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Quem é Quem no Pensamento Digital Brasileiro

Resumo: Este texto é a continuação de “Quem é Quem no Pensamento Digital”, desta vez enfocando a produção brasileira sobre o tema.
Portanto só o leia depois de ter conferido sua primeira parte. Clique Aqui

A – O perfil do nosso Pensador Digital

Enquanto os pensadores digitais famosos mundialmente se enquadram no perfil do “business man” bem sucedido, branco e anglo-saxão, os pensadores digitais brasileiros se enquadram todos, sem exceção, no perfil de “doutor acadêmico”. São todos pesquisadores ligados a universidades públicas, o que evidencia duas coisas:

a) que a universidade brasileira, especialmente a pública, é praticamente a única fonte de produção de Saber no país;

b) que nossa classe de empresários é excepcionalmente inerte intelectualmente, não produzindo “gurus” (homens de realizações cujas opiniões acabam pesando muito em seu nicho de atuação)
Penso que é oportuno pontuar que a maioria dos pensadores digitais brasileiros produziram um ou dois livros de destaque, e em seguida seguiram carreira de escritores e conferencistas. Isto é, são ativos em congressos e afins, e produzindo em laboratórios de suas universidades.

A seguir, uma modesta lista desses pensadores, formatada por mim. Qualquer acréscimo, crítica ou sugestão, favor entrar em contato.


B – As Psicólogas Pioneiras

É com satisfação que declaro que os pioneiros no “Pensamento Digital” no Brasil foram psicólogas (semelhante a Sherry Turkle, nos EUA).

Ana Maria Nicolaci-da-Costa

A primeira psicóloga a produzir sobre a internet no Brasil. Seu livro “Na Malha da Rede”, de 1998, é uma aventura jornalístico-investigativa sobre a então novidade estonteante que era a internet no Brasil. Trata-se também de uma das primeiras pesquisas psicológicas on line no país,  seu conteúdo foi extraído de um questionário respondido por e-mail por usuários.

mais sobre:

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=H851
http://www.editoras.com/campus/20258.htm

Tamara Benakouche

A pioneira da história da internet. Trata-se da primeira historiografia da internet no Brasil, amplamente documetada.

mais sobre:
http://www.ime.usp.br/~is/infousp/tamara.htm


C – Sociologia da Tecnologia Digital

André Lemos

Sociólogo da tecnologia e da mídia. Se eu fosse comparar a algum grande pensador digital de renome mundial, certamente seria a “Pierre Levy”. Sua obra vai desde a arte digital até o cyberativismo, passando pela Sci Fi Cyberpunk!

mais sobre:
http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/

Valdemar Setzer

O grande nome nacional contra a internet. Setzer é um cientista da computação que atua como professor e pesquisador na USP e que odeia computadores (quando usados por pessoas). Baseado na Pedagogia Waldorf defende que apenas pessoa com mais de 18 anos deveriam ter contato com mídias eletrônicas e que o computador, de um modo geral, emburrece o usuário, pois o modela a pensar como uma máquina.

mais sobre:
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/


D – Educação a Distância

Lynn Alves

Trata-se de uma das primeiras pedagogas a pensar a educação a distância no Brasil. Bastante ativa e profícua, coordena associações e eventos. Além desse tema, Lynn Alves também escreve “Game Over – Jogos Eletrônicos e Violência”, um dos primeiros livros nacionais a abordar a psicologia dos jogos eletrônicos. É curioso notar como o tema “Educação a Distância” congrega pesquisadores de diversas partes do país, incluindo Norte e Nordeste, como o grupo de contatos de Lynn Alves evidencia.

mais sobre:
http://www.lynn.pro.br/


E- Arte Digital

Lúcia Leão

Tida por muitos como a maior artista digital brasileira. Sua obra começa com as video-instalações e abarca o uso de tecnologias digitais em ambientes inteligentes. Sua vasta obra acadêmica sobre a arte possui forte influência da semiótica e lingüística, conferindo rigor teórico a seu trabalho.

mais sobre:
http://www.lucialeao.pro.br/


F – Direito Digital

Patrícia Peck

No Brasil a pioneira da área foi a jovem advogada Patrícia Peck. Com apenas 30 anos criou o primeiro portal a discutir as questões jurídicas relativas a internet e afins.

mais sobre:
http://www.patriciapeck.com.br/livro.asp

G – Alguns Grupos Relevantes

Além de indivíduos célebres, penso ser necessário falar de iniciativas grupais no pensamento digital brasileiro.

1) O próprio RedePSI, portal que você está acessando agora, é um excelente exemplo cuja história remete ao pioneirismo de um grupo de pesquisadores da USP, dentre os quais destaca-se Ivelise Fortim e Oliver Zancul.

2) Na mesma linha, destaca-se o portal Psicologia Aplicada (www.psicologiaaplicada.com.br), um marco na experimentação dos serviços psicológicos a distância no Brasil.

3) Ainda em São Paulo, impossível não mencionar a primeira iniciativa em Arte, Entretenimento e Educação Digital no Brasil: a “Caverna Digital” da USP. http://www.lsi.usp.br/~rv/p/cave_lab_p.html

4) Variando geograficamente, penso ser oportuno falar de duas fundações de pesquisa e desenvolvimento tecnológico: o CESAR, em Recife (http://www.cesar.org.br/) e a Fundação CERTI, em Florianópolis (www.certi.org.br). Ambas pioneiras no uso de recursos digitais para entretenimento e educação.

5) Para finalizar com uma referência importante, cito o NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologa em Informática), criado em 1995 pela professora Rosa Farah e pelo Lorival de Campos Novo. Site: http://www.pucsp.br/nppi/

H – Considerações Finais

Para finalizar, um alerta. Nossos pensadores digitais, de um modo geral, ainda estão discutindo possibilidades técnicas e éticas da internet e congêneres cerca de 11 anos após seu boom comercial no Brasil. Enquanto isso, a educação a distância avança exponencialmente, muitas vezes feita sem rigor teórico-prático; e a terapia a distância parece estagnada, uma vez que não há nem sombra ainda de regulamentação e viabilidade profissionais.

O Brasil não carece de Pensadores Digitais, como você pôde perceber neste artigo. Mas parece carecer de ações efetivas para disciplinar as práticas na área. Acredito que a próxima década verá as práticas digitais, como a Terapia a Distância, Telemedicina, Educação a Distância, etc, se firmarem como importantes e comuns recursos profissionais no país todo. E tal objetivo depende fundamentalmente do trabalho dos nossos pensadores e profissionais hoje.

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