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Transtorno bipolar é freqüentemente confundido com depressão

Atualmente, acredita-se que o número de pessoas acometidas pelo transtorno bipolar seja muito maior do que se pensava anteriormente. Infelizmente, muitos casos não são diagnosticados corretamente, sendo estimado que o diagnóstico seja feito em apenas 33% dos casos.
Atualmente, acredita-se que o número de pessoas acometidas pelo transtorno bipolar seja muito maior do que se pensava anteriormente. Infelizmente, muitos casos não são diagnosticados corretamente, sendo estimado que o diagnóstico seja feito em apenas 33% dos casos.

O diagnóstico e reconhecimento do transtorno bipolar, em adultos, podem ser extremamente difíceis. Muitos desses pacientes apresentam vários distúrbios psicológicos e sociais importantes, antes que o diagnóstico consiga ser feito com certeza.

Para definir-se o diagnóstico de transtorno bipolar, é necessário que sejam documentados pelo menos dois episódios, sendo um deles de mania ou hipomania, nos quais o humor e o nível de realização das atividades do dia-a-dia estejam comprometidos. O distúrbio consiste em elevação do humor e do nível de energia e atividade (mania ou hipomania) ou rebaixamento do humor (depressão).

Os episódios de mania geralmente começam de maneira abrupta e podem durar entre duas semanas e 4 a 5 meses (duração média de 4 meses). Os episódios de depressão tendem a ter duração mais prolongada, por volta de seis meses. Entre os episódios, a recuperação pode ou não ser completa, casos nos quais permanecem alguns sintomas residuais. O padrão de recorrência das crises varia muito, sendo bastante imprevisível.

Um dos passos mais importantes no diagnóstico do transtorno bipolar é a exclusão de outras doenças/condições que possam estar causando os sintomas que o paciente apresenta, simulando um quadro de transtorno bipolar.

Como se diferenciam os episódios de mania patológica, da euforia ou da alegria normais?

Os pacientes com transtorno bipolar dificilmente conseguem reconhecer que estão doentes, principalmente quando se encontram na fase de mania. Freqüentemente, eles negam seus sintomas, os quais podem ser sentidos como coisas positivas e boas. Dificuldade especial pode ser encontrada na diferenciação da hipomania e a alegria/euforia normais, já que naquela os sintomas de mania são mais leves. Os seguintes parâmetros podem ajudar:

  • A hipomania dura pelo menos quatro dias;
  • Na hipomania, costuma ocorrer comprometimento das atividades do dia-a-dia;
  • Os pacientes com hipomania costumam mostrar-se distraídos e bem falantes.

Como se diferencia a depressão unipolar da bipolar?

Os pacientes com transtorno bipolar costumam procurar ajuda mais frequentemente do que os pacientes com depressão unipolar. Sabe-se que alguns pacientes só vão apresentar algum episódio de mania após terem apresentado alguns episódios depressivos puros, de forma que esses pacientes muitas vezes recebem o diagnóstico de depressão unipolar. Porém, o diagnóstico adequado é de extrema importância. O transtorno bipolar deve ser suspeitado quando o paciente responde muito rápido e muito bem à medicação antidepressiva, porém logo desenvolve falência do tratamento. Além disso, não respondem a outros antidepressivos. História familiar de transtorno bipolar deve fazer com que o médico pense nesse diagnóstico, entretanto devemos ressaltar que o diagnóstico definitivo de transtorno bipolar só pode ser feito após a ocorrência de pelo menos um episódio de mania/hipomania.

Como se diferencia o transtorno bipolar do distúrbio de hiperatividade/déficit de atenção?

Muitas crianças e adolescentes portadores de transtorno bipolar acabam recebendo o diagnóstico de distúrbio de hiperatividade/déficit de atenção. As duas doenças causam distração, dificuldade de concentração, podendo sua diferenciação ser bastante difícil. A principal maneira de diferenciar as duas é a ocorrência de algum episódio de mania/hipomania, característico do transtorno bipolar.

Como diferenciar o transtorno bipolar da esquizofrenia?

Os pacientes com episódios graves de mania podem apresentar alucinações e delírios, de forma que o diagnóstico pode ser feito erroneamente como sendo de esquizofrenia. Na diferenciação entre essas duas doenças é importante observar a presença de episódios de mania/hipomania (apenas no transtorno bipolar) e também identificar a presença de pouca expressividade emocional, típico da esquizofrenia, em contraste com a expressividade exagerada dos pacientes com transtorno bipolar.

Diagnosticando o abuso de substâncias:

Mais da metade dos pacientes com transtorno bipolar fazem uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas, em algum momento de suas vidas. O diagnóstico e tratamento dos dois problemas pode ser bastante difícil, e o abuso da substância às vezes funciona como um auto-tratamento, de forma que a suspensão do uso pode desencadear crises graves de mania ou depressão.

– Outras doenças que devem ser excluídas:

  • Deficiência de vitamina B12;
  • Doenças da tireóide, especialmente a baixa produção de hormônio tireoideano;
  • Distúrbios da glândula supra-renal;
  • Doenças neurológicas: epilepsia, tumores cerebrais, esclerose múltipla;
  • Uso de alguns medicamentos: corticóides, medicamentos para tratamento da doença de Parkinson.

Em alguns casos, pode estar indicada a realização de exames de sangue e de imagem do cérebro, com o objetivo principal de identificar alguma outra doença que possa estar simulando o transtorno bipolar.

Como é a evolução da doença?

O transtorno bipolar é um transtorno recorrente, sendo estimado que mais de 90% das pessoas que tiveram um episódio de mania terão futuros episódios. Aproximadamente 60 a 70% das crises de mania precedem ou se seguem a crises de depressão, porém o padrão de alternância entre as duas fases costuma apresentar-se de maneira característica em cada pessoa.

O número de episódios durante a vida tende a ser maior nos pacientes com transtorno bipolar tipo I, em comparação com o transtorno depressivo. Estudos com pacientes com esse tipo de transtorno bipolar, antes do tratamento de manutenção com lítio, sugerem que ocorrem quatro episódios em média, a cada 10 anos. O intervalo entre os episódios tende a diminuir com o avançar da idade.

Entre 5 e 15% dos pacientes, com transtorno bipolar, desenvolvem quatro ou mais episódios de alterações graves do humor, como: episódio depressivo maior, episódio maníaco, episódio misto ou episódio hipomaníaco, que ocorrem dentro de um determinado ano. Embora a maioria das pessoas com transtorno bipolar retorne a um nível plenamente normal de funcionamento entre os episódios, alguns deles, entre 20 e 30%, continuam apresentando instabilidade do humor e dificuldades nos relacionamentos e no trabalho.

Quando um paciente apresenta episódios de mania com sintomas psicóticos (alucinações e delírios), os episódios posteriores têm maior probabilidade de ter também essas características. A recuperação incompleta entre os episódios é mais comum quando o episódio atual é acompanhado por aspectos psicóticos.

Fonte: Boa Saúde

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