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Terapia de casal aumenta chances de vencer o alcoolismo

Dependentes de álcool que fazem terapia com o marido ou a mulher têm uma chance duas vezes maior de permanecer abstêmio. A conclusão foi obtida a partir de uma revisão de 112 estudos, envolvendo 22 mil pacientes, apresentada no XV Colóquio Mundial da Colaboração Cochrane, que começa nesta terça-feira em São Paulo.
Dependentes de álcool que fazem terapia com o marido ou a mulher têm uma chance duas vezes maior de permanecer abstêmio. A conclusão foi obtida a partir de uma revisão de 112 estudos, envolvendo 22 mil pacientes, apresentada no XV Colóquio Mundial da Colaboração Cochrane, que começa nesta terça-feira em São Paulo.
O trabalho, conduzido durante cinco anos pelo psiquiatra Bernardo Soares, médico do Hospital São Paulo e integrante do Centro Cochrane Brasil, mostra que envolver o companheiro no tratamento é uma forma eficaz de combater o vício, especialmente quando a medida é associada a outras terapias. "A terapia em casal faz com que o parceiro compreenda que o alcoolismo é uma doença e não uma falha de caráter e também é uma forma de combater casos de co-dependência, em que a bebida vira o bode expiatório da família", explica.

Segundo Soares, a análise também comprovou a importância de intervenções mais simples, como a abordagem feita pelo médico que primeiro entra em contato com o dependente. É o caso, por exemplo, do profissional que atende a vítima de um acidente de carro provocado pela bebida. Ou do gastroenterologista que detecta uma lesão no fígado em decorrência do abuso de álcool. "O médico que dá dicas práticas para o paciente ou o encaminha para um especialista exerce um papel importante no tratamento", afirma o pesquisador.

O trabalho também mostrou que o nível de eficácia das abordagens ambulatoriais costuma ser maior que o das internações para o tratamento da doença. "Em casos graves, a hospitalização é necessária para controlar os sintomas de desintoxicação, mas, de um modo geral, é importante que o paciente permaneça no ambiente em que vive", diz Soares. Apesar dos resultados, o psiquiatra reforça que os especialistas devem avaliar qual a combinação de terapias mais adequada para cada paciente.

Medicina baseada em evidências

"Indicar um tratamento sem que haja evidências suficientes de sua eficácia pode prejudicar o paciente, além de representar um custo desnecessário às instituições de saúde", explica Álvaro Atallah, diretor do Centro Cochrane do Brasil e professor da Universidade Federal de São Paulo.

Um dos casos mais notórios, segundo ele, é o uso da albumina humana para o tratamento de pacientes hospitalizados por queimaduras, adotado por vários hospitais brasileiros após a divulgação de estudos científicos. A revisão sistemática das pesquisas mostrou que a substância não é mais eficaz que o soro fisiológico, 100 vezes mais barato.

Veja análises divulgadas pelo Centro Cochrane a partir de revisões realizadas nos últimos anos:

Acupuntura ajuda na indução do parto
Faltam evidências sobre a efetividade clínica dessa técnica. Os estudos concluíram serem necessários ensaios randomizados controlados, bem desenhados, para se avaliar o papel da acupuntura na indução do trabalho de parto

Antibióticos fazem bem para os resfriados comuns
Não, não fazem. O resfriado comum é causado por vírus, que não respondem a antibióticos. O estudo foi realizado com 2056 pessoas, com idade entre seis meses e 49 anos. Os indivíduos que receberam antibióticos não apresentaram melhora do quadro em relação àqueles submetidos a tratamento placebo.

Exercícios são eficazes como parte do programa de ampla reabilitação cardíaca na mortalidade, morbidade, saúde relacionada à qualidade de vida e fatores de risco cardíaco suscetíveis de modificação em pacientes com doença coronariana
Sim. A reabilitação cardíaca baseada em exercícios é efetiva na redução de mortes. Não está claro nesta revisão sistemática o que é mais benéfico: se somente os exercícios ou se uma intervenção ampla da reabilitação cardíaca. A população estudada nesta revisão foi predominantemente de homens, de meia idade e baixo risco.

Ginkgo biloba é recomendada para o tratamento de pessoas incomodadas com zumbido
Não é verdade. Os estudos demonstram que esse tratamento pode ter um efeito placebo forte. Não foram encontradas evidências de que o fitoterápico seja efetivo para pessoas que têm zumbido como queixa principal. No momento, não há tratamento específico que seja satisfatório pra todos os pacientes.

A suplementação com cálcio durante a gravidez previne a hipertensão e problemas relacionados
Em parte. A suplementação com cálcio é benéfica para mulheres com alto risco de hipertensão gestacional e em comunidades com baixa ingestão de cálcio. As doses estudadas estão entre 0,5 e 1g por dia. Mas não houve evidência de qualquer efeito da suplementação com cálcio no risco de parto prematuro, nem em relação no óbito fetal ou morte antes de sair do hospital. Onze estudos constataram redução modesta do aumento da pressão, tendo o efeito sido maior em mulheres com alto risco.

A terapia em grupo oferece às pessoas a oportunidade de aprender técnicas comportamentais para o combate ao tabagismo, e fornecer uns aos outros o apoio mútuo
Há evidências de que o tratamento em grupo é melhor do que os métodos de auto-ajuda e outras intervenções menos intensivas. Mas não são suficientes para comprovar sua efetividade quando comparadas ao aconselhamento individual intensivo por profissionais da saúde.

Fonte: UOL Ciência e Saúde

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