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Identidade revista

As discussões sobre o sistema de cotas na universidade e a necessidade de lidar com as diferentes origens étnicas do povo brasileiro estão colocando na agenda pública e política um movimento bastante novo: o debate aberto sobre questões raciais.
As discussões sobre o sistema de cotas na universidade e a necessidade de lidar com as diferentes origens étnicas do povo brasileiro estão colocando na agenda pública e política um movimento bastante novo: o debate aberto sobre questões raciais.
“Pela primeira vez no país a questão racial extrapolou as manifestações populares, como o Carnaval e o futebol, e entrou na mesa de negociações como forma de repensar a identidade nacional”, disse o antropólogo Ruben George Oliven durante a apresentação “Nação e cultura: contribuições interdisciplinares para a construção de um conceito”, feita na 58ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Florianópolis.

Professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ex-presidente da Associação Brasileira de Antropologia, Oliven apontou um outro movimento recente: o reconhecimento legal, por parte dos brasileiros, da herança cultural de seus antepassados. O fenômeno se manifesta por meio dos pedidos de passaporte por parte de descendentes de imigrantes aos países de origem desses.

“Quando se trata de identidade, não se quer mais perder nada. O sentimento de quem pede um passaporte italiano, por exemplo, é de que a pessoa não vai ser menos brasileira por ser também italiana”, afirmou o antropólogo.

A construção de uma identidade comum, assim como o fomento dos sentimentos de patriotismo e dever à pátria, estão no centro do Estado-nação, sistema vigente hoje na constituição dos países.

A bandeira e o hino, por exemplo, são elementos carregados de poder simbólico e se apresentam quase que como metáforas de um povo. A transmissão desses sentimentos de nacionalidade se faz por meio da cultura e das tradições que, de acordo com Oliven, funcionam quase que como uma “religião civil”.

“A nação é uma comunidade de sentimentos que tende, naturalmente, a produzir um Estado próprio”, afirmou Oliven, citando o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920). Para o professor da UFRGS, a falta de território ou as tentativas frustradas de estabelecê-lo é que movem conflitos de nações sem países, como a Palestina.

Oliven é autor do livro A Parte e o todo – A diversidade cultural no Brasil-nação, relançado em abril deste ano pela Editora Vozes, que discute a globalização como forma de reforçar as diferenças locais e as tradições.

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=5811]www.agencia.fapesp.br[/url]

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