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Dados oficiais mostram que 640 mil brasilienses fazem uso freqüente de bebidas alcoólicas

Na maioria das vezes, a bebida alcoólica é associada à confraternização, ao lazer ou a uma festa. No entanto, o consumo de álcool no Distrito Federal chegou a níveis tão alarmantes que, nem de longe, a quantidade de bebida alcoólica ingerida pelo brasiliense lembra uma mesa para celebrar a vida.
Na maioria das vezes, a bebida alcoólica é associada à confraternização, ao lazer ou a uma festa. No entanto, o consumo de álcool no Distrito Federal chegou a níveis tão alarmantes que, nem de longe, a quantidade de bebida alcoólica ingerida pelo brasiliense lembra uma mesa para celebrar a vida.
Existem, atualmente, 640 mil habitantes do DF com problemas relacionados ao consumo exagerado de álcool. O número, levantado pela Secretaria de Saúde, impressiona ainda mais quando comparado com a população total do DF. Nada menos que 25% dos moradores da capital do país são dependentes ou fazem uso abusivo de cerveja, cachaça, vinho, conhaque ou de outros aperitivos.

De acordo com a Secretaria de Vigilância de Saúde do Ministério da Saúde, o Distrito Federal ocupa o quinto lugar entre as capitais que apresentam maior consumo de álcool no país. Salvador (BA) é a campeã, seguida de Recife (PE), Teresina (PI) e Aracaju (SE).

Para 270 mil pessoas, o consumo está em nível tão exagerado que já se tornou dependente. É esse o tamanho do grupo de dependentes de álcool no DF. Para eles, só o tratamento médico é solução para evitar a síndrome de abstinência e seus efeitos colaterais.

Tratamento

“Para os dependentes, a síndrome pode causar convulsão, desidratação aguda e aumento de pressão. A falta do álcool, sem tratamento médico, para quem é dependente, pode matar”, alerta a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do DF, Guanaíra Rodrigues do Amaral.

Outros 370 mil brasilienses fazem uso abusivo de álcool e podem estar a caminho da dependência. São homens que consomem pelo menos duas doses por dia e mulheres que bebem mais de uma dose diária.

“Nossos dados são estimados, mas sabemos que o DF é um terreno fértil para a dependência porque reúne muitas pessoas que chegaram sem raízes e que sofrem com a solidão”, completa Guanaíra. “Os homens em idade mais produtiva são os principais afetados, principalmente os jovens.”

Mário*, 22 anos, sabe bem o que é isso. Ele começou a beber aos 14 depois que conheceu amigos que bebiam. O jovem admite que a idéia era ser aceito. Para fazer parte do grupo tinha de experimentar o primeiro gole de cerveja. Depois das primeiras garrafas passou para bebidas mais fortes. Ele conta que se sentia menos retraído. “Eu tinha coragem para chegar nas meninas. Mas era um mundo irreal. Deixei de estudar, perdi namoradas e todo o dinheiro que eu ganhava era para a bebida”, admite.

Em abril ele comemorou seis anos sem beber. “Quando você começa não imagina que vai virar um alcoólico. Você não admite que precisa de ajuda.” Mas vitórias agora têm um sabor diferente. Mário concluiu os estudos, faz um curso técnico, é comerciante, está namorado e em paz com a família.

Armadilha para jovens

A psicóloga Luci Porto diz que muitas vezes são necessários vários anos para que a pessoa vire alcoolista. Ela trabalha na Fazenda Nossa Senhora da Anunciação, em Goiás, no auxílio a pacientes em recuperação. “Se os jovens estão iniciando mais cedo e bebendo cada vez mais, esse tempo vai ser reduzido e os riscos aumentam. Os pais precisam ficar atentos”, orienta.

Luci ressalta ainda que os pais têm papel fundamental para controlar os filhos e orientá-los a ficar longe da bebida. “Um ponto perigoso é quando as festas em família e outras comemorações são regadas a bebida alcoólica, a bebida passa a ser um atrativo e se for sem álcool os integrantes da família não participam. O jovem cresce observando isso. Os pais precisam ficar atentos”, destaca.

O serviço de recuperação de dependentes no DF está longe de ser suficiente. Atualmente, funcionam no DF duas unidades de tratamento — o Centro de Atenção Psicossocial, Álcool e Droga – os Caps, um em Sobradinho e outro no Guará. Cada um é capaz de abranger uma área com população de 250 mil pessoas. Pelas contas dos técnicos seriam necessários, pelo menos, outros 10 centros. Mas o ideal seria ter um Caps em cada cidade.

Rede de atenção

Além disso, no início do mês, o GDF lançou o Programa de Atenção Básica Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas para capacitar servidores das unidades de saúde. O programa abrange os três níveis de saúde pública: prevenção, assistência e reintegração social.

Não é apenas a rede formal de atendimento que não está preparada para o grande contingente de dependentes de álcool no DF. Existem 80 grupos dos Alcoólicos Anônimos – AA, e cerca de 3 mil “alcoólicos”, termo pelo qual a irmandade trata as pessoas que fazem o uso de bebidas alcoólicas, freqüentam atualmente as reuniões semanais. “O número é pequeno diante do problema”, admite José*, monitor de um dos grupos do AA no DF. “Um terço dos que nos procuram são jovens entre 18 e 30 anos. Mães de família também têm procurado ajuda”, diz.

Fonte: Site Antidrogas

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