RedePsi - Psicologia

Notícias

Jovens estão bebendo cada vez mais cedo

Álcool é a droga, entre as lícitas e ilícitas, que mais avança entre jovens. Hoje, a moçada bebe bastante, cada vez mais precocemente, e as meninas consomem a mesma quantidade que os meninos.
Álcool é a droga, entre as lícitas e ilícitas, que mais avança entre jovens. Hoje, a moçada bebe bastante, cada vez mais precocemente, e as meninas consomem a mesma quantidade que os meninos.
“Pesquisas só comprovam o que todo mundo vê nas ruas: a transformação de um novo cenário urbano, com hordas de jovens bebendo em bares, praças, em frente às escolas”, observa o psiquiatra e psicanalista Sérgio de Paula Ramos, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).

Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco) mostra que 34,8% dos 50 mil estudantes brasileiros dos ensinos fundamental e médio – o que eqüivale a 17,4 milhões de jovens – consomem álcool. Segundo recente levantamento nacional sobre consumo de drogas entre estudantes, organizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), dos 48.155 jovens entrevistados, 41% já tinham usado algum tipo de bebida alcoólica entre 10 e 12 anos. Aos 18 anos, a maioria deles (81%) já tinha bebido.

Caiu também a faixa etária para o início do consumo. Nos anos 70, a molecada começava a tomar umas e outras entre 14 e 15 anos, na proporção de uma moça para cinco rapazes. Em 2004, esse início passou a ocorrer entre 12 e 13 anos, conforme revela Ramos. E as garotas não ficam mais atrás. Atualmente, está de um para um e, em alguns lugares, nota-se uma tendência de inversão.

“Em Porto Alegre, onde conduzi uma pesquisa em 2002, entre jovens das redes de ensino público e privado, constatei que as garotas ultrapassaram o número de meninos que bebem”, conta Ramos. Essas estatísticas remetem a outros problemas associados ao consumo de álcool por adolescentes. Após entornar algum tipo de bebida, a moçada fica vulnerável, por exemplo, a acidentes de carro.

Estima-se que mais de 80% dos que morrem no trânsito ou por homicídio são jovens, como observa Ramos. Outro médico psiquiatra, coordenador do Programa Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, Sérgio Nicastri, lembra da relação entre homicídio e álcool: “Um levantamento prova que grande parte das vítimas e dos agressores estava alcoolizada”.

A bebida também pode ser responsável pela queda do rendimento escolar. Dos jovens avaliados pela Secretaria Nacional Antidrogas que haviam usado algum tipo de droga – neste caso, a maioria consumia álcool -, mais da metade faltava constantemente à escola e 54% estavam um ano atrasados em relação à série considerada ideal para a idade.

Sabe-se também que, após a bebida, os adolescentes deixam de usar preservativo. Quem confirma é Naila Seabra Santos, diretora técnica da Divisão de Prevenção do Programa Estadual DST/Aids: “Sob efeito do álcool, as pessoas relatam que esquecem de se proteger, pois o senso crítico diminui e, assim, passam a ter comportamento de risco.” E a ausência da camisinha favorece a gravidez inesperada e doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a aids.

Finalmente, o álcool é a principal porta de entrada para o consumo de drogas mais pesadas. A esmagadora maioria dos jovens atendidos pelo PAD do Hospital Albert Einstein iniciou a escalada pelo vício da bebida. “Ele pode atiçar a curiosidade para outras substâncias que provocam alteração mental”, avisa Nicastri. “Entre adolescentes, esse é um risco peculiar, uma vez que estão na fase de experimentar limites e passam a se guiar pelas atitudes dos amigos.”

Diferentemente da cocaína – que vicia em semanas ou, no máximo, em meses -, o álcool leva vários anos para criar dependência, o que pode mascarar o problema. E, quando se percebe, o jovem que inicialmente bebia para se divertir, se enturmar facilmente, ficar “popular” na escola, transforma-se em alcoólatra. Uma doença que precisa ser controlada para o resto da vida.

Fonte: [url=http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/saude/2287501-2288000/2287870/2287870_1.xml]http://ultimosegundo.ig.com.br[/url]

Acesso à Plataforma

Assine a nossa newsletter