?
Se a concepção de cura varia entre as linhas teóricas, como se dá o processo terapêutico no paciente que faz terapia com diferentes abordagens?
Desde o surgimento da Psicanálise, há 100 anos as abordagens psicoterapêuticas têm proliferado… e muito. Em 1952 Eysenck escreve um polêmico artículo onde diz que no tratamento das neuroses a remissão dos sintomas se dá com ou sem terapia (76% dos casos, segundo levantamento que fez). Na época isso foi uma verdadeira bomba e, desde então pesquisadores de diversas abordagens têm se dedicado aos estudos da validade e eficácia dos tratamentos psicoterápicos.

Nos últimos 20 anos as contrinuições têm sido muitas, estando os estudos divididos entre fatores preditivos e processos de mudança. Pessoalmente, como psicoterapeuta e pesquisadora na área, acredito que os chamados fatores inespecíficos da psicoterapia, onde se destaca a relação terapeuta/paciente ou cliente (cada abordagem tem sua nomencaltura própria) superam a técnica nos processos de mudança (eu não gosto muito da palavra cura, pois quando trabalhamos em equipes multidisciplinares – psicoterapeuta, terapeuta familiar e psiquiatra – o processo é complexo e a palavra cura também tem múltiplos significados).

O fato é que as pessoas em tratamento se reorganizam de alguma forma para dar seguimento à sua existência, e isso acontecendo – em maior ou menor grau (dependendo da psicopatologia) – podemos falar em eficácia de determinado tratamento.

Esse assunto é fascinante e, há três anos aprersentei o resultado de uma pesquisa entre terapêutas de diferentes abordagens na qual pude concluir que os aspectos significativos: empatia, tipo de linguagem, aliança, entre outros são os grandes aliados dos psicólogos. Além disso, cada paciente tem o terapeuta que merece (ou precisa) e vice-versa.
CORINNA SCHABBEL, Ph. D. – PESQUISADORA DO DEPT. PSIQUIATRIA – HC/UFMG, PSICOTERAPEUTA E PROFESSORA EM PÓS-GRADUAÇÃO
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As linhas teóricas da psicologia são tão diferentes porque têm como objeto de estudo a psique, o não mensurável e o não observável. Assim, cada um pode afirmar o que quiser, pois não há critério objetivo e empírico para o desempate, para que cheguemos a um acordo. Esse amontoado de especulações divergentes contribui para que a psicologia seja considerada uma pseudo ciência.
JOSÉ VICENTE, ALUNO DO 5º ANO DE PSICOLOGIA DA PUC-SP
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Ele pode e deve ser “curado” por qualquer uma delas. As variedades de abordagens e as diferenças entre elas não devem de modo algum afetar o propósito de promover a saúde mental do homem (quem faz a bagunça somos nós, o cara não tem nada com isso!!). E se uma delas não pode oferecer isso à pessoa, ela não pode aceitar o entendimento.

O que acontece normalmente é que todas as terapias, pelo menos as reconhecidas e até algumas que ainda não foram, podem oferecer uma resposta aos problemas do homem. Cada uma faz isso ao seu modo, muitas vezes as técnicas são as mesmas, só que trabalhadas de maneiras diferentes.

Acredito que não haja, portanto, tanta controversão assim. Até porque, por mais caleidoscópica que seja, é uma ciência que tem um propósito: estudar o homem para ajudá-lo no seu desenvolvimento pessoal.
LÍVIA K., ALUNA DO 4º ANO DE PSICOLOGIA DA UNESP-BAURU

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