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Revista PSYU Nº7 – Coluna DELPHO – Maio/2001

Escolha Profissional
Escolha Profissional
O homem é um ser que deseja ser completo e vale-se de diversos subterfúgios para acreditar que isso é possível. Assim, vive querendo realizar seus desejos, mas se depara com o fato de que também é um ser dúbio e possui desejos díspares, e desejos contraditórios podem levar ao recalque de um deles. Porém, sabemos que esse desejo recalcado não deixa de influenciar o indivíduo em suas ações.

Mesmo que não se dê conta de por que faz certas coisas, o indivíduo ainda atua em função desse desejo. A análise pessoal termina por revelar o que está recalcado e, segundo Freud, são três as possibilidades de destino para o desejo: a recusa consciente, onde o indivíduo nega esse desejo e sua influência, podendo agora arcar efetivamente com o ônus; aceitar conscientemente o desejo e tentar realizá-lo; e sublimá-lo, ou seja, desviá-lo para outro objeto de realização.

Uma das principais armas do indivíduo na luta contra o sofrimento gerado pelo recalque é a sublimação. Nela o indivíduo pode realizar seus desejos de forma que se mantenha satisfeito com suas premissas morais e que não recaia em sofrimento. Um dos meios onde se é mais visível a sublimação é nas escolhas profissionais.

As escolhas que cada um faz, dizem respeito aos seus desejos pessoais, moldados por vidas próprias e muitas dessas escolhas são dadas por desejos sublimados. Um exemplo clássico é o médico cirurgião que ao mesmo tempo em que realiza um desejo sádico mutilando e abrindo pessoas, salva suas vidas.
IVAN ESTEVÃO, PSICANÁLISE
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Durante toda nossa história de vida estamos sendo influenciados, com todas as nossas possibilidades de contato com o meio, sobre o mundo profissional. Não são apenas momentos, mas sim uma confluência de contextos, tais como os familiares que nos deram ou não suporte, mostrando as possíveis conseqüências positivas ou negativas de algumas profissões, os amigos, os professores, etc..

Situações cotidianas também fazem parte dessa escolha, com possíveis semelhanças de situações, reforçadoras ou mesmo punitivas as quais vislumbramos almejar ou não, vivenciar no trabalho ou por meio dele. A questão financeira se suporta mais no “que poderemos alcançar por meio dele”, a questão do chamado status pode ser referenciada ao que poderemos “controlar com ele”, outros são mais sensíveis ao “o que realmente poderei fazer com ele”, enquanto alguns são mais ao reforço social obtido. Poderíamos aqui ficar categorizando infinitas variáveis que de alguma forma influenciam essa decisão.

Para finalizar, uma crítica à reportagem do jornal Folha de S. Paulo sobre a “soberania” do caráter genético para escolha profissional. Uma família pode ter mais de 5 gerações sendo todos médicos (e bem sucedidos), o poder de controle do meio é muito mais direcionador que “alguns traços genéticos”; estes podem sim guiar algumas potencialidades de estimulações ambientais, possibilitando maior ou menor probabilidade de reforço. Sendo assim, qualquer que seja nossa escolha, esta possui suas variáveis de controle e, talvez, quanto mais soubermos delas melhores serão nossas possibilidades de análise e mudanças. Boa “escolha”!
WAGNER MOHALLEM, ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
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“Bater à porta errada costuma resultar em descoberta.”
Carlos Drummond de Andrade

Escolher uma profissão é estabelecer um projeto de vida, ou ao menos determinar um caminho a ser trilhado. Como tudo que se inicia, pouco se sabe do que ainda está por vir. Tentamos, entretanto, antever o que nos aguarda. Esforço vão por um lado, necessário por outro. Vão porque o universo de possibilidades vai muito mais além do que nossa visão, num dado momento, dá conta de enxergar; necessário porque é esse vislumbre que nos guia e nos impulsiona a escolher uma coisa e não outra.

Muitas vezes acreditamos na plenitude de nossa escolha e vivemos no sentido de garantir o seu êxito, o que pessoalmente consideramos êxito. Por outro lado, estamos completamente sujeitos aos descaminhos que o viver nos impõe e inevitavelmente se revela frágil e vulnerável ao tempo.

Assim, não há garantia de que o que escolhemos hoje corresponda aos nossos anseios de amanhã. Isso marca o caráter indefinido do nosso existir. Nenhuma escolha é, portanto, errada, pois é só a partir da vivência do que foi escolhido que diversas outras possibilidades podem ser descobertas e outros caminhos podem ser trilhados.
THAIS ROLDAN, FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL

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