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Estudo avalia impacto da internet no entendimento de diagnósticos

Assim como em toda a América Latina, a relação médico-paciente no Brasil é paternalista. De um lado está quem detém o saber científico e técnico e do outro quem depende desse conhecimento.
Assim como em toda a América Latina, a relação médico-paciente no Brasil é paternalista. De um lado está quem detém o saber científico e técnico e do outro quem depende desse conhecimento.
No entanto, as novas tecnologias de informação e comunicação estão diminuindo a altura dos degraus que existem nos consultórios do país. Munidos de dados encontrados na internet, pacientes têm desenvolvido condições de argumentar sobre formas de tratamento e dividir com o médico a responsabilidade pela tomada de decisão.

“A internet possibilita a desconstrução do poder simbólico que a figura do médico exerce no imaginário popular”, disse Wilma Madeira da Silva, coordenadora de projetos de pesquisa e de gestão do Instituto de Políticas Públicas Florestan Fernandes.

A pesquisadora ressalta que a questão não é tirar a autoridade do médico, mas fortalecer a posição do paciente. “Ele precisa passar de submisso a parceiro na troca de decisões em relação a sua saúde”, aponta.

Autora da dissertação de mestrado “Navegar é preciso: avaliação de impactos do uso da internet na relação médico-paciente”, orientada pelo professor Fernando Lefevre e recém-defendida na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), Wilma investigou de que forma os pacientes usam a rede quando precisam de informações sobre saúde e doenças. Procurou ainda identificar as mudanças de comportamento no processo de tratamento e as reações dos médicos diante delas, segundo a ótica dos próprios pacientes.

Durante três meses, um questionário ficou disponível em um site criado para a pesquisa e foi respondido por 116 internautas que entraram na página espontaneamente. Para estimular a participação daqueles que não têm acesso à internet em casa, a pesquisadora contou com o apoio de telecentros, unidades comunitárias de acesso à rede. A divulgação foi feita por meio da Secretaria Especial de Inclusão Digital, vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Do total de entrevistados, quase 84% disseram buscar na internet informações sobre saúde e consultar principalmente informações para eles mesmos e para familiares, mas também fazem pesquisas para ajudar conhecidos. Cerca de 85% já acessaram a internet depois de alguma consulta para conhecer melhor o problema diagnosticado. Para 67% dos participantes, além de as buscas serem importantes para o melhor entendimento da doença, elas também possibilitam avaliar o conhecimento do médico.

No entanto, a pesquisadora alerta que ainda há muita euforia quando o assunto é a utilidade da internet no esclarecimento de questões de saúde. Se, por um lado, a rede é uma ferramenta poderosa de informação, o excesso de fontes, a qualidade do que é divulgado e a falta de discernimento, ou posicionamento crítico, de quem consulta, muitas vezes mais confunde do que ajuda.

“A informação disponível precisa ser encarada como subsídio básico e não deve ser confundida com conhecimento”, disse Wilma.

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=5953]www.agencia.fapesp.br[/url]

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