RedePsi - Psicologia

Notícias

Governo federal implanta centros para superdotados.

O QI (quociente intelectual) da humanidade está aumentando. Desde que se começou a fazer avaliações formais para o índice, no início do século 20, a pontuação média vem crescendo ao longo das gerações. Segundo o neuropsicólogo Daniel Fuentes, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, uma das explicações para esse fenômeno, chamado “efeito Flynn”, é a melhoria da qualidade de vida da população, com maior acesso à alimentação, à saúde e à higiene. Ele também destaca o aspecto sociocultural, com o aumento da oferta de informação e de oportunidades de desenvolvimento cognitivo.

O QI (quociente intelectual) da humanidade está aumentando. Desde que se começou a fazer avaliações formais para o índice, no início do século 20, a pontuação média vem crescendo ao longo das gerações. Segundo o neuropsicólogo Daniel Fuentes, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, uma das explicações para esse fenômeno, chamado “efeito Flynn”, é a melhoria da qualidade de vida da população, com maior acesso à alimentação, à saúde e à higiene. Ele também destaca o aspecto sociocultural, com o aumento da oferta de informação e de oportunidades de desenvolvimento cognitivo.

Para além de um alto QI, que há muito deixou de ser a única medida de inteligência, há crianças que podem ser classificadas como superdotadas por se destacarem em diversas áreas. A definição adotada oficialmente no Brasil para o conceito de superdotação –ou altas habilidades, como é mais recentemente conhecido– abrange, além da inteligência formal, áreas como criatividade, liderança, motivação, artes e desenvolvimento psicomotor. Assim, crianças que tenham talento para a música ou as artes ou que se destaquem em um esporte, por exemplo, podem se enquadrar na definição.

Para identificar essas crianças e prestar-lhes um atendimento diferenciado, o governo brasileiro está criando nas 27 capitais brasileiras centros específicos para esse público. A idéia é oferecer apoio para que desenvolvam suas habilidades –área em que o Brasil ainda tem pouca tradição em relação a outros países. “Consideramos o superdotado um excluído. Todas as crianças deveriam ter o direito de ter seu talento desenvolvido. As que se destacam merecem um atendimento diferenciado que a escola não dá conta de oferecer. Em geral, o professor não sabe quais são as características do superdotado e como ele pode escondê-las”, diz a psicóloga Angela Virgolim, presidente da Conbrasd (Confederação Brasileira para Superdotação – www.conbrasd.com.br).

Mas os professores de Sophie Garbati McManis, 12, ajudaram a família a descobrir que a menina tem altas habilidades. “Ela sempre foi diferente, mas nunca pensei em superdotação. A ficha só foi cair mais tarde. Na escola, foi ficando evidente. Quando foi avaliada, aos oito anos, descobrimos que ela tinha idade mental de 12”, diz a mãe, a roteirista Aline Garbati, 33.

Sophie tem múltiplos talentos. Enquanto os colegas se alfabetizavam, ela já tinha lido todos os livros do Harry Potter. Na primeira série, não queria brincar com brinquedos e ficava pedindo que a mãe criasse problemas matemáticos para ela resolver. Ela toca piano, guitarra e violino, adora ler, sabe francês e inglês e está aprendendo alemão e japonês.

Segundo informações do Ministério da Educação (MEC), foram investidos R$ 2 milhões na criação dos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S). Cada núcleo atenderá diretamente cerca de 60 alunos por ano.

Atualmente, o programa está em fase final de distribuição de equipamentos para a implantação dos núcleos. Apesar de alguns deles –como o do Mato Grosso do Sul– já estarem em funcionamento, a previsão de início das atividades para a maioria é a partir do final de abril.

O programa funcionará por meio de atendimento no período contrário ao turno de aula do aluno. A idéia é que ele continue a freqüentar classes regulares, mas conte com ajuda extra para desenvolver sua habilidade em outros horários. “Se ele tiver facilidade grande para escrever, poderá ter o auxílio de um professor de português ou de um especialista que seja parceiro dos núcleos. Ele será orientado a buscar mais informações e a criar projetos, como escrever um livro ou organizar eventos de poesias”, exemplifica a pedagoga Renata Maia-Pinto, assessora técnica da Secretaria de Educação Especial do MEC.

Segundo ela, os dados do Censo Escolar 2005 –que identificaram apenas 1.980 crianças superdotadas em todo o país– mostram que o tema ainda é pouco divulgado. “O número está subestimado. Ainda é uma área desconhecida, sobre a qual os professores têm poucas informações”, diz.

Uma das grandes confusões ocorre em relação ao conceito de superdotação. Para quase todo mundo, a primeira idéia que vem à cabeça é a da criança que sabe tudo de matemática e só tira nota máxima na escola. A definição adotada pelo governo brasileiro, que contempla várias áreas, foi inspirada em conceitos norte-americanos.

“Há muitas concepções para superdotação. Cada país vê a questão de uma forma, de acordo com seus valores. Claro que quase sempre a parte da inteligência formal é a mais valorizada, até porque pode ser mais facilmente avaliada pelo QI. Mas no Brasil temos essa definição mais ampla”, diz a psicóloga Eunice Soriano de Alencar, professora emérita da UnB (Universidade de Brasília), que também dá aulas na Universidade Católica de Brasília e pesquisa superdotação há mais de 30 anos.

A idéia de que o superdotado sempre vai bem na escola também é um mito. Muitas vezes, ele apresenta desempenho acima da média em uma disciplina, mas não vai tão bem nas outras. Além disso, dificuldades de aceitação e falta de valorização do talento fazem com que muitos superdotados neguem suas habilidades e tenham mau comportamento na sala de aula. O tédio em relação aos conteúdos da escola, que muitos já dominam, também pode fazer com que eles se desinteressem das tarefas. “Muitas vezes, as atividades escolares são entediantes e direcionadas a um tipo só de resposta, sem a valorização do pensamento criativo. Quando o aluno não é atendido em suas necessidades, tende a negar o talento”, diz a psicóloga Jane Farias Chagas, da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.

Fonte: [url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u4105.shtml]www.folha.uol.com.br[/url]

Acesso à Plataforma

Assine a nossa newsletter