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Transtornos Alimentares na adolescência: Bulimia Nervosa

Por Cybelle Weinberg

Como a Anorexia Nervosa, a Bulimia é uma doença que afeta principalmente as mulheres, especialmente as adolescentes. Até alguns atrás, seu pico de incidência ocorria entre os 16 e 19 anos, porém ultimamente seu início tem sido cada vez mais precocemente, ocorrendo em meninas de até 13 anos de idade.

Como a Anorexia Nervosa, a Bulimia é uma doença que afeta principalmente as mulheres, especialmente as adolescentes. Até alguns atrás, seu pico de incidência ocorria entre os 16 e 19 anos, porém ultimamente seu início tem sido cada vez mais precocemente, ocorrendo em meninas de até 13 anos de idade.

A Bulimia Nervosa se caracteriza pela conduta de comer grandes quantidades de comida em um breve período de tempo, seguida de comportamentos purgativos como vômitos, uso de laxantes, diuréticos, acompanhados de um grande sentimento de culpa e vergonha. Justamente por isso, pacientes com esse tipo de transtorno escondem seus hábitos por anos a fio. Como conseguem manter seu peso e manter em segredo suas práticas compensatórias, os amigos e familiares, na maioria das vezes, sequer desconfiam do drama que elas vivem.

O termo bulimia deriva do grego bous (boi) e limos (fome) e dá uma noção exata do tamanho do apetite dessa pessoa. Quem nunca ouviu alguém dizer que está com tanta fome que comeria um boi? A diferença é que usamos essa expressão metafóricamente e quem sofre de bulimia realmente é capaz de comer quantidades absurdas, rapidamente e de forma indiscriminada, misturando doces, salgados, congelados, refrigerantes e o que encontrar pela frente, até não poder mais.

O medo de engordar, depois desse consumo exagerado de calorias, leva a um sofrimento atroz. Sofrimento, este, também decorrente do fracasso experimentado dia após dia por ter sucumbido à tentação. Pois, diferentemente da anoréxica, que consegue manter sua promessa de “nunca comer”, a bulímica não resiste. Aliás, esse é o pesadelo da anoréxica, começar a comer e não conseguir parar mais – daí não poder comer nada. Daí, também, o ar de vitória e orgulho exibido pela anoréxica e o temor da bulímica de ser descoberta nos seus ataques de comilança.

Em ambos os casos, no entanto, podemos pensar no sentido que o comer tomou em nossos dias. Para ambas, o prazer da comida está proibido. A anoréxica resiste e, na fala de uma delas, “sente-se purificada” quando se controla. A bulímica não resiste, cai em tentação, e em seguida usa métodos purgativos “para se limpar”. Em ambos os casos o prazer ou está impedido ou precisa ser purgado.

Deixando por um momento de lado as explicações psicanalíticas e passando para o plano cultural, o que pensar de uma sociedade que libera o sexo e reprime a alimentação? Não causa estranhamento que pessoas falem publicamente sobre sua vida sexual e comam escondido? Ou que, à mesa, como ouvi outro dia em um jantar bastante cerimonioso, os presentes contassem piadas que fariam nossas avós cairem das cadeiras e se desculpassem por comer uma fatia a mais de pudim? A repressão, me parece, deixou a cama e se instalou na mesa de jantar.

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