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Análise funcional do relato de atletas, pais e técnicos a respeito de comportamentos de bons e maus competidores na natação

Graziele Thomasinho de Aguiar*; Marcela Vendramini Morato Velosa; Alessandra de Andrade Lopes.
Universidade Estadual paulista (UNESP/Bauru)

A presente pesquisa vem contribuir produzindo conhecimentos que possam subsidiar o trabalho do psicólogo do esporte e de outros profissionais da Ciência do Esporte ligados à natação, fazendo uma análise funcional inicial (descritiva e não-experimental) do relato de atletas, de pais e de técnicos, a respeito de variáveis motivacionais relacionadas aos comportamentos de bons e maus competidores. Participaram deste estudo 35 atletas de uma equipe do interior do Estado de São Paulo, sendo 10 da categoria Petiz (11-12 anos), 15 da Infantil (13-14 anos) e 10 da Juvenil/Júnior/Sênior (a partir de 14 anos); 30 pais de atletas, com idade entre 25 e 45 anos; e 3 técnicos das seguintes categorias, Petiz (com 29 anos), Infantil (com 39 anos) e Juvenil a Sênior (com 36 anos). Os participantes foram submetidos a uma entrevista individual, audiogravada e semi-estruturada, com questões-chave, dividida nos seguintes blocos temáticos: dados de identificação, comportamentos relacionados ao desempenho do atleta durante treinos e competições, interação atletas, pais e técnicos. Os relatos foram transcritos e, em seguida, os relatos dos comportamentos de bons e maus competidores foram identificados e utilizados na confecção de arranjos de contingências. Como resultados, para os atletas, os comportamentos de bons competidores estão relacionados ao treino diário, esforço físico e tático e pensamento positivo para a vitória; os comportamentos dos maus competidores estão relacionados à participação nas competições apenas para passear, ao descaso com o treino e aos pensamentos negativos quanto ao rendimento nas competições. Como variáveis motivacionais, fazendo referência aos comportamentos de bons competidores, os atletas apontam o esforço individual, o acompanhamento do técnico e o relacionamento positivo entre os competidores da mesma equipe. Tanto para os pais quanto para os técnicos, bons competidores são disciplinados, comparecem aos treinos, seguem às orientações do técnico e mantém o autocontrole emocional diante do adversário. Ainda para os pais, bons competidores têm bons técnicos, que acompanham os atletas no treino à beira da piscina, são exigentes, sabem apontar limitações e propor condições de aperfeiçoamento técnico. Para os técnicos a motivação de bons e maus competidores está “dentro deles” para seguir ou não os treinos e “maximizar seu potencial para vencer”. Ainda para os técnicos, bons e maus competidores recebem influência positiva e negativa dos pais, respectivamente, manifestando apoio, por meio de gestos e palavras, e comportando-se como técnicos dos filhos, corrigindo “virada, cabeça, mão”. Em conclusão, este estudo aponta semelhanças e diferenças na identificação e na descrição de variáveis motivacionais relacionadas à emissão destes comportamentos. Tanto no relato dos atletas, pais e técnicos a motivação é essencialmente interna e pessoal. Quanto à influência do ambiente social, os técnicos apontam os comportamentos dos pais, os pais dos técnicos e os atletas da equipe.

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