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Desamparo Aprendido: uma porta de entrada para o Transtorno do Pânico

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Este estudo vem apontar uma relação entre dois fenômenos comportamentais como o Desamparo Aprendido e o Transtorno do Pânico, a partir de três pontos: ansiedade, falta de controle sobre o meio e depressão. Pelo viés do Behaviorismo, pode-se constatar que o Desamparo Aprendido é uma condição que pode propiciar o aparecimento do Transtorno do Pânico.


Lina Ruiz
Marina Guimarães
Maria clara Vasconcelos
Raquel Guimarães Rego
Zilda D’Angelis Costa

As discussões sobre Transtorno do Pânico e Desamparo Aprendido vem tomando maiores proporções nos últimos anos, uma vez que ambos se sustentam na relação entre o sujeito e o meio. Essa relação, uma vez modificada, implica em transformações na maneira como o sujeito se comporta em seu ambiente. E isso é o que tem ocorrido na população, na qual permeiam problemas que acometem tanto o Transtorno do Pânico quanto o Desamparo Aprendido.
O Desamparo Aprendido (D.A), conforme Ito (1999), foi introduzido como um modelo animal de depressão descoberto por Seligman em 1975 e que, a princípio, investigava as interações entre contingências respondentes e operantes. A associação do desamparo com a depressão possibilitou investigá-lo no homem, analisando também em que medida aquele se assemelha à depressão humana.
Tendo em vista o estudo de Hunziker (1997), o Desamparo Aprendido caracteriza-se por um quadro resultante da exposição a situações de eventos incontroláveis que dificultam a aquisição de aprendizagens operantes subsequentes.
Esses eventos incontroláveis são, via de regra, estímulos aversivos cuja ocorrência independe do comportamento do sujeito. Maiores latências das respostas de fuga/esquiva, ou a não aprendizagem dessas respostas, leva-se ao que chamamos de desamparo. Essa experiência com estímulos aversivos incontroláveis tem como principal efeito a transformação do sujeito “agente” em menos ativo – inatividade esta que pode ser aprendida através de contingências acidentais supostamente presentes na condição de incontrolabilidade. Essa falta de controle dos estímulos vem sendo apresentada como a variável crítica para a ocorrência desse comportamento passivo, uma vez que não se observa a dificuldade de aprendizagem pelos sujeitos expostos aos choques controláveis.

Os sujeitos são sensíveis às contingências incontroláveis, e aprendem que nada podem fazer frente a tais situações. Isto acarreta déficits cognitivos e motivacionais, que levam os indivíduos a apresentarem uma sintomatologia semelhante às depressões reativas. Assim sendo, o Desamparo Aprendido se apresenta como um modelo animal para a depressão. (Ito, 1999)

Através de experiências particularmente frustrantes ou traumáticas, uma pessoa poderia aprender que seus comportamentos são insuficientes ou inúteis para mudar ou controlar os fenômenos a que se vê exposto. De acordo com Seligman, Baldwin (1986) irá dizer que tal estado de desamparo levaria a pessoa à desmotivação, passividade, falta de agressividade, deficiências sociais e sexuais e apatia geral.
Alguns experimentos discutidos por Holmes (1939), foram essenciais na demonstração de como ocorrem esses quadros de apatia nos sujeitos, mediante as contingências a que são expostos. Inicialmente, Maier em 1969 desenvolveu o seguinte experimento: três grupo de cães foram colocados em Jaulas. O primeiro grupo foi submetido a choques incontroláveis aos quais reagiram, a princípio, com latidos, arranhões e movimentação intensa; e após um tempo, mostraram um comportamento de desmotivação, suportando o estímulo aversivo. O segundo grupo foi submetido a choques pelo mesmo período de tempo que o primeiro grupo porém, com a possibilidade de os cães controlarem o choque através de uma barra na qual tinham que pular para extinguirem o estímulo aversivo. Nesse grupo o aprendizado foi rápido. O terceiro grupo não foi submetido ao choque, ou seja, não precisariam aprender a resposta de esquiva. Um dia após, os três grupos foram inseridos num mesmo ambiente com possibilidade de escape do choque; tanto o 2º quanto o 3º grupo de cães escaparam em pouco tempo deste e de uma maneira satisfatória. Já o 1º, apesar da maioria ter agido da mesmo forma, não esquivando, alguns deles escaparam, sem associar o seu comportamento à ausência de choque.
Holmes ainda discute a experiëncia de Hiroto que em 1974, seguindo esse mesmo modelo, submeteu três grupos de estudantes à três distintas circunstâncias: o 1º grupo foi exposto a ruídos aversivos incontroláveis; o 2º a ruídos aversivos intensos que podiam ser suspensos apertando um botão; e por último, o 3º grupo não foi submetido a esses ruídos. Sendo colocados em situação de teste, com possibilidade de controle do estímulo através de uma alavanca, percebeu-se que não houve um bom desempenho do primeiro grupo. Em contrapartida, o desempenho do 2º e 3º grupos foi excelente e bem rápido.
A partir desses pontos de vista, alguns autores e pesquisadores consideram esse termo “desamparo aprendido” insuficiente, preferindo optar pela definição de “Inatividade Aprendida”. Baldwin (1986) vem contribuir apresentando alguns exemplos de desamparo aprendido em humanos como a questão das prostitutas analisadas por Pines e Silbert em 1981 que após um repertório cheio de contingência aversivas (abuso sexual, violência doméstica pelos gigolôs e amantes); acabavam se sentindo desamparadas, sem estímulo, passivas. Além desse, há o caso dos escravos e crianças espancadas pelos pais. Ou seja, independentemente da forma que se interprete o tipo de resposta que será ou não emitida, a questão primordial aqui proposta gira em torno da incontrolabilidade do meio em que o sujeito está inserido.
Quanto ao Transtorno do Pânico, caracteriza-se por breves períodos de ansiedade excepcionalmente intensa. É um quadro clínico no qual ocorrem crises agudas de ansiedade, sem que haja um estímulo disparador compatível com a intensidade das crises. Essas crises desencadeiam diversas respostas, que variam de sintomas somáticos a sentimento de morte e/ou perda de controle.
Uma vez que a ansiedade está estreitamente relacionada com o transtorno do pânico, se faz necessário defini-la. Segundo Barlow (1999) e Holmes (1939), a ansiedade é um estado de desassossego e agitação, sendo uma manifestação fundamentalmente afetiva. É uma vivência de um estado particular de cada sujeito, diante de uma situação. Ela é adaptativa, ou seja, em muitos casos ajuda a enfrentar exigências concretas da vida, dando a motivação suficiente para fazer o que é necessário. Quando a ansiedade deixa de ser motivadora de mudanças, ela se converte em um problema que só provoca respostas de recusa ou de inibição, fazendo com que as pessoas se mantenham em permanente alerta. Em algumas ocasiões, ela pode provocar certa paralisação.
David Barlow (1999) propõe que o TPA pode ser dividido em três níveis: o mais leve, caracterizado pelo indivíduo que sente medo e insegurança de enfrentar certas situações, mas enfrenta tomando precações. Exemplo: vai ao cinema, mas se senta perto do corredor; o moderado, caracterizado pelo medo e insegurança de enfrentar situações cotidianas. Exemplo: pessoa que só dirige acompanhada; e o grave que refere-se ao quadro em que o indivíduo é incapaz de deixar sua casa.
As primeiras evidências desse transtorno datam de 1871, quando Jacob Méndez Dacosta, em sua prática hospitalar, denominou a ansiedade como enfermidade de Coração Irritável, devido à taquicardia que se produzia quando a crise era iniciada. Logo surgiram mais investigações e, ao longo dos tempos, foram sendo descobertas distintas causas e relações que podem desencadear e, por sua vez, solucionar ou amenizar os efeitos dessa enfermidade tão complexa.
Por volta dos anos 40, depois da Segunda Guerra Mundial, começou a se utilizar com maior freqüência o termo ansiedade, que mais adiante se entenderia no cotidiano como “estresse”. O estresse nada mais é do que a resposta que o organismo dá diante de qualquer estímulo que lhe ofereça uma ameaça.
No DSM-IV (2002) são apontados 14 sintomas que podem aparecer na crise, falta de ar (dispnéia), sufocamento, palpitação ou taquicardia, dor no peito, sudorese, sensação de desmaio, vertigem (tontura, sentimentos instáveis), náusea ou desconforto abdominal; despersonalização ou fantasia, insensibilidade ou formigamento, calafrio, tremores, medo de morrer e medo de enlouquecer . No mínimo 4 desses sintomas devem ser constatados para um diagnóstico correto. É importante ressaltar que diferentes indivíduos podem relatar diferentes combinações de sintomas e uma pessoa que tem crises de pânico pode relatar diferentes sintomas para cada crise.
Vale ressaltar que o Ataque de Pânico (AP), ao contrário do que se pensa popularmente, é diferente do TP, já que ter um Ataque de Pânico não é suficiente para representar os fenômenos que ocorrem no TP. Esse AP está freqüentemente associado a um impulso para a fuga, já que ele está relacionado com percepções de perigo ou de ameaça e, muitas vezes, associado com a atividade acelerada do sistema nervoso autônomo. Apesar disto, as características acima não estão na totalidade das ocorrências do ataque; isto porque o medo, na ausência de excitação real, reflete uma ansiedade antecipatória e não que se contrapõe ao pânico verdadeiro. Por exemplo, uma pessoa que não consegue dormir porque fica pensando em problemas que podem ocorrer futuramente em sua vida e, conseqüentemente, sente sintomas como coração acelerado, sudorese e tontura, não está apresentando TP, já que ela encontra-se preocupada com problemas e não com a ocorrência do pânico. Pode-se dizer então que esta pessoa está sofrendo um AP generalizado.
Esta característica de fuga pode não ocorrer, porque ao perceber uma situação ameaçadora, podem surgir sinais de segurança ou exigências situcionais que a impedem de fugir. Um claro exemplo deste tipo de situação é um sujeito que está andando na rua e observa um indivíduo mal vestido e sujo, apesar dele ter vontade de correr e se esconder, não o faz, porque ao olhar para frente, vê um guarda na esquina.
Assim, o Transtorno de Pânico surge a partir do primeiro AP relacionado com estressores vitais, vulnerabilidade fisiológica e psicológica que podem ser vulnerabilidade fisiológica; estressores vitais (acontecimentos estressantes à época do primeiro Ataque de Pânico que eleva a excitação tanto nos níveis fisiológicos quanto cognitivos, causando apreensão sobre as sensações corporais; vulnerabilidade psicológica se traduz segundo Barlow (1999) por um “conjunto de crenças sobrecarregadas de perigo sobre sensações corporais e sobre o mundo em geral.”
O sistema de “alerta” normal do organismo, conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça, tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente. Algumas pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores que são responsáveis pela comunicação que ocorre entre os neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: andar, pensar, memorizar, etc). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos. Isto é exatamente o que ocorre em uma crise de pânico. Existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe. É como se o individuo tivesse um despertador que passa a tocar o alarme em horas totalmente inapropriadas. No caso do Transtorno do Pânico os neurotransmissores que se encontram em desequilíbrio são: a serotonina e a noradrenalina.
Mineiro (2001) propõe uma causa relacionada à transmissão genética, ligada ao cromossomo número 15, no qual haveriam mutações em certos genes. Isso acarretaria num desequilíbrio químico dos neurotransmissores que seriam responsáveis por disparos indevidos das amígdalas, resultando assim, num ataque de pânico. Esta teoria, no entanto, ainda vem sendo estudada.
Segundo Skinner (1970), controle (o primeiro ponto comum) seria ter certeza de que ao emitir determinado comportamento será desencadeada uma seqüência previsível de estímulo-resposta. A partir de um certo estímulo interno ou externo, pode-se agir de tal forma que efeitos específicos e previsíveis poderão ser realizados e/ou percebidos no ambiente. Esse controle permite que os comportamentos do sujeito sejam selecionados da forma mais adequada a partir de novos estímulos.
Quando não há esse controle do meio (incontrolabilidade), o sujeito se vê como incapaz de realizar ações que resultem no término dos estímulos aversivos e acaba ficando desmotivado em tentar emitir comportamentos que gerem as conseqüências esperadas. Dessa forma ele pode fugir ou se esquivar da situação que ofereça tais estímulos, sendo fuga e esquiva uma forma de controle. Não havendo, entretanto como emitir esses comportamentos, o sujeito se paralisa diante do estímulo aversivo.
Um bom exemplo para ilustrar essa situação de incontrolabilidade, seria um garoto que, por saber da existência de cães no quarteirão acima de sua casa, evita fazer este trajeto. Porém, obrigado por sua mãe a passar pela rua dos cachorros, se depara com eles, ficando paralisado diante deste estímulo que para ele era aversivos.
O segundo aspecto a ser focado é a ansiedade que para o behaviorismo traduz-se pelo “medo de ter medo” , ou seja, temer as conseqüências de certos comportamentos antes mesmo que ele ocorra. Esse sentimento de ansiedade que precede certa situação pode ser observado no corpo, através do aumento de sudorese, da pressão sanguínea e do estado de alerta em que a pessoa se coloca. O temor às conseqüências de determinadas ações, faz com que o sujeito fuja ou se esquive dos estímulos que a possam causar. A partir disso, pode haver uma generalização de estímulos de modo que o indivíduo se torne apático e, consequentemente, passível de entrar num quadro depressivo. É válido apresentar aqui um outro caso para exemplificar como se desencadeia essa ansiedade. Uma senhora fazia compras no maior shopping da cidade. De repente, em meio ao calor e ao grande movimento na praça de alimentação, ela sentiu-se mal e desmaiou. Dias depois, foi convidada a ir ao mesmo lugar; porém diante da possibilidade de voltar àquele ambiente (cheio e quente) sente-se ansiosa por medo de ocorrer novamente o desmaio.
O terceiro item que merece ser discutido trata-se da depressão que representa um comportamento aprendido estabelecido dentre outros fatores, por baixos níveis de gratificação (reforço) e/ou altos níveis de punição que partem do próprio sujeito ou do ambiente. A privação de reforços positivos impede que o sujeito desenvolva toda a capacidade adaptativa que predispõe ao nascer e persista (emitindo comportamentos diferentes ou aumentando a freqüência desses) diante de diversas situações fracassadas.
Além desses fatores, outros alteram o estado de ânimo ao longo dos anos , na qual, em alguns dias o sujeito encontra-se com níveis de ansiedade suficientes para uma motivação e em outros dias, há uma queda nesses níveis, resultando num comportamento mais apático.
Entretanto, quando essa ansiedade atinge níveis muito elevados ou estritamente baixos, o sujeito torna-se altamente vulnerável; o que implica numa perda do controle que este exerce sobre si ou sobre o ambiente. Assim, tanto o D.A quanto o T.P apresentam uma variação de humor e implicam, necessariamente, numa falta de reação diante dos estímulos aversivos já condicionados. Diante de um estímulo aversivo, por exemplo, o organismo geralmente tende a reagir, emitindo comportamentos que gerem conseqüências reforçadas pelo término do estímulo aversivo. Assim, estabelece-se a cadeia S-R-C (estímulo-resposta-consequência).
No entanto, como acontecem nesses fenômenos (D.A e T.P), pode ocorrer uma incontrolabilidade do meio, na medida em que, diante dos mesmos estímulos aversivos, os comportamentos do indivíduo não produzem conseqüências positivas, ou seja, conseqüências que consistam no término dos referidos estímulos. Dessa forma, os estímulos aversivos do meio tornam-se não-contingentes ao comportamento do sujeito, pois não importa o que ele faça, os estímulos não cessam. Isso acarreta num quadro de desamparo, de inatividade e apatia, que pode ser visto como um tipo de depressão.
O desamparo aprendido conforme já foi discutido, não se manifesta por crises – é um estado, visto ser estabelecido por um processo em que o sujeito aprende que suas ações são não-contingentes aos efeitos do meio. O sujeito, ao nascer, passa a receber estímulos constantes do meio – tanto biológicos quanto exteriores ao corpo do indivíduo – e, diante de tais estímulos, passa a responder a eles, gerando conseqüências que modificam o meio e influenciam seu comportamento futuro.
Já o T.P como foi visto, é um quadro clínico caracterizado por crises agudas de ansiedade que desencadeiam sentimento de morte ou perda de controle. Esses sentimentos são seguidos por sintomas como falta de ar, taquicardia, desmaio, dentre outros. Esse transtorno provém de causas fisiológicas (genética e disfunção aos neurotransmissores) e psicológicas (estressores e vulnerabilidade psíquica), associadas ao primeiro ataque de pânico.
Nota-se que além da variação dos níveis de ansiedade, há também um déficit no aprendizado da capacidade adaptativa do sujeito, ao longo da vida, diante de situações aversivas. Em vista disso, uma pessoa que apresenta o D.A estaria mais susceptível a ter ataques de pânico, a partir do seguinte raciocínio: diante da incidência de um estímulo completamente novo (estressor), o sujeito tenta reagir. Isso faz com que haja um aumento nos níveis de ansiedade, e, por alguns segundos, esse indivíduo saia do estado de desamparo já estabelecido a partir de contingências anteriores de emitir comportamentos que não são eficazes. Passada a crise, a ansiedade diminui e, reforçada a falta de controle do sujeito sobre ele e o ambiente, agrava-se o quadro de desmotivação, de passividade, de depressão. A depressão implica numa idéia de fragilidade da integridade física e psíquica do sujeito, podendo ser tanto causa como conseqüência dos dois quadros aqui tratados; devido ao que se discutiu anteriormente.
Enfim, através de um aprofundamento no estudo do D.A. e do T.P., foi possível perceber que ambos os fenômenos partem de uma variação no processo de modelagem do comportamento que estabelece as cadeias estímulo-resposta, através das quais o sujeito determina sua forma de lidar com as diversas situações que vão surgindo. É a falta dessa capacidade adaptativa de discriminar um estímulo e emitir uma determinada resposta de acordo com a exigência contingencial (extinguir um estímulo aversivo), que pode desencadear o D.A e o T.P.
Além disso, pôde-se observar que ambos fenômenos se relacionam pela variação dos níveis de ansiedade, pelo não controle interno (biológico) e/ou externo, e por ter a depressão como conseqüência ou até mesmo uma possível causa dos quadros.
Essa abordagem fez-se essencial para analisar o quanto é importante o processo de aprendizagem pelo qual o indivíduo passa ao longo da vida. Pois é a partir daí que se forma a estrutura psíquica e se define como se desenvolverá o repertório de comportamentos diante das mais variadas contingências (aversivas ou não). Essa não capacidade de adaptação e/ou dificuldade de enfrentamento de novos problemas, já discutida, é que favorece o aparecimento do Desamparo Aprendido, do Transtorno do Pânico e de inúmeros outros quadros graves que ameaçam a vida do homem.
Pode-se dizer então, que o desamparo aprendido seria um processo que é estabelecido, no decorrer da história de vida, enquanto o ataque seria um fator que reforça o sentimento de impotência do sujeito diante da falta de controle sobre o meio (seja ele interno ou externo) e contribui para a permanência do quadro de depressão e o surgimento do Transtorno do Pânico. Dessa forma pode-se demonstrar que o D.A é uma possível porta de entrada para o T.P, já que o sujeito desamparado ou vulnerável psíquicamente apresenta um quadro emocional propício ao surgimento desse transtorno.
Ainda que a teoria Behaviorista tenha sido um bom suporte no decorrer do presente trabalho, houve algumas questões pertinentes. Apesar da relação estabelecida, em que ponto exatamente do Desamparo Aprendido pode surgir o Transtorno? Dessa forma, seria possível desenvolver em laboratório uma condição propicia ao aparecimento do Transtorno do Pânico? Posteriormente, se vierem a realizar pesquisas sobre este assunto, essas dúvidas propiciarão um melhor entendimento e tratamento do próprio transtorno que acomete milhares de pessoas.


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