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Eu me lembro bem…

Eu me lembro bem quando era criança brincar de amarelinha, de bicicleta, de anel, de esconde-esconde, de pega, de boneca, de imitar os ídolos da televisão, de fingir ser a mulher maravilha, de brincar de playmobil, de baleado, de batatinha frita um-dois-três, de estátua, de pular corda, de polícia e ladrão, de sonhar, de criar e inventar todo dia uma nova brincadeira, tudo isso fazia nas férias e um pouco menos quando estava de aula.

Ufa! Era bem cansativo, mas MUITO divertido! Hoje penso do que as crianças estão brincando nas suas férias? De shopping, de celular, de e-mail, de computador, de vídeo-game, de DVD, de Messenger, de orkut, de ir para a balada, tudo tão mais caro, mais sedentário e, muitas vezes, até mais perigoso.

Um dia conversando com minha filha de 11 anos, me dei conta de quantas brincadeiras da minha época ela nunca nem ouviu falar, será a evolução dos tempos ou será um atraso na evolução desses tempos? Afinal só tenho 34 anos, não faz tanto tempo assim!

As crianças têm esquecido de serem crianças até mesmo quando estão de férias, que antigamente, era uma época esperada com ansiedade para se colocar para fora toda energia guardada durante os dias de aula, e como é que se extravasava essa energia? Correndo, pulando, subindo em árvore, cantando, dançando, andando de bicicleta, soltando pipa, indo ao circo, indo ao cinema assistir o último filme dos trapalhões, etc.

Então me pergunto, para onde está indo a energia guardada das nossas crianças nesse mundo globalizado de hoje, infelizmente, muitas vezes tem se transformado em excesso de peso, em depressão infantil, em diabetes precoce, em triglicérides e colesterol alto, tudo isso porque as brincadeiras e diversões de hoje são quase sempre muito sedentárias e solitárias; a mídia, e o pior, nós mesmos, pais que se divertiram tanto com as brincadeiras de antigamente, caímos na “cilada” de proporcionar aos nossos filhos meios de se inserirem em divertimentos pouco saudáveis para o seu físico e emocional.

Quem tem se lembrado de ensinar ao seu filho que talvez a melhor brincadeira não seja ficar comendo na frente do vídeo-game, ou passar o dia no computador ou na televisão? E o pior é que procuramos culpar os “tempos modernos”, ou a influência dos colegas, nos eximindo da responsabilidade de exercer o papel de pais não apenas para dar “bronca” ou fazer “vontades”, mas para permitir que nossas crianças saibam um pouco mais, mesmo no mundo do computador, o que é verdadeiramente estar de férias!!

Lara Ferreira Guerra
Psicóloga – CRP 13/3028

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