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Lacan e a sexualiade humana II

O homem, o masculino, existe desde dentro do registro do simbólico, dentro da linguagem, sendo que este acesso à linguagem foi possibilitado pelo atamento à metáfora paterna efetivada no desfiladeiro do Édipo.
O homem, o masculino, existe desde dentro do registro do simbólico, dentro da linguagem, sendo que este acesso à linguagem foi possibilitado pelo atamento à metáfora paterna efetivada no desfiladeiro do Édipo, onde o objeto a, o objeto privilegiado do desejo foi interditado pela lei do pai, pelo não do pai, pelo nome do pai, que forneceu ao menino uma identidade sexual e uma ordem para que esquecesse aquela que o seduziu e procurasse outras mulheres no mundo da visibilidade fenomenal.

Este recalque originário, fundador do inconsciente, faz com que a linguagem funcione como forma e lugar de captura do objeto perdido. A linguagem, no masculino, ocupa o lugar do objeto perdido e avisa atingir ao objeto a. O único inconveniente disto é que a mulher não é capturada pela rede lançada pela palavra, pela linguagem. O masculino ek-siste a partir do atamento ao símbolo e este atamento é efetivado pela adesão inevitável à metáfora paterna que implica na perda do objeto do desejo, que passará agora a funcionar como objeto a, objeto causa do desejo.

No masculino há o atamento do corpo à Lei, à linguagem, ao momento fundante da metáfora paterna, daí que o homem está condenado a existir na linguagem e a jamais reencontrar seu corpo, pois o corpo é um corpo verbo, é um corpo acionado e caucionado pelo atamento à metáfora paterna, que proporciona acesso a uma identidade sexual. Daí que o homem precisa ser castrado, isto é, interditado em seu gozo pleno, em seu acesso pleno ao gozo, para que possa ter acesso ao corpo da mulher.

O homem é fabricado a priori, o que, pela ignorância e incapacidade de tematizar e compreender a teoria como momento fundante do fenômeno o vulgo é levado a dizer e a compreender que alguém já nasce homem, quando a originalidade e a radicalidade da descoberta freudiana nos mostra que são as etapas do desfiladeiro do Édipo que permitem o acesso a uma identidade que sempre e necessariamente é uma identidade sexual. No campo do masculino algo, a realidade, o Ser, deve ser pensada para poder ser, pois o masculino é um ser de linguagem e assim, um ser de pensamento, de representação. Provocativamente, poderíamos nos perguntar se o masculino, para além da auto-evidente anatomia, dispõe de mecanismos, ferramentas e dispositivos adequados para alcançar o lugar onde mora a mulher, pois a mulher é um ser que não necessita ser pensado para existir.

Um homem, para atingir a mulher, deveria poder vir a partir do puro silêncio. (continua….)

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