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Estudo relaciona alimentação à índices de violência

A maioria das prisões é conhecida pela qualidade de suas cozinhas (muito ruins) e pelo comportamento de seus internos (muito violentos). Dessa forma, elas são as locações ideais para o teste de uma nova hipótese de que a agressão violenta não passa de um produto da má nutrição.
A maioria das prisões é conhecida pela qualidade de suas cozinhas (muito ruins) e pelo comportamento de seus internos (muito violentos). Dessa forma, elas são as locações ideais para o teste de uma nova hipótese de que a agressão violenta não passa de um produto da má nutrição.
Para isso, os pesquisadores estão estudando se os internos se tornam menos violentos quando colocados sob uma dieta rica em vitaminas e ácidos gordurosos localizados nos frutos do mar.

Um filé de salmão acompanhado por espinafre realmente ajuda a frear a violência, não apenas na prisão mas em qualquer lugar? Em 2001, o doutor Joseph Hibbeln, um investigador clinico do Instituto Nacional de Saúde, publicou um estudo, provocativamente intitulado “O consumo de frutos do mar e a Mortalidade por Homicídio”, que descobriu uma correlação entre a ingestão do ácido Omega 3 (obtido principalmente de peixes) e baixos índices de assassinato.

Claro que ver uma relação entre os ácidos e baixos índices de assassinatos não prova, necessariamente, que eles causem a inibição da violência. Bernard Gesch, cientista pesquisador da Universidade de Oxford, se propôs a provar que uma nutrição melhor, de fato, diminui a violência.

Ele alistou 231 voluntários em uma prisão britânica para seu estudo, metade deles recebeu um placebo, enquanto a outra metade recebeu suplementos de ácidos. Com o tempo, o comportamento anti-social (medido através de ataques e violações) dos internos que receberam o suplemento caiu mais de um terço em relação a seus registros anteriores. O grupo de controle mostrou pouca mudança.

Gesch publicou seus resultados em 2002 e planeja iniciar um estudo mais amplo este ano. Testes similares já estão em andamento na Holanda e Noruega.

O que significaria se descobríssemos um elo claro entre a dieta e o comportamento violento? Para começar, isso pode desafiar a idéia de que a violência é um produto do livre arbítrio.

“Mas, como se exercita este livre arbítrio sem usar seu cérebro?” questiona Gesch. “E como, exatamente, o cérebro irá processar corretamente sem o suprimento de nutrientes adequado?”

A crença de que as pessoas escolhem ser violentas pode ser irrelevante se o cérebro não estiver usando todos os cilindros. Isso pode funcionar para atos impulsivos de violência, que são menos uma opção do que uma falha que reina nos piores instintos de cada um.

Se considerarmos, por exemplo, um estudo conduzido por pesquisadores na Finlândia, que testava prisioneiros condenados por crimes violentos e descobriu que tinham um nível mais baixo de ácidos Omega 3 do que as pessoas comuns e saudáveis. Por quê? O Omega 3 sustenta o crescimento de neurônios na região frontal do córtex do cérebro, a parte da massa cinzenta que controla o comportamento de impulso. Ter estes ácidos o suficiente pode manter os impulsos violentos sob controle.

Criminosos violentos podem não ser os únicos a se beneficiarem de ácidos mais gordurosos em sua dieta. Em um teste recente, às cegas, quando o Omega 3 era dado as pessoas com um histórico de abuso de substâncias, os sintomas de “raiva” caíram 50%.

Claro, o Omega 3 é amplamente saudado como uma substância miraculosa, que melhora a saúde de dezenas de maneiras. Mas Gesch alerta contra o que chama de “balas de prata”.

O estado das evidências, segundo ele, “não permitem que apontemos qual gordura da dieta é responsável pelas mudanças no comportamento”. Neste novo estudo, ele irá observar se diversos outros nutrientes têm um papel nisso também.

Ele ainda acrescenta que não devemos esperar que apenas a nutrição extermine o comportamento violento. “O cérebro precisa ser nutrido de duas formas. Ele precisa de educação, e precisa de nutrientes. Tanto os fatores físicos como os sociais são importantes.” Simplesmente atirar peixes e vegetais aos criminosos violentos não deve resultar em nada.

Alertas à parte, muitas pessoas podem achar perigosa a idéia de curar o comportamento violento mudando o que as pessoas comem. Isso pode levar os criminosos a fugirem da responsabilidade por suas ações. Pense, por exemplo, no infame “defesa inocente”, no qual o advogado de um acusado de assassinato sugere que as comidas pesadas tiveram parte de culpa pelo estado mental do seu cliente.

Talvez seja ainda mais controverso, neste novo mundo de idéias de usar a dieta para garantir a docilidade e conformidade com as regras, seja uma versão patrocinada pelo Estado da eterna exigência dos pais de todos os lugares do mundo: “Coma seus vegetais”.

Então, estamos vivendo em uma sociedade na qual os pais se refugiam em drogas como a Ritalina para controlar explosões e comportamentos impulsivos. E quando nos aproximamos disso por essa perspectiva, mudar o que as pessoas comem pode não ser tão radical como parece.

Fonte: [url=http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/nytimes/2345501-2346000/2345503/2345503_1.xml]http://ultimosegundo.ig.com.br[/url]

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