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Desvendando a “força estranha”…

Falar de intencionalidade seria negar a célebre frase formulada por Lavoisier de que "na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". E nossos comportamentos, uma vez considerados pela ciência como eventos naturais, não fogem dessa lei.

Como explicar então, cientificamente, a criatividade? O "genialismo"? A invenção? Esses três termos, a princípio distintos etimologicamente, no senso comum remetem à intencionalidade. Pois vamos, a partir do "termo-mor" “criatividade”, investigar com eles se encaixam no comportamento que se transforma (na tríplice contingência).

A palavra "criatividade" comumente é interpretada como o ato de criar algo novo, que nunca havia existido. Lembrando novamente: "Na natureza nada se cria… tudo se transforma…" Mas o que se transforma no comportamento criativo? Na verdade, podemos dizer que a criatividade deriva de um repertório de comportamentos, no qual são selecionados os comportamentos mais adaptativos para uma determinada situação, organizados para formar uma resposta que se destaca no ambiente do sujeito. Como posso, por exemplo, "criar" um passo de dança sem ter em meus repertórios os movimentos anatômicos básicos que permitam tais passos? Como eu posso "criar" uma música se desconheço as palavras que vou juntar para montá-la?

Diz-se que alguém é muito criativo quando consegue se destacar "genialmente" em alguma área. Caetano Veloso já dizia em sua música "Força estranha": “por isso uma força me leva a cantar, por isso essa força estranha no ar. Por isso é que eu canto, não posso parar…”. Observe: “Canto” (resposta) –› “Essa força” (reforço). E a força? O que seria? Seria o repertório de comportamentos dentro da habilidade de cantar. Isso mesmo! Habilidade! O que me leva a ser criativo em uma determinada área é o repertório de comportamentos reforçados numa determinada habilidade, ao longo da minha ontogênese, delimitados ainda pela minha estrutura filogenética. Aí está senhores! Desvendamos a “força estranha”!

Sabendo que repertórios comportamentais delimitam o que é selecionado dentro de uma habilidade específica, passo uma única “fórmula mágica” para vocês serem criativos: Vão em busca da expansão de repertórios comportamentais em sua área! Estudem! Vivam! Lembrem-se que por trás das autorias de metáforas e letras de músicas existe a natureza, que se transforma… Pois ficar parado à espera de uma “força estranha”, é ignorar que uma Ciência do Comportamento existe!!!


Natalie Brito Araripe

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