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Cinoterapia: Benefícios da interação entre crianças e cães

Resumo

A maior razão para existência dos diversos ramos que atuam na área da saúde é a busca incessante da melhoria da qualidade de vida das pessoas, e nesta procura, a psicologia não surge como exceção. Assim sendo, o estudo do tema torna-se de grande relevância, visto que apesar das correntes tradicionais, a psicologia tem buscado novas técnicas para proporcionar esta melhoria na qualidade de vida. A temática em questão, apesar de pouco explorada, trata da utilização terapêutica de cães no tratamento de crianças com problemas psicológicos, de relacionamento social, de afetividade, de aprendizagem entre outros, baseando-se em estudos que apontam os benefícios do convívio com esses animais. O presente artigo é fruto de uma pesquisa qualitativa de campo centrada na cidade de Campos dos Goytacazes, que teve como objetivo principal verificar se o convívio com cães auxilia o desenvolvimento afetivo infantil. Foram realizadas entrevistas, via e-mail, com 2 psicólogas que fazem uso da Cinoterapia, além de 10 entrevistas semi-abertas com pais de crianças na faixa etária de 3 a 10 anos que convivem com cães e que não convivem com tais animais. Os resultados da pesquisa sugerem que as crianças que convivem com cães são mais afetivas, inteligentes, menos agressivas, tendem a ter melhor relacionamento social, entre outros benefícios decorrentes da interação entre a criança e o cão. 

Palavras-chaves: Cinoterapia. Crianças. Psicologia.

  

Abstract

The principal reason to the existence of several sections that act in the health area is the constant searchig for the improvement of people’s quality of life, and under this search, pshychology doesn’t arise as exception. In this case, the study of the subject is very important, respecting in spite of traditional currents, psychology has been searching new practices to offer despite of poorly explored, deals with the therapy application of dogs in the treatment of children with psychological problems, social relationships, affectivity, learning, any more; based on studies that indicate the benefits of the contact with these animals. The present article is the result of a qualitative field research in Campos dos Goytacazes city, that had as principal purpose to check if the contact with dogs helps the infant affective development. Interviews were held, through e-mails, with two psychologists that use Cynotherapy, in addition to ten semi opened interviews with parents of children in the age from three to ten years old that have contact with dogs and those that don’t. The results of the research suggest that children who have contact with dogs are more affective, intelligent, less aggressive, they suggest a tendency to have good social relationship, among other benefits due to the interplay between the infant and the dog.

Keywords: Cynotherapy. Children. Psychology.  

Introdução

O ritmo frenético atual tem causado grandes problemas não somente aos adultos, mas também às crianças, que têm sido grandes vítimas deste processo. Por esta razão, e em decorrência dos resultados de pesquisas científicas que mostram que o convívio com animais é altamente benéfico, alguns profissionais estão pensando em desenvolver, a partir daí, uma terapia alternativa para auxiliar no tratamento de pessoas que necessitam de auxílio psicológico com o fim de proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida.

Tal técnica refere-se a Pet Terapia realizada com cães, que teve origem aproximadamente no século XVIII na Inglaterra, onde foi descoberto que a presença do bicho traz benefícios psicológicos, pedagógicos e sociais ao paciente, principalmente às crianças, pois o convívio com cães exerce efeitos benéficos no comportamento afetivo. Com as crianças, os cães estabelecem uma comunicação recíproca que possibilita um desenvolvimento da auto-estima, respeito, companheirismo, visão de futuro e ainda estimula a liberação de substâncias que podem ser benéficas ao organismo, como endorfina e adrenalina. (BECKER, 2003)

Portanto, o estudo sobre o tema é de suma importância devido ao cenário atual do mundo contemporâneo, em que as pessoas têm seu tempo cada vez mais limitado e o ritmo de vida cada vez mais estressante, levando-as a apresentar problemas de ordem psicológica.

Dos animais domésticos, o cão é uma das espécies mais brincalhonas que existe. Agitação e irreverência são as características comuns a muitos deles. A natureza alegre de um cão saudável é uma das maiores satisfações para o seu dono, por isso não é necessário sublinhar como é benéfica a relação entre uma criança e um cão. Para a criança, o cão torna-se um privilegiado e companheiro inseparável de brincadeiras.

Com todos os avanços da ciência, pesquisas (como as desenvolvidas por BECKER, 2003; GOLDEN, 2004) mostram, que o convívio com os animais é considerado um dos melhores recursos terapêuticos. Os animais domésticos passaram a ser considerados importantes na sociedade por oferecer apoio emocional.

Segundo alguns estudos os animais de comportamento dócil trazem ao ser humano momentos de tranqüilidade e alegria. Nesses momentos principalmente, as pessoas deixam de lado seus problemas, dores, insatisfações, seus momentos de solidão e tristeza; sentem-se mais dispostas a falar com os animais, pois estes os retornam um olhar não julgador e não crítico. Além disso, a simples presença de um animal de estimação pode ser relaxante, ajuda a diminuir a pressão sangüínea e o estresse.

Para comprovar esta relação, foram realizadas diversas pesquisas científicas, obtendo várias informações relevantes para a Psicologia. Por exemplo, em 1999, Karen Allen (apud FARIA, 2004) cardiologista da Universidade de Nova York, agrupou 48 corretores do mercado financeiro (homens e mulheres) que apresentavam altos níveis de pressão arterial e estresse. Metade deles, escolhidos ao acaso, receberam um cão ou gato e passaram a morar juntos. Após um semestre o grupo "tratado" com animais de estimação tinha pressão arterial normal e o estresse reduzido à metade. Outros autores pesquisaram a sobrevivência de enfartados coronários possuidores ou não de animais de estimação. Nessa pesquisa, eles analisaram 92 pessoas. Destas 53 possuíam animais de estimação incluindo cães; neste grupo foi alcançado o índice de sobrevivência de 94%, após o infarto. No restante do grupo, que não possuía animais, o índice obtido caiu para 71%. Em 1997, houve o acompanhamento de 2805 pessoas por 89 meses. As mulheres observadas que tomavam antidepressivos e possuíam animais de estimação, precisavam de doses menores do que as que não os possuíam. Tendo em vista os benefícios obtidos com a interação homem-animal, acredita-se que, uma terapia em que predomine esta interação seja uma alternativa positiva de reabilitação física e mental em seres humanos, pois a ação de cuidar de outro ser vivo tende a ser autocurativa. (FARIA, 2004)
Nos idosos, sabe-se que o animal proporciona a melhora da auto-estima devido ao contato físico e ao despertar do senso de responsabilidade. Pelo fato de terem que cuidar do bicho, as pessoas mais velhas passam a se sentir úteis. A introdução de animais em asilos é uma boa forma de recreação e socialização. (LIMA, 2005)

Em muitos lugares, os animais são usados na recuperação de doentes, convalescentes e até presidiários. Na Europa, 30% das terapias de recuperação utilizam animais. Em San Francisco, nos Estados Unidos, existe um programa em que cães e gatos oferecem conforto a pacientes terminais de Aids.

A aplicação dessa técnica foi muito positiva e seus resultados começaram a ser divulgados nos Estados Unidos, indicando a possível melhoria nos aspectos afetivo, comunicativo e cognitivo dos pacientes, principalmente das crianças.

Atualmente, os princípios dessa terapia mediada por animais são utilizados em todo o mundo. O trabalho é realizado através da utilização de cães, gatos, cavalos, peixes, tartarugas, coelhos, etc em hospitais e escolas especializadas no tratamento de crianças que apresentam problemas psicológicos e na reabilitação de crianças portadoras de deficiências múltiplas. O vínculo afetivo que o paciente logo estabelece com o animal é o primeiro passo para o sucesso da terapia, pois abre caminho para a comunicação com o terapeuta. Além disso, se o paciente tiver a oportunidade de presenciar a atitude do terapeuta com os animais, isto claramente servirá de exemplo, gerando mais confiança no desenvolvimento da relação com o profissional.

São inúmeros os benefícios proporcionados nessa terapia, podendo se estender a qualquer classe de pessoas. Entre os benefícios físicos estão: exercícios e estímulos variados relativos à mobilidade; estabilização da pressão arterial e reações químicas positivas; bem-estar; afastamento do estado de dor; e encorajamento das funções da fala e das funções físicas. Entre os benefícios mentais estão: estímulo à memória da pessoa levando em conta as diversas observações relativas à sua própria vida e dos animais que ela tem contato; e exercícios de cognição por meio de material usual do animal, da alimentação e de higiene. Entre os benefícios sociais estão: recreação, diversão e alívio do tédio do cotidiano, afastando o isolamento; oportunidade de comunicação e sentido de convivência; possibilidade de troca de informações e de ser ouvido; e sentimento de segurança, socialização e motivação. Entre os benefícios emocionais estão: amor incondicional e atenção; espontaneidade das emoções; redução da solidão; diminuição da ansiedade; relaxamento; alegria; reconhecimento de valor; e troca de afeto. (DOTTI, 2005)

Visto o exposto, não há dúvidas de que muito se tem a ganhar no que se refere ao estudo sobre o tema, visto que produzirá efeitos a posteriori, já que a criança que tem seu lado afetivo bem explorado e desenvolvido terá grandes chances de se tornar um adulto bastante equilibrado afetivamente.

Portanto, o presente artigo é fruto de uma pesquisa qualitativa de campo – aquela que trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações. (MINAYO, 1994)

Tal pesquisa teve como objetivo principal verificar se o convívio com cães no seio da família realmente influencia o comportamento de crianças, melhorando a comunicação, a auto-estima e principalmente a afetividade infantil.

Assim sendo, os focos da pesquisa realizada foram: as diferenças em relação a afetividade e o emocional de crianças que convivem com cães e crianças que não convivem com tais animais; a relação existente entre o convívio com cães e o comportamento das crianças durante as suas brincadeiras, enfatizando os possíveis de indícios de agressividade nas brincadeiras daquelas que não convivem com esses animais; os aspectos relacionados ao relacionamento social das crianças, levando em consideração o convívio ou não com cães; averiguação se o convívio com cães influencia ou não o rendimento escolar das crianças; e por fim a importância da cinoterapia, levando em consideração o ponto de vista das psicólogas que fazem uso de tal terapia.

Cinoterapia – Bases Teóricas

Apesar da cinoterapia – terapia facilitada por cão –– ter tido sua origem aproximadamente no século XVIII na Inglaterra, quando foi descoberto que o convívio com cães trazia benefícios psicológicos, pedagógicos e sociais, as publicações sobre tal tema ainda são diminutas, assim como as práticas empíricas.

Alguns teóricos como Marty Becker (2003), Golden (2004), entre outros, através de seus estudos, formularam algumas teorias sobre os benefícios decorrentes do convívio com os cães.

Devido ao padrão de vida atual, muitos pais têm trabalhado fora durante o dia inteiro. Até mesmo a mulher, que antes cuidava da casa e da criação dos filhos, cada vez mais ganha espaço no mercado de trabalho, não tendo mais tanto tempo para o convívio diário com seus filhos. Atualmente os pais podem ficar absorvidos demais no frenesi da vida cotidiana para proporcionar aos filhos toda a atenção que eles precisam. No entanto, um bicho de estimação sempre lhes dará atenção e terá tempo para brincar com eles.

Segundo o médico veterinário Dr. Marty Becker (2003), as mães que trabalham fora, quer sejam sozinhas ou casadas, consideram os bichos de estimação uma maneira de normalizar as horas solitárias que uma criança pode passar em casa, depois da escola. Quanto mais horas trabalham, mais tempo as crianças passam com o animal. Na opinião deste médico, isso aumenta a intimidade e a importância do vínculo. Ele acredita que um bicho de estimação pode ser importante para toda a família de uma criança que passa parte do dia sozinha em casa. Quando pai e mãe trabalham fora, o mundo se torna menor. As crianças têm menos probabilidade de se envolver com amigos, grupos juvenis e outras atividades similares. Os pais, exaustos, também têm menos disposição para expandir o mundo dos filhos. Com isso o bicho de estimação torna-se um importante catalisador da espontaneidade e da diversão em família. Alan Entin (1989 apud BECKER, 2003), um psicólogo de Richmond, Virgínia, que estudou os efeitos dos animais sobre a estrutura familiar, acredita que o bicho de estimação da família pode servir como uma tela para a projeção de emoções que os membros não se sentem seguros em expressar uns para os outros.

De acordo com Becker (2003) nos tempos frenéticos em que vivemos, os valores humanos e os objetivos comuns podem ser esquecidos, enquanto nos concentramos naquilo que nos falta como uma família e uma sociedade, em vez do que damos uns para os outros. È nesse ponto que o vínculo com um animal pode desempenhar um papel vital na família. Cada pessoa sente uma ligação intensa com os animais, através da qual podemos demonstrar o que temos de melhor, nossos valores mais altos. Com a prática, aprendemos a usar essas habilidades no relacionamento com os outros membros da família e com todos os cidadãos do mundo. Mas, na falta delas, um bicho de estimação pode servir como refúgio emocional, um ouvinte paciente e um elo de ligação, que proporciona à família, quaisquer que sejam as dificuldades, um senso de propósito e integração.

O convívio com cães também traz benefícios emocionais e afetivos. O amor incondicional e atenção, espontaneidade das emoções, redução da solidão, diminuição da ansiedade, relaxamento, alegria, reconhecimento de valor, troca de afeto, são alguns desses benefícios emocionais decorrentes da convivência com o cão.

De acordo com David Niven (2001), autor do livro “Os 100 segredos das pessoas felizes”, um dos fatores que contribui para a felicidade do ser humano é conviver com um animal. Niven acredita que os animais têm muito a nos ensinar sobre o amor. Quanto mais nos aproximamos deles, mais alegria nos dão. Ele também enfatiza que o amor que os cães oferecem incondicionalmente enche de alegria e revitaliza aquelas pessoas muitas vezes isoladas e abandonadas pelos familiares. Para o autor a relação com os animais nos proporciona uma alegria imediata e provoca sentimentos positivos que contribuem fortemente para nossa felicidade. Ter um animal de estimação aumenta as probabilidades de felicidade em vinte e dois por cento.

O Dr. Johannes Odendaal e a Dra. Susan Lehmann (2001 apud DOTTI, 2005) através de estudos, descobriram que tanto nos humanos como em cães há uma mudança hormonal benéfica que ocorre nas endorfinas beta, phenilatalamina, prolactina, dopamina e oxitocina dentro de uma interação positiva de quinze minutos. Segundo esses teóricos, a liberação dessas substâncias não somente faz as pessoas felizes, mas também diminui o cortisol – hormônio do estresse.

Segundo a psicóloga Sandra Salgado, integrante do Instituto de Psicoterapia Comportamental, ao conviver com o cão a pessoa estabelece um vínculo de afeto e desenvolve a sensibilidade; sendo importante para o desenvolvimento psicológico de cada um. No caso de depressão e síndrome do pânico, o paciente fica obcecado. A presença do animal desvia o foco da atenção da doença para algo que faz bem. Além disso, é saudável para pessoas solitárias e tristes. (BICHO…, 2003)O Dr. Odendaal (2003 apud DOTTI, 2005) realizou um estudo com seis participantes clinicamente depressivos, os quais tiveram a visita de cães por trinta minutos diariamente. O sangue das pessoas do grupo foi medido antes de receberem a visita dos cães, apresentando baixo nível de aminoácidos de precursores químicos que criam o prazer e a alegria, a serotonima, phenylethylamine e dopamina. Depois que os cães foram introduzidos, os precursores do aminoácido dessas substâncias químicas aumentaram no soro do sangue. As pessoas relataram que se sentiam menos deprimidas.Para a psicóloga Débora Gil, especializada em crianças, os pequenos aprendem a ter responsabilidade, já que precisam alimentar, passear e cuidar do animalzinho. Outro ponto positivo é desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro, pois é preciso interpretar as necessidades do cão. O resultado: crianças menos egoístas e mais seguras.

As crianças ansiosas e deprimidas melhoram a olhos vistos, porque se sentem amadas, além de seguras e competentes, já que são capazes de cuidar de um animal. (BICHO…, 2003)Segundo Becker (2003), crianças do mundo inteiro recorrem a seus bichos de estimação em momentos de tensão emocional. Estudos feitos com crianças alemãs da quarta série, revelaram que quando essas crianças sentiam-se tristes recorriam a seus animais, dizendo-lhes que os preferiam à companhia de qualquer outra criança. Uma pesquisa de 1985, com crianças de Michigan entre 10 e 14 anos, constatou que 75 por cento voltavam-se para seus bichos de estimação quando estavam perturbadas. As crianças destacavam a capacidade do animal de escutar, tranqüilizar, demonstrar aprovação e proporcionar companheirismo. Becker acredita que a mesma habilidade que permite que um bicho de estimação perceba o movimento de um esquilo distante, o cheiro de um faisão escondido nas moitas ou o som do entregador de pizza antes mesmo que a campainha toque, proporciona-lhe também a capacidade de sentir mudanças sutis nos ânimos, necessidades e emoções de uma pessoa.Estudos mostram que terapia com cães também auxiliar no tratamento de crianças que apresentam comportamentos agressivos, pois o convívio com cães ajuda a minimizar a agressividade. Segundo Becker (2003) um dos efeitos melhor conhecido refere-se à diminuição dos valores de tensão arterial, registrados em pessoas sujeitas a estresse moderado e na presença de cães amigáveis. É igualmente conhecido o efeito relaxante resultante da observação de peixes expostos em aquários adequados.

De fato, podemos observá-los em salas de espera de alguns consultórios, com realce para os de odontologia.É importante mencionar também o efeito benéfico e calmante proporcionado pela pelagem de certos animais que ao tato se assemelha às texturas reconfortantes. Em reportagem sobre os benefícios da interação com animais, o adestrador Denis Martin, da Universidade de Southamptom na Inglaterra, enfatiza que o simples ato de fazer carinho em um cachorro ajuda a eliminar a carga elétrica proveniente da tensão e conseqüentemente diminui a agressividade. Os pêlos dos animais agem como condutores de energia, e isso não afeta o animal de forma negativa. Ele não absorve essa carga de tensão. Apenas serve como um meio para seu dono liberá-la. (BICHOS…,2003)Gonski (1985 apud GOLDEN, 2004) determinou que a interação com cães também ajuda a crianças a aprenderem que comportamentos sociais são aceitos, baseados nos limites colocados em uma situação de relacionamento. O cão serve basicamente como um modelo para criança praticar habilidades sociais apropriadas e adaptativas. Uma criança agressiva pode aprender a treinar um cão usando apenas reforço positivo. Pode aprender a fazer com que outro ser vivo faça o que ela quer, apenas com carinho e recompensa.

Nossa afinidade com os animais é inata, mas nossa cultura também programa essa reação. Becker (2003) enfatiza que desde o momento em que a criança tem idade suficiente para acompanhar uma história, os protagonistas de seus livros são quase sempre animais. A criança também vê os animais como heróis na televisão, nos desenhos animados e vídeo games, nos brinquedos, no cinema.

Os cães revelam-se ótimos companheiros de brincadeiras para as crianças. De acordo com Becker (2003) os animais oferecem à criança uma maneira de experimentar o mundo físico e social. Alguns animais são macios e reagem ao toque. Assim a espontaneidade da interação faz com que as crianças tentem e tentem de novo, de uma maneira que nenhum programa de televisão, vídeo game ou brinquedo de plástico jamais poderia conseguir. Becker enfatiza que a criança e o bicho de estimação formam seu mundo de segredos, que nunca serão traídos. Há longas sessões de diversão em que nenhum dos dois pensa em qualquer outra coisa. Quando funciona, pode ser uma grande fonte de estabilidade emocional e autoconfiança para as crianças. Torna-se também a base para um caráter mais maduro.

Alguns estudos revelam que o convívio com cães também traz benefícios para o relacionamento social das pessoas. Becker (2003) enfatiza que quando os animais interagem com as crianças, seus sinais são bastante claros. A compreensão de que há uma criatura com sentimentos diferentes afasta as crianças de seu ponto de vista egocêntrico. A compreensão dessa diferença é a base do desenvolvimento da personalidade. Quando convivem com animais as pessoas tornam-se mais sociáveis, interagindo melhor com outras pessoas.

Robert Poresky (1996 apud BECKER, 2003), professor de Desenvolvimento Humano de Estudos de Família da Universidade Estadual do Kansas, descobriu através de seu estudo com crianças em idade pré-escolar que quanto mais alta a pontuação na escala do vínculo com o animal, mais altas as pontuações em todas as medidas de desenvolvimento e empatia. Quando os pais são convidados a classificar as habilidades sociais dos seus filhos, aqueles que têm a classificação mais alta na tabela de vínculo também são os que têm a classificação mais alta na capacidade de confortar e a mais baixa na recusa em cooperar. As pesquisas indicam que cerca de 80 por cento das famílias adquirem algum bicho de estimação quando seus filhos têm em geral entre 5 e 12 anos de idade, pois os pais acham que os bichos vão incentivar a sensibilidade, a responsabilidade e o companheirismo, e de certa forma estão corretos. As crianças que ajudam a criar animais são melhores na decodificação da linguagem do corpo e na compreensão dos sentimentos e motivos dos outros, o que os psicólogos chamam de empatia. Também é alta a percentagem das que desenvolvem a capacidade de dedicar-se aos outros.

Verificou-se também que as crianças educadas no seio de uma família que tenha optado ser responsável por animais de estimação, apresentavam uma melhor comunicação não-verbal, maior popularidade e competência social, assim como níveis mais elevados de auto-estima. O convívio com cães traz benefícios também para as pessoas idosas. Damon e May (1986 apud GOLDEN, 2004) conduziram um estudo em que três pacientes socialmente isolados, acima de 78 anos de idade, com doença de Alzheimer tiveram a oportunidade de interagir com um cão de terapia chamado Bridget. A tarefa dos participantes era simplesmente segurar a guia do cão por 15 minutos. Durante esse tempo, qualquer um poderia visitar ou acariciar o cão enquanto ele estava sob supervisão do participante. Isso foi permitido para manter um cenário natural. A única dificuldade enfrentada durante a experiência foi quando outros pacientes, fora do grupo alvo do estudo, tentaram tirar a guia dos participantes. Um dos participantes, R.S., era um aposentado de 83 anos

Embora R.S. mantinha habilidades sociais mínimas, ele ainda se mantinha retirado dos outros devido a sua doença debilitante. Quando foi dado seus 15 minutos com Bridget, foi percebido pelos autores que ele relembrou com o cão suas experiências passadas com cães e seu estado físico atual. Essa experiência também encorajou sua interação com outros pacientes na instituição. Ao fim do dia, muitas horas depois que o cão saiu, R.S. se lembrou da visita do cão, mas não se lembrou da interação com outros pacientes. A segunda participante, J.U., somente podia falar em fragmentos de frases e foi muito difícil entendê-la. Ela estava consideravelmente isolada e distante de todos da instituição. Ela havia previamente desenvolvido um relacionamento íntimo com outro paciente, que eventualmente teve que ser transferido. Isso a traumatizou e a isolou ainda mais. Na companhia do cão, ela não demonstrava tentativa de conversa com Bridget, mas continuadamente sorria e focava no cão e seu treinador. Durante esse tempo, J.U. também sorria mais para equipe da instituição e outros pacientes, ela até mesmo sentou com o grupo mais ativo durante o almoço. Depois que Bridget se foi, ela continuou a sentar com o mesmo grupo e sorrir a outros. Finalmente, J.L., um paciente isolado socialmente teve a oportunidade de interagir com Bridget. Durante a visita, ele se tornou muito animado e falou do cão para outros pacientes. Ele quis segurar o cão e até orientou outros pacientes a segurar o cão corretamente. Depois que Bridget foi embora, o humor de J.L. melhorou e assim se manteve por todo o dia, embora não pudesse se lembrar da visita no final do dia. Embora os três pacientes rapidamente se esqueceram da visita do cão de terapia, provou ser benéfico para interações sociais.            

Jerson Dotti (2005), fundador do Projeto Cão do Idoso e presidente da Organização Brasileira de Interação Homem-Animal Cão Coração (OBIHACC), relata em seu livro que um dos casos que mais o comoveu foi o de uma idosa de 69 anos que apresentava problemas neurológicos e nem sequer abria os olhos. Até que em determinado dia, um dos cão do Projeto Cão do Idoso insistiu em ter o carinho dela, chamando sua atenção por meio do toque da pata dianteira em sua perna, pedindo afeto e com o focinho conseguiu levantar a mão da senhora para afagar-lhe a cabeça. Dotti relata que a idosa abriu os olhos, sorriu e chorou muito e desde esse dia, com a chegada de qualquer cão, ela saía do estado de indiferença ao mundo exterior. Após essa experiência, a senhora começou a melhorar a sua saúde, aceitando outros tratamentos. Ela anda, fala, alimenta-se melhor, participa de todas as sessões de terapia e está a maior parte do tempo ligada à realidade.Segundo Dr. Boris Levinson (1962 apud MACIEL, 2004), introdutor do uso de cinoterapia com crianças, as pessoas geralmente falam com os animais, compartilhando com eles seus pensamentos, sentimentos e lembranças. Além do mais quando um animal está entre duas pessoas, ele sem querer as aproxima, pois tem algo de que possam falar. A mera presença de um cão pode facilitar uma interação terapêutica com os pacientes que possuem pouca ou nenhuma comunicação verbal ou que tenham dificuldades de socialização.            

A interação com os animais também surte efeitos positivos no desenvolvimento mental das crianças. Poresky (1996 apud BECKER, 2003) entrevistou 88 (oitenta e oito) crianças em idade escolar e suas famílias, de 5 (cinco) creches do Meio Oeste dos Estados Unidos, a fim de determinar até que ponto os bichos de estimação influenciavam o desenvolvimento infantil. Poresky descobriu, então, que as crianças de famílias que possuíam animais tinham um nível superior de desenvolvimento cognitivo, social e motor. Esse elo com o bicho de estimação além de aumentar a competência da criança e seu sentimento geral de que é justa e confiável, também pode ter impacto pequeno, mas positivo, na inteligência. Nesse estudo Poresky constatou que aquelas crianças que tinham pontuações mais altas, em sua Tabela de Vínculo com um Companheiro Animal, eram também as que alcançavam uma média superior de 5 (cinco) pontos nos testes de Q.I. Além disso os pais de crianças que freqüentavam o jardim-de-infância, muito apegadas a seus bichos de estimação, relatavam menos problemas de comportamento.

Os professores tinham mais facilidade com essas crianças na sala de aula. Em outro estudo, crianças que disseram ter recebido um apoio emocional significativo de seus bichos de estimação foram classificadas pelos pais como menos ansiosas e retraídas. Portanto, o que se observa através destes estudos é que o relacionamento com animais pode ajudar não apenas no desenvolvimento cognitivo das crianças, mas também a elevar o nível de seu Q.I. e a melhorar seu rendimento na leitura.           

Outros estudos comprovam o quanto o uso cinoterapia é benéfico para pessoas que apresentam problemas psicológicos, sociais e pedagógicos. Segundo Dr. Levinson (1969 apud GOLDEN, 2004) as crianças sentem-se mais a vontade para relatar suas experiências ao cão, pois elas percebem que o animal é um ser não-crítico e não-julgador Levinson acidentalmente deixou seu próprio cão, Jingles, sozinho em um quarto com uma criança reservada, quando retornou, percebeu a criança engajada em uma intensa conversa com o cão. Ele determinou que animais poderiam ser úteis durante o processo de avaliação com crianças. Embora haja testes para medir traços de personalidade, QI, e habilidades diversas, é difícil verificar através desses testes psicológicos como uma criança irá interagir com outros. Mesmo se um adulto, como um dos pais, está no recinto durante a avaliação da criança, a criança pode ser induzida a agir de uma maneira diferente, atípica. Tendo um animal presente durante a avaliação poderia permitir ao terapeuta apreciar o comportamento da criança. De certa forma, o terapeuta poderia observar a criança se expondo mais.

A interação com o animal algumas vezes leva a expressão de alguns problemas profundamente estabelecidos que não seriam revelados de outras maneiras, especialmente aqueles ligados a família. Reichart (1998 apud GOLDEN, 2004) estudou o valor de animais no tratamento de crianças vítimas de abuso sexual. Salientou a importância da cinoterapia nesse tipo de situação, pois a criança tipicamente se torna fechada e tímida. Usando o animal, o terapeuta podia ajudar a criança a expressar sentimentos e emoções que não foram reveladas a adultos tão prontamente ou com tanta facilidade. Ele sugeriu perguntar a criança em nome do cão, o que tornou o processo da entrevista mais confortável para a criança. Também foi mencionado que o animal poderia atuar como um "alter ego" para o jovem paciente. Em outras palavras o terapeuta poderia informar a criança que o cão facilitador tinha tido uma certa experiência e perguntaria a criança como ela se sentiria depois daquela experiência. Com esse recurso a criança podia expressar seus sentimentos a respeito do abuso que sofrera.

A expectativa é que a simples presença do cão na terapia ajude a aliviar alguma parte da ansiedade tipicamente associada com o processo. A criança observa o terapeuta tratando o cão com gentileza e carinho e assume que ela seria tratada da mesma maneira. Em outro estudo, Redefer e Goodman (1989 apud GOLDEN, 2004) usaram a cinoterapia em sessões com crianças autistas para descobrir se um cão seria um auxiliar útil. O estudo foi conduzido com 12 participantes autistas, 3 meninas e 9 meninos entre os 5 e 10 anos de idade. Os participantes foram testados individualmente. O estudo foi separado em quatro fases: a primeira como avaliação inicial com 3 sessões de 15 minutos cada; a segunda era tratamento, incluindo apenas o terapeuta, a criança e o cão com sessões de 18 a 20 minutos. A terceira fase compreendia o pós-tratamento, com as sessões semelhantes a fase inicial, sem o cão. A quarta fase foi o acompanhamento de um mês depois do início do estudo. Durante a avaliação inicial, tanto as ações da criança quanto as do terapeuta foram registradas por vários auxiliares enquanto interagiam. Durante as seis primeiras sessões, o terapeuta pode encorajar a criança a interagir com o cão e modelar comportamento apropriado com o animal. Nas seis sessões seguintes, o terapeuta encorajava atividades secundárias com o animal, como jogar uma bolinha, alimentá-lo e escová-lo. Então havia seis sessões restantes, antes do terapeuta retornar aos procedimentos iniciais, para determinar se o tratamento teve êxito.

As sessões de terapia foram registradas pelo pesquisador e alguns assistentes. Como resultado da cinoterapia as crianças com autismo exibiram mudanças em seu comportamento. Houve um aumento na interação social de uma média de 2.8% tentativas de interação durante a avaliação inicial para 14.6% quando o cão foi introduzido à criança. Durante o estudo de acompanhamento de um mês, a interação social das crianças caiu, mas se manteve com uma média de 7.4% tentativas de interação, muito mais alto do que nas avaliações iniciais. Durante a terapia houve também um decréscimo no isolamento de 17.2% momentos de isolamento no período de avaliação inicial para 5.8% durante tratamento. O estudo de acompanhamento de um mês indicou que houve aumento depois da terapia, entretanto se manteve com uma média de 12.1% momentos de isolamento, significativamente abaixo da média do período inicial de avaliação. Esse estudo demonstrou que a cinoterapia poderia ser usada em crianças com autismo para ajudá-las a interagir com outras pessoas. Becker (2003) relata em seu livro um estudo conduzido na Universidade Estadual de Washington que demonstrou que os cães podem chamar a atenção das crianças autistas. Foram realizadas gravações em vídeo de três condições com as crianças: um terapeuta com uma bola, outro com um animal de pelúcia e o último com um cão. Foram 45 sessões em 15 semanas.

Foi observado que as crianças olhavam o cão e conversavam com ele por maior período de tempo do que com as outras duas situações.Em um artigo, Johnson (1983 apud GOLDEN, 2004) relatou os benefícios da cinoterapia no trabalho com crianças com necessidades especiais. A cinoterapia foi capaz de provocar respostas em crianças que a terapia convencional não provocou. Por exemplo, o artigo discute uma vítima que se tornou totalmente isolada socialmente depois do acidente. Não se comunicava com a equipe do hospital, ficava somente em seu quarto. Quando a equipe levava filhotes ela imediatamente se soltava. Os filhotes permitiam a criança ter total controle da aproximação com os outros e de seu afeto. Logo depois da introdução inicial dos filhotes, a jovem garota estava disposta a freqüentar a sala de jogos com outras crianças do hospital e insistiu em sair com o grupo para o zoológico. Outro exemplo do mesmo autor envolveu uma criança com déficit verbal causado por uma desordem cerebral severa. Depois que a criança foi introduzida a um Collie, chamado Duke, demonstrou acentuado incremento em auto-estima e habilidades de comunicação. Como a criança tinha dificuldade de comunicação verbal, o cão permitiu a oportunidade de comunicação não verbal, o que incentivou sua autoconfiança. O autor destacou que a dependência de um cão permitiu a criança com necessidades especiais oferecer apoio a outro ser vivo, revertendo seu papel de sempre ser apoiada. Em resumo, o contato com o cão providenciou senso de autonomia e valor próprio, pois a criança passou a se perceber como útil e benéfica. Nos autistas, a pet terapia proporciona melhora na capacidade de comunicação e na sensibilidade, embora muitos desses pacientes não falem e tenham aversão ao toque.

Uma equipe de voluntários costuma levar cães ao visitar o abrigo de crianças e adolescentes deficientes físicos – O Lar Maria de Lourdes em Jacarepaguá. Lá são deixadas crianças com os mais variados problemas de deficiência, mas a grande maioria é portadora de hidrocefalia e Síndrome de Down. A equipe leva filhotes da raça Pit Bull para passar uma tarde inteira brincando com essas crianças e relatam que o mais incrível é que mesmo as crianças que quase não conseguem falar ou se mexer, ao ver os cachorrinhos, fazem um esforço fenomenal para chegarem mais perto deles e ter mais atenção, uns gritam “au au”, outros fazem sinais com as mãozinhas chamando e outras que não tem a mínima condição de se levantarem da cama apenas sorriem quando os filhotes são colocados perto delas. Em hospitais e clínicas psiquiátricas, os pacientes hospitalizados têm nos animais um catalisador para interações que ajudam no tratamento. A Dra. Nise da Silveira (1955 apud DOTTI, 2005), apontada como a pioneira na Terapia Assistida por Animais no Brasil, desenvolvia seu trabalho com esquizofrênicos no Centro Psiquiátrico D. Pedro II – Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.

Ela verificou as vantagens da presença de animais no hospital psiquiátrico. Observou que o cão possui qualidades que o fazem aptos a tornar-se um ponto de referência estável no mundo externo, nunca provoca frustrações, dá afeto incondicional sem pedir nada em troca, além de levar calor e alegria ao frio ambiente hospital.A Terapia Facilitada por Cão é benéfica também no cenário educacional. No ambiente escolar, crianças são mais prováveis de se abrir a um orientador pedagógico quando o cão está presente, ou até mesmo se a criança sabe que ele possui um cão. Este pode até mesmo quebrar o gelo entre professores e crianças em uma situação desconfortável.Os cães podem servir como uma ponte para o desenvolvimento intelectual de uma criança. Há programas nos quais as crianças lêem para o cão. As experiências comprovaram que as crianças não tinham preocupação em ler em voz alta para o cão, visto que este não poderia censurá-las nem corrigi-las. (DOTTI, 2005) Martins (2005) acredita que o aprendizado através dos animais pode contribuir para a formação e o aperfeiçoamento, preparando os alunos para que sejam mais preocupados e conscientes com as atitudes de respeito, responsabilidade e preservação à vida de todos os seres vivos e meio ambiente. Enfatiza ainda, que animais nas escolas representam uma forma de inserir de modo transversal no currículo escolar temas como: respeito ao ser humano e aos animais, ética, meio ambiente, respeito às diferenças (inclusão), preservação, educação de sentimentos; sem excluir os conteúdos curriculares tradicionais.

Professores que receberam animais em suas salas de aula observaram um efeito tranqüilizante nos alunos, principalmente naqueles com dificuldades de aprendizagem e comportamentais; provocando melhoria no comportamento e concentração, reduzindo o estresse e melhorando a auto-estima. Além disso, observou-se também maior abertura à participação de crianças mais reservadas ou tímidas.Portanto, podemos comprovar através dos estudos citados, que o convívio com cães traz inúmeros benefícios em relação aos aspectos emocional/afetivo, cognitivo e social das pessoas, principalmente das crianças.  TRILHANDO O CAMINHO DA PESQUISA

Tendo como objetivo identificar a importância da Cinoterapia – Terapia Facilitada por Cães utilizada com crianças que apresentam problemas na afetividade, foram realizadas entrevistas, via e-mail, com 2 psicólogas que fazem uso de tal técnica.

Além disso, tendo como objetivo específico comparar a afetividade de crianças que convivem com cães com crianças que não convivem com cães, foram realizadas, de forma adicional, 10 entrevistas semi-abertas, o que permitiu que o entrevistado relatasse suas experiências de forma livre, não havendo necessidade de ficar vinculado apenas àquilo que lhe foi perguntado. Tais entrevistas foram realizadas com pais de crianças na faixa etária de 3 a 10 anos, sendo que os entrevistados foram divididos da seguinte maneira: 5 pais de crianças que conviviam com cães de estimação (2 crianças do sexo masculino e 3 criança do sexo feminino) e 5 pais de crianças que não conviviam com cães (4 crianças do sexo masculino e 1 criança do sexo feminino). A pesquisa foi centrada na cidade de Campos dos Goytacazes.

 A partir das informações colhidas através da pesquisa de campo, houve a utilização da técnica de análise de conteúdo a fim de averiguar a veracidade da hipótese previamente estabelecida.
 
 
A Pesquisa
 
A fim de averiguar a importância da Cinoterapia foram feitas entrevistas via e-mail com 2 (duas) profissionais que fazem uso de tal terapia. As entrevistadas foram Alessandra Comin Martins e Manuella Balliana Maciel.

De acordo com o que estas relataram na entrevista, trata-se de uma terapia que utiliza os cães como mediadores do processo terapêutico. É um recurso inovador, com amplas possibilidades de aplicação. Pode ser utilizada em crianças, adolescentes, adultos e idosos, que tenham comprometimento físico, psicológico e/ou social.

Os cães com treinamento especial auxiliam profissionais da área da saúde a trabalhar a fala, equilíbrio, expressão de sentimentos e motivação. Estas terapias contam com cães adestrados por um profissional da área e com o auxílio de psicólogos, fisioterapeutas, médicos e médicos veterinários. Esses cães realizam exercícios buscando estimular o paciente nos sentidos físico e psicológico, trazendo benefícios para o mesmo providenciando numerosas oportunidades para crescimento pessoal baseado em benefícios educacionais, recreacionais ou motivacionais a partir do contato com o animal.

Os exemplos que poderiam ser empregados para ilustrar este ponto são inúmeros. Apesar do desenvolvimento tecnológico o trabalho desempenhado pelos cães guia é bem conhecido e apreciado, muito em especial pelos deficientes visuais. De igual modo, embora menos conhecido, o precioso serviço prestado por cães especialmente treinados para auxiliarem indivíduos com problemas motores, quer estejam acamados quer confinados a cadeiras de rodas, demonstra o quanto à companhia de um animal pode ser benéfica. Estes cães são treinados para apanharem objetos do chão, irem buscar objetos, fecharem portas, apagarem a luz e darem o alerta quando existem alterações do estado de saúde do seu "protegido" humano. O grau de confiança que os indivíduos nesta situação experimentam  devido ao apoio prestado pelo cão é notório e significativo.

As psicólogas enfatizaram que o contato com o animal proporciona um bem estar imediato, fazendo as pessoas sentirem-se melhor e mais dispostas a falar sobre si, realizar um exercício fisioterápico e até mesmo interagir com o meio social. Desde a primeira sessão nota-se uma resposta positiva ao cão que pouco a pouco vai sendo estendida ao convívio familiar e social.

Melhoras nos quadros de ansiedade, estresse, hipertensão, auto-estima, comunicação e sensibilidade são alguns relatos dos pacientes submetidos à terapia com animais.

De acordo com a psicóloga Alessandra Martins, a criança que convive com animais em geral, principalmente com cães é uma criança mais afetiva, mais tranqüila, com maior capacidade de troca, menos egocêntrica, com maior percepção dos outros, com maior compreensão dos ciclos da vida. Ela acredita ainda que o senso de responsabilidade é maior e quando é a criança que pede um animal, normalmente, é para suprir alguma carência individual e às vezes familiar. São crianças mais equilibradas, com menor tendência a distúrbios de humor. “Os cães interagem diretamente, fazendo uma relação de troca, intensa com a criança, o que não ocorre com outros animais”, completa a psicóloga.

Em entrevista, a psicóloga Manuella Maciel relatou que inúmeras melhoras são observadas. No asilo as idosas riem mais, se comunicam melhor, sentem menos dor, trabalham a memória (com relação aos nomes dos cães e às lembranças de quando tinham um animal) e observa-se também melhoras no caso de depressão. Nas escolas especiais (para autistas e psicóticos), as crianças e adolescentes interagem mais com as pessoas, ficam mais calmos, aumenta a auto-estima, mostram melhoras quanto à agressividade e até fazem vínculo com os cães. A psicóloga comentou ainda que na clínica, a relação transferencial com o terapeuta é bem mais rápida com a presença de um cão. Crianças com dificuldades em falar sobre assuntos delicados acabam se sentindo mais dispostas a falar na presença de um animal. Além disso, na reabilitação, cães com deficiência motivam as pessoas a reagir e lutar por sua melhora.

Foi solicitado, que as psicólogas relatassem um caso marcante. Alessandra Martins comentou que existem vários, mas os mais interessantes são aqueles onde os cães espontaneamente fazem o seu trabalho. Relatou que houve um caso de uma criança extremamente deprimida, com paralisia cerebral e uma deficiência mental moderada, com uma significativa atrofia de membros superiores, que nem conseguia pegar uma colher para comer. Com algumas sessões, já estava abraçando o cão que sozinho descobriu que focinhando os braços da criança e colocando a sua cabeça por baixo deles ele conseguia fazer o contato. Aos poucos a criança se esforçava mais e mais para esticar os braços assim que via o cão. O humor começou a melhorar e a motricidade também. Em pouco tempo conseguia tocar o cão sem que o mesmo precisasse lhe “cutucar”.  A psicóloga observou que a relação familiar também melhorou muito, pois os pais participavam da sessão e viam a evolução lenta, porém gradual. Comentou que essa criança ficou uns 6 meses na terapia com ótima evolução motora, supressão do quadro depressivo, e também melhora no desenvolvimento da interação do paciente com a família, dentro das limitações impostas pela paralisia cerebral.

A psicóloga Manuella Maciel relatou o caso de uma criança autista que não tinha nenhum contato visual com humanos e passou a manter contato visual e interação com um determinado cão. Enfatizou que sua intenção é poder, mais tarde, entrar nesta relação e fazer com que o animal seja uma ponte para a vida social. Outra experiência marcante para Maciel foi com uma adolescente extremamente agressiva, que no seu primeiro contato ficou observando cuidadosamente todos os movimentos que o cão fazia, até que então começou a fazer carinho no animal.

Torna-se evidente que o uso de animais, especialmente cães, na terapia com adultos, jovens e crianças tem sido correlacionados com uma taxa maior de sucesso, a despeito de desafios enfrentados.

Tendo como objetivo específico comparar a afetividade de crianças que convivem com cães com crianças que não convivem com cães, foram realizadas de forma adicional 10 entrevistas semi-abertas com pais de crianças na faixa etária de 3 a 10 anos.

Logo no início da entrevista foi solicitado aos pais que descrevessem seus filhos. No grupo dos pais de crianças que não convivem com cães, em resumo, 2 (dois) responderam que seus filhos são crianças carinhosas, porém agressivas. Um pai respondeu que seu filho é ativo, mas é carente, sente-se um pouco só. Outro pai entrevistado respondeu que seu filho é calmo; e outro ainda, respondeu que seu filho é uma criança dinâmica, alegre, conversa muito, etc.

Já no grupo dos pais de crianças que convivem com cães em suas casas, em resumo, 4 (quatro) responderam que seus filhos são crianças carinhosas, estudiosas, inteligentes, vaidosas e caprichosas. Apenas 1 (um) pai respondeu que seu filho é uma criança carinhosa, mas às vezes é um pouco teimosa.

Foi solicitado aos pais que falassem ainda, sobre a afetividade, o emocional dos filhos (apesar destes já terem dito um pouco sobre esse aspecto na pergunta citada anteriormente). Em síntese, no grupo de pais de crianças que não convivem com cães, 2 (dois) responderam que se trata de uma criança carinhosa; outros 2 (dois) relataram que são crianças carinhosas, mas agressivas e 1(um) pai disse que seu filho é uma criança bagunceira.

Já no grupo de pais de crianças que convivem com cães, 4 (quatro) responderam que seus filhos são carinhosos, sentimentais, emotivos, sensíveis e interessados em tudo. Apenas 1 (um) falou que seu filho é uma criança egoísta.

Quando interrogados a fim de saber qual a reação da criança diante de uma situação difícil, como por exemplo, morte de alguém conhecido ou discussão em família, etc.; no grupo de pais cujos filhos não interagem com cães, 2 (dois) responderam que a criança questiona para saber o que houve; outro disse que seu filho fica indiferente; outro respondeu que a criança fica nervosa, agitada. Por fim, outro disse que ainda não passou por nenhuma situação difícil.

Entre os pais de crianças que interagem com cães, 2 (dois) disseram que seu filho “guarda tudo na memória”. Outro respondeu que a criança fica preocupada. Outro respondeu, ainda, que a criança fica triste e outro relatou que a criança não percebe a situação.

A fim de analisar a relação existente entre o convívio com cães e o comportamento das crianças durante as suas brincadeiras, tendo como foco a averiguação de indícios de agressividade nas brincadeiras daquelas que não convivem com esses animais, foi solicitado aos pais que falassem sobre as brincadeiras dos filhos. Dos pais de crianças que não convivem com cães, 2 (dois) responderam que seus filhos são calmos quando estão brincando. Outros 2 (dois) disseram que as brincadeiras são agressivas e 1 (um) falou que seu filho é muito “arteiro”.
Entre os pais de crianças que convivem com cães, 4 (quatro) responderam que as brincadeiras são calmas e apenas 1 (um) disse que tem observado um pouco de agressividade nas brincadeiras da criança.

Quando interrogados sobre o relacionamento do filho com outras crianças, 2 (dois) pais de crianças que não têm cães em casa responderam que seus filhos são os líderes da turma. Outros 2 (dois) responderam que seus filhos gostam de brincar com outras crianças, mas são egocêntricos; e 1 (um) respondeu que seu filho gosta de brincar com os amigos.

Entre os pais de crianças que têm cães em casa, 4 (quatro) disseram que seus filhos gostam de brincar com outras crianças, enquanto apenas 1 (um) comentou que seu filho é um pouco egoísta.

Com o objetivo de analisar os aspectos relacionados ao relacionamento social das crianças, levando em consideração o convívio ou não com cães, os entrevistados foram interrogados quanto à socialização de seus filhos. Todos responderam que seus filhos apresentam boa socialização.

Foi perguntado ainda quanto ao relacionamento das crianças com pais, irmãos e outros familiares. Entre os pais de crianças que não convivem com cães, 3 (três) responderam que há brigas com alguns familiares, enquanto 2 (dois) responderam que seus filhos apresentam bom relacionamento.

Entre os pais de crianças que convivem com cães, 4 (quatro) responderam que seus filhos têm um bom relacionamento com todos. Apenas 1(um) entrevistado respondeu que seu filho tem um bom relacionamento, mas briga com o irmão.

E por fim, para averiguar se o convívio com cães influencia ou não no rendimento escolar de crianças, foi perguntado aos pais como estava o rendimento de seus filhos na escola. Dos pais de crianças que não interagem com cães, 3 (três) responderam que seus filhos apresentam um bom rendimento escolar; 1 (um) comentou que seu filho só vai a creche para brincar, não estuda; e outro respondeu, ainda, que seu filho apresenta dificuldades no português.

Já entre os pais de crianças que convivem com cães, todos responderam que seus filhos apresentam um bom rendimento escolar.
 
Discussão dos Resultados

Conforme apresentado na introdução, o objetivo da pesquisa era identificar a importância da Cinoterapia – Terapia Facilitada por Cães utilizada com crianças que apresentam problemas de afetividade; e comparar a afetividade de crianças que convivem com cães com aquelas que não convivem com estes. Diante da ressalva de que esse tema ainda é muito incipiente, procuramos então realizar uma exploração inicial através de tal pesquisa.

Considerando os dados colhidos por meio de entrevistas com os pais, que foram devidamente analisadas de acordo com as teorias pertinentes, percebe-se que os objetivos preestabelecidos foram alcançados, pois em todos os aspectos analisados, as crianças que convivem com cães mostraram-se mais afetivas, inteligentes, menos agressivas e tendem a ter melhor relacionamento social.

Vale ressaltar que a entrevista foi feita com pais residentes de uma localidade carente, a qual o vínculo das crianças com os cães não é tão acentuado, pois os animais têm função meramente de guarda das casas, e não permanecem dentro das mesmas. Mesmo assim, houve a comprovação de que o contato com o animal, de maneira direta ou indireta, interfere de modo positivo no desenvolvimento da criança.

É válido ressaltar também que alguns aspectos, como a diferença de sexo e de idade das crianças, entre outros fatores que possam influenciar o desenvolvimento afetivo infantil, não foram levados em consideração na pesquisa. Esse fato aponta possibilidades que devem ser objetos de novas investigações, interpretações e análises sobre o tema.

Apesar de algumas limitações a pesquisa corrobora o que vem sendo apontado como benefício decorrente da interação entre humanos e animais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A contribuição da pesquisa realizada, no âmbito da psicologia, foi a de demonstrar que, apesar de pouco explorada, a Cinoterapia surge como uma eficiente ferramenta no tratamento de pessoas, especialmente de crianças, que necessitam de auxílio psicológico, proporcionando-lhes uma melhor qualidade de vida, visto que o convívio com animais, em especial com cães, é altamente benéfico.

Há muito a se considerar sobre a relação homem-animal. Os efeitos positivos decorrentes da interação com os animais ainda merece muita pesquisa e essa investigação deve ser desenvolvida com todas as implicações científicas.

Apesar de serem poucos os estudos sobre o tema no Brasil, não podemos negar os resultados surpreendentes conseguidos não somente por psicólogos, mas também por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais entre outros profissionais que vêm implantando tal terapia em instituições, hospitais e consultórios. Esses profissionais têm alcançado resultados que talvez as técnicas tradicionais não conseguiriam alcançar.  

Dotti (2005) acredita que aqueles que tiveram um relacionamento com algum animal em sua infância, certamente hoje são mais sensíveis a esses seres e aos fatos do mundo, pois aprenderam, quando crianças, a se importarem não somente consigo.

De acordo com Becker (2003) trata-se de um vínculo que vale a pena explorar, celebrar, proteger e expandir. Se as pessoas tivessem um bicho de estimação o mundo seria mais descomplicado e mais saudável, pois estes nos dão tudo o que tem e não resta a menor dúvida de que é o melhor acordo que a humanidade pode firmar.

Esse vínculo com os animais é a força primordial de uma pessoa feliz e saudável e uma das principais armas da sociedade contra a solidão, a apatia e a depressão.

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3 thoughts on “Cinoterapia: Benefícios da interação entre crianças e cães”

  1. Leonardo E. Camilla disse:

    Muito interessante, adorei o artigo!

  2. Okan Modu disse:

    muito bom. Okan Modu Bulldogs

  3. Rosa Orth disse:

    MUITO BOM! PARABÉNS PELO TEXTO!

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