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Revista PSYU Nº7 – Coluna POLÊMICA – Maio/2001

A prática de Recursos Humanos: a serviço de quem?
A prática de Recursos Humanos: a serviço de quem?
Sempre que estou estudando matérias relacionadas, pergunto-me: qual é o nosso papel? Sempre fica o questionamento se poderemos ou não realizar o que sonhamos. Quem irá nos pagar? Meu questionamento vai e vem… Então penso nos pontos positivos de uma empresa manter um psicólogo dentro de suas repartições. Será que os empresários são tão bons e andam dando tanto valor aos funcionários? Ou será que se descobriu que toda a política de relacionamento deixa o funcionário mais tranqüilo e, conseqüentemente, trabalhará de forma mais eficiente e produtiva? E cabe a nós avaliarmos quem nós (pagos) privilegiaríamos em algum posicionamento.

Termino essa breve resposta com a devolutiva… A quem nós iremos servir se estivermos dentro de uma instituição?
JOICE PACHECO – ACEjlle
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O local em que trabalho dá um direcionamento ótimo ao setor de RH! Suas Unidades de Desenvolvimento e Administração Estratégica possuem Sistemas Integrados de Avaliação de Desempenho, Medicina e Saúde Ocupacional e ainda Grupos de Trabalho de Qualidade de Vida e Bem-Estar Empresarial, e conta ainda, com o trabalho de ótimos profissionais que lidam com essas áreas (especialmente psicólogos). As outras áreas do RH das 40 Unidades de Pesquisa possuem também Headhunters excelentes, e ainda um sistema “job rotation” bastante eficaz!

As empresas têm que buscar iniciativas criativas para poder lidar com a crescente demanda de profissionais qualificados, mas não só isso. É preciso promover continuamente a sinergia e motivação junto aos Colaboradores da organização.

Acho que nasce daí, um excelente campo de trabalho para nós, futuros ou já profissionais da área.
FERNANDO MIRANDA
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Não apenas a questão do RH, como muitas outras questões, poderiam estar vinculadas à pergunta formulada dentro de todas as áreas da psicologia. E, para isso, se a opção fosse a de uma resposta em vertentes nietzschianas, a psicologia estaria em maus lençóis. Mais do que criadora de valores, a psicologia é ‘escrava’ de demandas das mais diversas. O RH espelha isso num viés um tanto radical.

O psicólogo passa a inserir-se produtivamente num plano de valores que é agregado a um modo de produção que conhecemos muito bem. A questão da seleção passa a ser como preconizam aqueles que não sabem que Herbert Spencer já foi muito criticado por seu darwinismo social. Ou ainda, nas áreas do comportamento nas organizações, a questão de um ‘sujeito’ que consolidaria os valores – e as condutas – dentro de uma prática que conceitualmente possui no mínimo uma crítica às filosofias do sujeito.

O psicólogo de RH não institui, é instituído. Não parece criar novas vias, e quando as cria, acaba caindo na armadilha do ‘aperfeiçoamento’ da máquina micro-fascista. A questão é ética, e séria, pois o poder de um conceito é medido por seus efeitos. E determinados conceitos não podem ser aflorados por outros pré-conceitos. Da mesma forma, não parece ser possível ‘minar’ o contexto do RH. Pois seriam criticados os procedimentos – como se faz com qualquer espécie de hipótese repressiva – sem, no entanto, criticar-se o próprio contexto.

“Toda a psicologia se deteve até agora com preconceitos e receios morais: ela não ousou aventurar-se nas profundezas. (…) A força dos preconceitos morais penetrou profundamente no mundo mais intelectual, aparentemente mais frio, mais desprovido de pressupostos – e, vai daí, em influência teve os efeitos mais perniciosos porque o entravou e desnaturou. Uma psicofisiologia verdadeira tem de lutar contra as resistências inconscientes no coração do investigador, tem contra ela o coração. (…) Talvez tenhamos de esmagar e pulverizar o que nos resta de moralidade, aventurando-nos nestas paragens – mas o que importa a nossa pessoa! Nunca, aos olhos de viajantes intrépidos e aventureiros, se revelou mundo mais profundo de intuição. E o psicólogo que assim faz sacrifícios – não se trata do sacrifizio Del intellecto, pelo contrário! – terá pelo menos o direito de pedir em troca que a psicologia seja proclamada de novo rainha das ciências, para cujo serviço e preparação existem as outras ciências. Porque a psicologia voltou a ser a via que conduz aos problemas fundamentais.” (Nietzche – Para Além do Bem e do Mal, Guimarães e C.ª Editores.)

Aforismo 23 – “Mas vejam-se os elementos! São em geral os mais refinados insatisfeitos, que por si mesmos não chegam a nenhuma grande alegria: (…) o erudito, médico, comerciante ou funcionário, que se recolheu cedo demais no particular e nunca concedeu pleno curso à sua natureza inteira, mas em compensação faz seu trabalho, de resto competente, com um verme no coração; enfim, todos os artistas incompletos – estes são agora os ainda verdadeiramente necessitados de arte!” (Nietzche – Humano, Demasiado Humano, § 169.)
BERNARDO RIEUX

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