A Diferenciação De Dimensões E Propriedades Do Responder: Descrição De Uma Mudança Comportamental Na Clínica

Francielly Perón; Jocelaine Martins da Silveira* Universidade Federal do Paraná

A noção de classe de resposta é crucial para formulação do caso clínico e planejamento da mudança comportamental do cliente. Uma classe de respostas é definida pelas conseqüências comuns que elas produzem. Um pressuposto importante do estudo foi o de que a mudança clínica está estreitamente relacionada ao tipo de classe que é enfraquecida e outra fortalecida, conforme a sistematização feita pela Psicoterapia Analítica Funcional. Recorreram-se aos conceitos de Modelagem, Diferenciação e Indução para analisar um processo de mudança comportamental na clínica. A modelagem trata da modificação gradual de alguma propriedade ou dimensão do responder. A diferenciação refere-se à proporção de respostas dentro dos limites da classe operante aumentada como resultado do reforço diferencial. A indução é a difusão dos efeitos do reforço a repostas fora dos limites de uma classe operante.

O objetivo desse estudo foi descrever um processo de mudança em que a classe de problema transforma-se em uma classe relacionada à melhora. O método consistiu em analisar as quinze sessões iniciais realizadas com uma cliente atendida em uma clínica-escola pública. Foram usados protocolos de registros de comportamentos clinicamente relevantes de cada sessão. Os protocolos foram preenchidos durante cada sessão pela terapeuta e por um observador treinado. Além disso, as sessões também foram registradas em videoteipe. Os dois tipos de registros auxiliaram na identificação de propriedades e dimensões das respostas que foram sendo selecionadas pela terapeuta até que uma nova classe operante relacionada à melhora tivesse sido instalada. Os resultados descreveram os comportamentos interpretados como parte do problema e os relativos à melhora clínica, indicando as propriedades e dimensões que foram sendo diferenciadas ao longo da terapia. Discutiu-se a extensão da pertinência da idéia comumente aceita em Análise Comportamental da irrelevância da topografia frente à funcionalidade do comportamento, já que a mudança comportamental inicia-se frequentemente em aspectos topográficos do responder. Agência fomentadora: UFPR/TN