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Utilização do Paradigma de Equivalência de Estímulos para Modificar Preferência por Alimentos

O presente estudo teve como objetivo avaliar a transferência de
propriedades de estímulos significativos – retratos de faces humanas expressando
emoções – para nomes impressos de alimentos. Em longo prazo, procura-se
verificar se o paradigma de equivalência de estímulos pode ser utilizado para
aumentar a preferência por alimentos saudáveis. Testes de equivalência
demonstram que novos comportamentos relacionais emergem sem que haja um treino
explícito, assim, relações condicionais entre estímulos podem ser estabelecidas
sem emparelhamento direto entre estímulos. Usando este paradigma, estudos têm
simulado a aquisição de propriedades simbólicas por estímulos abstratos e têm
permitido a extrapolação destas propriedades para situações naturais.

Investiga-se a transferência de funções dos objetos para estímulos equivalentes
a eles, ou seja, funcionalmente semelhantes no controle do comportamento. Assim,
símbolos viriam a compartilhar propriedades dos objetos que simbolizam !
por pertencerem à mesma classe. Neste estudo, retratos faciais (um de alegria e
dois de neutralidade – conjunto A) foram relacionados a dois conjuntos de
estímulos abstratos (conjuntos B e C). Estímulos do conjunto C foram
relacionados à nomes de alimentos (D). Foram treinadas as relações AB, AC, CD.
Ao final, foi verificada a emergência de relações BD, que documentaram a
formação de equivalência. Desta forma, o nome de um alimento saudável tornou-se
equivalente à face alegre. Foram conduzidos pré-testes e pós-testes avaliando as
preferências dos participantes por alimentos através de um questionário com uma
escala de expressões faciais (desenhadas, variando entre triste e alegre) e
através do teste de preferência que apresentava os nomes de dez alimentos aos
pares, incluindo os três alimentos treinados. Participaram da pesquisa doze
universitários de ambos os sexos (seis participantes para cada grupo
experimental). O que diferenciou os grupos foi a quantidade de treino. O gr!
upo dois teve em adição, um supertreino de linha de base (uma revisão adicional
depois de atingido o critério de aprendizagem). Os resultados não demonstraram
um efeito consistente no grupo sem supertreino. Porém, no grupo que recebeu o
supertreino, cinco dos seis sujeitos mostraram alguma forma de aumento na
preferência pelo alimento equivalente à face alegre. A transferência de funções
da face alegre para o alimento pode ter ocorrido, pois esse estímulo
significativo é um referente potencialmente eficaz, cujo significado positivo
pode ter sido transferido para o alimento. A quantidade de treino da linha de
base parece ter sido uma variável importante, visto que só houve transferência
de funções da face alegre para o alimento na presença do supertreino.

Autores: Júlio César C. de Rose
Gisele Straatmann
Patrícia Bacos

Instituição: Universidade Federal de São Carlos

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