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O paciente que apresenta comportamentos depressivos e o abandono do tratamento psicoterápico

Objetiva-se apresentar o caso clínico de um paciente encaminhado com o diagnóstico de depressão que fazia tratamento medicamentoso há dez anos. O paciente relacionava a queixa à própria situação financeira como um eliciador principal dos sintomas depressivos apresentados, além da falta de um relacionamento amoroso, dificuldade para admitir sua homossexualidade, conflitos na relação familiar e outros categorizados como ansiógenos, como, por exemplo, desejar que eventos reforçadores acontecessem rapidamente. Foram realizados um total de doze sessões com o paciente que já havia atingido o limite de faltas para a permanência no programa de atendimento da clínica-escola. Foram aplicados inventários para a avaliação do grau de depressão e de ansiedade apresentados pelo paciente que resultaram em níveis moderados, além da análise funcional inicial realizada para o delineamento da linha de base dos comportamentos problemas e planejamento das intervenções que apontou comportame! ntos de isolamento social e agressividade estavam contingenciados por não serem reforçados no âmbito profissional. A partir da quarta sessão, o paciente passou a apresentar comportamentos de atraso para o atendimento que variavam entre quinze a trinta e cinco minutos, observando-se a partir destas sessões que o paciente passou a discriminar formas assertivas de se comportar como neste contexto, mesmo quando seus objetivos não eram atingidos, discriminando outros reforçadores. Na discussão dos mesmos, o paciente relatou apresentar dificuldade em analisar essas situações em seu contexto de vida diária, exceto no momento do atendimento psicoterápico. Foi proposto um registro desses eventos bem como dos comportamentos frente aos mesmos, fossem eles encobertos ou não. O paciente se negou a fazer a atividade e desistiu do tratamento referindo não se ater para os reforçadores presentes em seu dia-a-dia. Associa-se que após as intervenções realizadas que tiveram o objetivo que o pacie! nte discriminasse alterações em seus comportamentos emitidos na relação terapeuta-cliente, o mesmo passou a emitir comportamentos de fuga frente às tarefas solicitadas e orientações realizadas pela terapeuta no tocante à manipulação de variáveis ambientais que contingenciavam seu comportamento Observou-se que após o paciente discriminar que passou a apresentar repertórios que não eliciavam ou mantinham respostas depressivas e que poderia através da terapia modificar a forma de avaliar as contingências, o mesmo abandonou o tratamento. Hipotetiza-se que com este processo, o paciente na apresentação de algumas auto-regras, perdesse reforçadores como, ser mantido financeiramente por seus familiares e temesse conflitos nestas relações ao enfrentar à sua orientação sexual, além de sua expectativa inicial de ter alguém que apenas escutasse suas queixas.

Autores: CAMILA MEDEIROS DE ALBUQUERQUE ROSANA RIGHETTO DIAS (0)

Instituição: UNIARARAS E CIPED-UNICAMP

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