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Estudos sobre cérebro são premiados nos EUA

Em seu congresso anual, a Academia Norte-Americana de Neurologia (AAN) premia os melhores trabalhos apresentados por estudantes de doutorado de todo o mundo, excluindo norte-americanos e canadenses.
Em seu congresso anual, a Academia Norte-Americana de Neurologia (AAN) premia os melhores trabalhos apresentados por estudantes de doutorado de todo o mundo, excluindo norte-americanos e canadenses.

Entre os dez ganhadores do International Scholarship Award de 2007 estão os brasileiros Cláudia Vianna Maurer Morelli e Marcondes Cavalcanti França Júnior, ambos doutorandos do Departamento de Genética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os trabalhos dos pesquisadores foram apresentados no 59º Congresso Anual da AAN, em Boston, nos Estados Unidos, no início do mês. Além dos estudos, a premiação considera os currículos dos estudantes em sua avaliação.

Cláudia, que já defendeu o doutorado, identificou um novo locus – lugar em que um gene se localiza no cromossomo – para uma forma freqüente de epilepsia. O projeto desenvolvido é intitulado “Identificação do locus responsável pela epilepsia de lobo temporal mesial familial”. O estudo foi feito no âmbito de um Projeto Temático da FAPESP coordenado por Iscia Lopes Cendes, que foi a orientadora de Cláudia no doutorado defendido no Programa de Fisiopatologia Médica da Unicamp.

A pesquisa trata da epilepsia de lobo temporal (ELT) – a forma mais freqüente da doença – com foco em um subgrupo de pacientes que apresentam uma forma nitidamente familiar da doença. Por meio de estudos de genética molecular, Cláudia identificou a região cromossômica que contém o gene causador da doença.

A ELT sempre foi associada exclusivamente a fatores de predisposição ambiental, mas o trabalho de Cláudia evidencia que fatores genéticos também podem contribuir para essa forma de epilepsia.

A descoberta poderá mudar a maneira como os pesquisadores básicos investigam a ELT e até mesmo influir no tratamento da doença. Atualmente, Cláudia prossegue o seu trabalho de pós-doutorado no laboratório de Genética Molecular da Unicamp como pesquisadora colaboradora voluntária, na busca do gene para a ELT mesial e na investigação de outros aspectos moleculares da doença.

Alteração desconhecida

Marcondes Cavalcanti França Júnior apresentou no congresso da AAN um trabalho sobre a disfunção da massa branca cerebral na doença degenerativa ataxia de Friedreich. O estudo foi parte de um projeto colaborativo entre os departamentos de Neurologia e de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

O pesquisador utilizou a espectroscopia – uma técnica de ressonância – para avaliar uma série de regiões do cérebro in vivo em pacientes com a ataxia de Friedreich, que se caracteriza pela perda de equilíbrio progressivo. Segundo ele, é a forma de ataxia mais freqüente no mundo.

“Identifiquei uma alteração de região cerebral que antes não era conhecida na doença. Normalmente se considerava que o local da lesão primária seria a medula espinhal e os nervos periféricos. O cérebro não era considerado afetado. Demonstrei que há uma alteração cerebral na doença”, disse França Júnior à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, além das alterações motoras e da fala que caracterizam a doença, há cerca de cinco anos se reconhece que os pacientes também têm seqüelas cognitivas. Mas não se sabia a razão, uma vez que a doença era considerada restrita à medula.

França Júnior destaca que o estudo poderá ter aplicações em curto prazo, criando marcadores na espectroscopia para tratamento clínico. “Para essa doença, estamos em uma fase de começar a fazer ensaios clínicos que levem a possíveis tratamentos. Nesses ensaios clínicos, precisamos de marcadores que possibilitem qualificar a doença, permitindo saber se o tratamento está efetivamente fazendo modificações”, disse.

Outra doutoranda brasileira ganhadora do International Scholarship Award de 2007 da AAN foi a médica Sarah Teixeira Camargos, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ler reportagem sobre o trabalho premiado de Sarah, clique aqui.

Fonte: Agência FAPESP

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