RedePsi - Psicologia

Análise do comportamento de “ficar quieto” em um paciente com diagnóstico de depressão

Ana Paula Azevedo Campos*, Diana Tosello Laloni
Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Depressão no Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais- IV Texto Revisado (DSM-IV-TR) é caracterizada por: humor deprimido, interesse ou prazer acentuadamente diminuído, perda ou ganho significativo de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo motor, fadiga ou perda de energia, sensação de inutilidade, culpa excessiva ou inapropriada, capacidade diminuída para pensar ou concentrar-se, indecisão, pensamentos recorrentes sobre morte, dentre outros.
De acordo com Ferster (1973) a depressão está intimamente ligada à história de reforçamento do indivíduo e depende do conhecimento da relação sujeito-ambiente, ou seja, das contingências relacionadas ao comportamento depressivo. O repertório da pessoa deprimida é definido como o resultado de um decréscimo na freqüência de certas classes de comportamentos e um aumento na freqüência de outros.
A pessoa deprimida perde certos tipos de atividades e isso está associado a um aumento de comportamentos de esquiva e de fuga de estímulos aversivos.

Objetivou-se analisar as contingências envolvidas em um comportamento de alta freqüência em um paciente com diagnóstico de depressão.
Selecionou-se o comportamento para estudo aquele considerado de maior freqüência. O participante foi um paciente do sexo masculino, 39 anos, com diagnóstico de depressão pelos critérios do DSM-IV-TR. O comportamento considerado de maior freqüência foi coletado através do relato verbal em 5 entrevistas e também por registros de auto-observação.
Os resultados indicaram que o paciente observou e registrou por um período de 2 semanas (14 dias) a classe de comportamento de “ficar quieto” em uma freqüência maior que outros comportamentos.

A análise dos comportamentos indicou que “ficar quieto” apresentou topograficamente uma alta freqüência e funcionalmente relacionou-se com as seguintes contingências: em situações que teria que ficar no meio de diversas pessoas, fica quieto em um canto, promovendo alívio da ansiedade; ver notícias na televisão de violência em agrupamentos sociais, não comentar e isolar-se no quarto, promovendo alívio da ansiedade.

Concluiu-se que o comportamento observado em alta freqüência e analisado funcionalmente é mantido por reforçamento negativo.

CNPq

Acesso à Plataforma

Assine a nossa newsletter