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Aprendizagem De Leitura E Escrita Para Palavras Familiares, Não-familiares E Pseudo-palavras

Débora Corrêa de Lima*; Julia Zanneti Rocca; Tatiana Cristina Vidotti; Deisy das Graças de Souza. Universidade Federal de São Carlos.

Segundo a perspectiva da Análise do Comportamento, ler e escrever não são comportamentos únicos, mas conjuntos de habilidades específicas e diferenciadas que devem ser aprendidas para que a leitura e a escrita se desenvolvam. A aquisição de um repertório básico para essas duas habilidades pode ser interpretada como o estabelecimento de uma rede de relações comportamentais interligadas por meio da formação de classes de equivalência de estímulos. A partir dessa concepção, vem sendo constituídos programas de ensino sistemáticos e eficientes. Nesse estudo, são relatados procedimentos informatizados para ensinar repertórios de leitura e escrita para cinco crianças com dificuldades de aprendizagem.

O programa inclui conjuntos de palavras ditadas, palavras impressas e figuras. Diferentes tipos de palavras compõem os procedimentos de ensino de leitura, desde palavras conhecidas pelos alunos, passando por palavras que, provavelmente, não fazem parte do cotidiano dos alunos e também palavras elaboradas pelos pesquisadores. O estudo de Bandini (2002) demonstrou que os alunos se saíam melhor ao ler palavras significativas que as pseudo-palavras (formadas por conjugação de sílabas). Esse estudo pretende investigar se o mesmo tipo de diferença ocorre para a leitura de palavras não-familiares. Os alunos realizaram procedimentos para ensino de leitura de três palavras familiares (bolo, pato e sino), três palavras não-familiares (figo, remo e selo) e três pseudo-palavras (nepa, cani e poja). Os procedimentos de ensino informatizado se baseiam em estudos prévios que estabeleceram as relações envolvidas e requeridas nos repertórios de leitura e escrita (por exemplo, Sidman, 1971; Sidman & Cresson, 1973) e também em estudos prévios dessa equipe de pesquisas, ensinando as relações entre palavra ditada e palavra impressa e ditado por composição de letras (de Rose, de Souza, Rossito, & de Rose, 1992; de Rose, de Souza & Hanna, 1996). Também são ensinadas as relações entre sílabas ditadas e impressas e ditado por composição de sílabas (de Souza, de Rose, Hanna, Calcagno & Galvão, 2004). As habilidades testadas incluíam a leitura, a relação entre figura e palavra impressa e a nomeação de figuras.

Os resultados em todas as tarefas variaram em função da modalidade da palavra ensinada, com maiores índices de acertos para palavras familiares do que para palavras não-familiares e pseudo-palavras, especialmente na tarefa de leitura. Foi necessário um número muito maior de sessões de ensino para o ensino de palavras não-familiares e pseudo-palavras, em média: os alunos precisaram realizar uma sessão de treino para aprender as palavras familiares, cinco sessões para as não familiares e dez sessões para as pseudo palavras. Esses dados sugerem que a familiaridade das palavras é uma variável que interfere no desempenho de aquisição da leitura de palavras já que as palavras familiares são aprendidas mais rapidamente a apresentam melhores índices de retenção.

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