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Ser belo às vezes dói

Estava assistindo a uma palestra sobre Obesidade e me veio uma reflexão sobre o que é ser belo nos dias de hoje.

Há alguns séculos atrás, como até se vê nos quadros dos grandes pintores, a beleza estava em muitas curvas, em corpos redondos e volumosos; hoje, o padrão de beleza cultuado e incentivado é o das grandes modelos magérrimas. Parece contraditório imaginar que a obesidade já foi padrão de beleza, quando atualmente ser magro é tão valorizado, mas é importante lembrar que nem um nem outro são exemplos de saúde; tanto a gordura em excesso traz problemas físicos e emocionais, quanto o controle excessivo do peso também tem conduzido a algumas doenças como a anorexia e a bulimia (principalmente nas mulheres) e a vigorexia (principalmente nos homens).

Na anorexia e na bulimia há uma preocupação excessiva em não ganhar peso. Na primeira, a pessoa fica sem se alimentar e mesmo com o peso, às vezes, já indicando desnutrição e anemia, ainda se vê gorda ao se olhar no espelho. Já na bulimia, o indivíduo ingere grandes quantidades de alimento em pouco tempo e para não engordar, tem comportamentos como: provocar o vômito, tomar laxantes e diuréticos, etc.

Por sua vez, a vigorexia caracteriza-se por uma idéia fixa de manter o “corpo sarado”, e para tal, jovens estão em academias “malhando” em quantidade de tempo superior ao que seu corpo necessita e suporta, muitas vezes, fazendo uso dos conhecidos anabolizantes no objetivo de alcançar um corpo bonito e jovem.

Pois é, ser belo às vezes dói, e dói muito, porque a sociedade cobra do ser humano padrões de beleza que seu organismo, sua estrutura física, quase sempre não vão conseguir alcançar , gerando sentimentos como a diminuição da auto-estima, o retraimento, a timidez exacerbada, a falta de iniciativa e até doenças como a depressão, a anemia, etc. Os conceitos de beleza apresentados nos meios de comunicação são de corpos jovens e magros, ingerindo alimentos cheios de calorias que, se na vida real fossem consumidos com freqüência, o resultado estético não seria o dos personagens de propaganda e novelas.

Encontrar o ponto de equilíbrio entre o que a sociedade exige, o que se pode alcançar e que o realmente se precisa para viver com saúde, deve ser um dos objetivos de vida do indivíduo em geral. Ter saúde física e emocional leva a uma sensação de beleza interna e externa, pois melhora a nossa auto-estima; logo, ser gordo ou magro em excesso quase sempre não é saudável, e procurar o já mencionado ponto de equilíbrio é o segredo para viver mais e melhor.

Devemos iniciar, inclusive, ensinando nossos fIlhos desde criança a questionarem os estereótipos de beleza do momento, para prevenir no futuro, transtornos emocionais e físicos, já que, podem não conseguir atingir o que a sociedade está exigindo de sua aparência. Ser belo é muito mais amplo do que ser gordo ou magro, é ter saúde para criar, produzir e crescer em plenitude.

Lara Ferreira Guerra
Psicóloga CRP 13/3028

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