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A AC pode separar-se da psicologia e constituir-se como ciência independente?

Há grupos de psicólogos que destacam as vantagens da análise do comportamento enquanto vertente coligada a ciência psicológica, outros defendem projetos para separação destas, onde deveríamos investir na solidificação da análise do comportamento como ciência independente, enfim, levei muito tempo para entender o que estavam reivindicando, ainda estou coletando dados e opiniões, aconselho aos estudantes ingressarem neste percurso, afinal, qualquer decisão a médio ou longo prazo nos afetará profissionalmente trazendo conseqüências positivas ou negativas.
Você que é estudante ou graduado em psicologia sabe quais movimentos políticos estamos enfrentando dentro da psicologia? Sabe qual é o papel da abordagem comportamental dentro desta ciência? Pois é, há no yahoo (www.yahoo.com.br) um grupo dedicado a analistas do comportamento (COMPORT), que nos últimos anos vem realizando discussões sobre diversos temas em análise do comportamento, behaviorismo radical dentre outros temas comportamentais.

Nestes últimos meses (setembro/outubro – 2006), presenciei a discussão sobre a possível elaboração de um projeto em análise do comportamento, discussões sobre atuais e novos papéis para ABPMC – associação brasileira de psicoterapia e medicina comportamental (www.abpmc.org.br). Instituição extremamente reconhecida entre terapeutas comportamentais e cognitivos comportamentais que organiza a produção e divulgação de conhecimento científico em análise do comportamento, discussões polemicas que geram divisões de opiniões entre estudantes e psicólogos.

Há grupos de psicólogos que destacam as vantagens da análise do comportamento enquanto vertente coligada a ciência psicológica, outros defendem projetos para separação destas, onde deveríamos investir na solidificação da análise do comportamento como ciência independente, enfim, levei muito tempo para entender o que estavam reivindicando, ainda estou coletando dados e opiniões, aconselho aos estudantes ingressarem neste percurso, afinal, qualquer decisão a médio ou longo prazo nos afetará profissionalmente trazendo conseqüências positivas ou negativas.

Particularmente, a 4 anos venho participando de congressos específicos de análise do comportamento (III, IV JAC de São Carlos, XIII, XIV e XV ABPMC, I IAAC de Campinas, I JAC da Universidade Metodista, etc.) e congressos gerais de psicologia (ULAPSI, II Ciência e profissão, etc.), notei em comentário junto a colegas do meu curso de graduação (UNINOVE – SP) uma baixa presença de trabalhos, painéis, palestras e psicólogos de orientação comportamental nos congressos gerais e cada vez mais psicólogos e estudantes de orientação comportamental organizados em congressos focados.

Se olharmos apenas para este recorte, uma pessoa leiga poderia afirmar que há uma “tendência” nos últimos anos dos psicólogos “comportamentais” esquivarem-se dos eventos de psicologia geral (onde prevalecem a presença de trabalhos oriundos de abordagens psicodinâmicas) e caminharem para núcleos como a ABPMC por exemplo.

Como sabemos, a psicologia ainda não chegou a um consenso de como deve ser avaliado o seu objeto de estudo (homem). Abordagens tem compartilhado técnicas psicológicas (dinâmicas de grupo, entrevistas, observação, testes, etc.) sob interpretações, enfoques e / ou ênfase em diferentes aspectos (comportamento, personalidade, desenvolvimento, existência, etc.) isolados ou combinados. Cada profissional vem / vai traçando através de suas experiências e bagagens educacionais (títulos de mestres, doutores, PHd, etc.) uma visão sobre as possibilidades de atuação enquanto psicólogo clinico, educacional, organizacional, jurídico, etc.
Neste caminho, é imprescindível o conhecimento do aluno sobre as noções dos chamados NÚCLEOS COMUNS dos cursos de psicologia. Independente da abordagem, precisamos entrar em contato com a fisiologia, genética, sociologia, filosofia, antropologia, neuroanatomia, psicologia do desenvolvimento, psicologia social, estatística, enfim, para que possamos compartilhar idéias em comum acerca de um determinado fenômeno.

Sobre o COMPORT, ainda não tomei partido sobre a minha decisão, como membro do grupo e estudante de psicologia, mas deixo no “ar”: Você consegue imaginar o “caos” que seria desvincular abordagens da psicologia criando assim cursos distintos de graduação como FENOMENOLOGIA, PSICANÁLISE, ANALISE DO COMPORTAMENTO, EXISTENCIALISMO?????

Vocês se lembram sob quais objetivos o DSM foi sendo desenvolvido em nossa história se não facilitar a comunicação mundial entre profissionais de saúde? Pensando nesta separação, tão logo precisaríamos de uma manual diagnóstico e estatístico para garantir a comunicação entre as abordagens…..É essencial que o aluno aprenda na graduação um pouco de cada abordagem para aprender, decidir sobre quais aspectos concorda ou não, quais gosta ou não, quais se identifica ou não, para posteriormente, dar seqüência a uma especialização que o formará adequadamente, habilitando-o com as ferramentas necessárias da abordagem X ou Y.

Pois é, o Oliver Zancul Prado, por exemplo, renomeado psicólogo, membro ativo do Comport e um dos administradores do Redepsi (www.redepsi.com.br), presente em diversos eventos de psicologia e análise do comportamento vem nos alertando sobre o papel da ABPMC na organização da comunidade de analistas do comportamento. A exemplo do que está acontecendo com os JACs – Jornadas de Analise do Comportamento, eventos de natureza coligadas a centros acadêmicos ou movimentos estudantis, o Oliver chama a nossa atenção ao presença (falta dê) da ABPMC ou representante desta no evento.

Não foi por acaso que este questionamento surgiu entre psicólogos, nós enquanto membros desta ciência, devemos pensar acerca do que pode estar acontecendo, tentando visualizar para onde caminham estas idéias, afinal, a modelagem desta separação ou junção / fortalecimento (AC x psicologia) é de responsabilidade de cada membro graduado ou graduando em psicologia.

Centros acadêmicos atuando isoladamente podem caminhar para direções diferentes, unidos por sua vez, gerenciam e compartilham o conhecimento como um todo. É por isso que a ABPMC recebe todo ano pessoas do Brasil e az vezes do mundo. O conhecimento compartilhado é passível de diferentes opiniões, por tanto, quando ele se fortalece, ele se concretiza em concepção comum e de acordo com muitas opiniões, quando precisa ser modificado, recebe inúmeras críticas que aguçam nossa reflexão.

Na JAC de São Carlos que ocorreu de 06 a 08/10/06, levamos 46 alunos da UNINOVE – SP, sendo que estamos presentes nestas jornadas há 3 anos. Em nossa Universidade ainda não temos JAC, mas somos muito coligados a maneira em que o JAC da Universidade Federal de São Carlos se mantém, cativa a cada ano alunos de psicologia e não psicólogos que trabalham com psicologia.
Quando criarmos o nosso, espero concretizar laços de parceria entre estes JACs como projeto piloto da união de movimentos estudantis, deixo aos leitores o convite para acompanhar estas discussões, embora que pareçam “loucura” para uns e “maravilha” para outros, antes de tomar partido ou a nossa parcela de responsabilidade, temos que coletar dados, observar, nos perguntar o “por que disso ou daquilo”, vantagens e desvantagens, o que pensam nossos professores, mestres, supervisores, orientadores, amigos, estudantes, alunos. Nós somos a ciência da psicologia e não somos e não podemos ser dirigidos por minorias, participar do CRP (Conselho Regional de Psicologia), CPF (Conselho Federal de Psicologia), de associações, congressos é aceitar o nosso papel com a solidificação e atualização da psicologia enquanto ciência e profissão.

No mês passado, escrevi uma coluna abordando o tema: “os behavioristas estão chegando”, realmente esta galera não se cansa de pesquisa, estão chegando com a força toda, mas não basta chegar, temos que nos organizar, temos que nos criticar, saber ouvir e nos colocar / argumentar, comportamentos estes, que serão exigidos no exercício de nossa prática quer que seja em instituições, organizações, clinicas, dentre outros campos de atuação. Tenho cada vez mais orgulho de acreditar e concordar na filosofia do Behaviorismo radical do americano BH Skinner que mantém as bases da Analise do Comportamento, abordagem que se permite críticas, acredita na modelagem, enfim, abordagem que tem muito a contribuir não só com a compreensão deste movimento dentro da psicologia, mas também como a construção de conhecimento científico.

Mas antes de tudo, tenho mais orgulho em dizer que mesmo um analista do comportamento, é antes de qualquer coisa, um psicólogo. Até hoje alguns psicólogos adeptos de outra (s) abordagem levantam críticas a nossa prática, é na motivação de destas incógnitas que aderimos as críticas para melhorar a analise do comportamento enquanto ciência vertente da psicologia. Centros acadêmicos, vamos nos unir e acompanhar estes movimentos, enquanto isso a minha crítica a comunidade comportamental é: “Temos que nos organizar para não virar bagunça”, esquivar-se da psicologia seria fruto de coerção. Para quem leu a obra do Sidman (2003 – coerção e suas implicações), sabe quais as desvantagens e a função deste comportamento.

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