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Liderança e Amorosidade

Trataremos sobre o tema Amorosidade sob a ótica organizacional, mais especificamente a Amorosidade na Liderança. Para tanto, iniciaremos com o significado da palavra Amorosidade. “Amorosidade – qualidade ou virtude do que é amoroso”“Amoroso: 1. Que ou aquele que sente amor, que tem inclinação para o amor; 2. relativo ao amor; que contém ou demonstra amor;3. propenso ao amor; que demonstra ternura, afeto; terno, meigo, carinhoso…”(HOUAISS, 2001, p.194).

O Amor não existe sem o Sujeito, sendo esta emoção é inerente ao Sujeito. "O sujeito só existe em relação ao outro e o outro é tudo o que é não eu" apud  Baptista. O sujeito como atuante numa Trama de Saberes e estas são feitas de interesses iguais de tribos, de musicalidade, de culturas e assim como de Organizações Vivas. A Organização pode e deve ser referência atuante no sujeito-colaborador tornando parte integrante desta Trama de Saberes de seus sujeitos. Os modelos atuais são interativos, ou seja, o sujeito se sente verdadeiramente envolvido com seus interesses, suas práticas e suas responsabilidades nas Organizações que trabalham. Os Valores Organizacionais hoje são extensões da Amorosidade: Compromisso com os Interesses em Comum, Cooperação, Comunicação Compartilhada, Simplicidade, Confiança. A busca pela Liderança que saiba equilibrar os interesses entre, pessoas e resultados organizacionais se faz necessário nos modelos organizacionais atuais.  “Quer dizer, quando digo“Trama de Saberes”, claro, estou utilizando uma metáfora para simbolizar tambémentrelaçamentos, para explicitar que esses saberes também se cruzam como numa teia e vãotecendo novos enredos de saberes, trama. São saberes que, se encontrando, se misturam, setocam, ainda que tendo suas peculiaridades. Encontro de saberes, trama.” (BAPTISTA,1996;2000; CAPRA,1997)  Para esclarecer um pouco sobre a trama dos saberes, trataremos como um campo de um saber ou o campo de uma prática. As forças referem-se a atitudes: forças impulsoras ou forças frenadoras. Dependendo de seus interesses. Sendo através destas escolhas onde permanece a separação e individuação. A busca é o equilíbrio entre indivíduo e meio ambiente, modelo utilizado hoje da organização sustentável. O Sujeito possui a necessidade de produzir e para tal a necessidade de interagir com outros sujeitos. Estes interesses múltiplos estabelecem através da comunicação e a efetividade desta só acontece através da verdade transmitida nas palavras, nos gestos e principalmente nas atitudes. 

Comunicação é interação de sujeitos, através do fluxo de informações entre eles, numa espécie de trama-teia complexa, composta tanto de elementos visíveis quanto invisíveis, corporais e incorporais, significante se a-significantes, podendo ser ou não mediada por dispositivos tecnológicos, na constituição de algo como um campo de força deencontro de energias, decorrente dos universos de referência de cada sujeito envolvido. Quer dizer, encontro de universos de sujeito, universossubjetivos.” (BAPTISTA, 2000, p.33-34)  Um Líder sem Amorosidade não traz consigo a semente da Maestria Intrapessoal, não enfrentou suas sombras e reencontrou-se encontrando luz dentro dela e por fim não descobriu em si a liderança genuína. Na medida em que você aprende a amar, naturalmente você serve. É através deste caminho que há o amadurecimento pessoal e espiritual.  Aqui espiritualidade no enfoque da transcendência. São essas pessoas, que passaram por esse processo de aprofundamento e amadurecimento, desenvolvendo a compaixão, a paciência, a tolerância e o amor que vêm a serem líderes. Somente após este aprendizado de liderar a si mesmo, de estar consciente e "comandando" a si próprio é que poderá liderar outras pessoas. Dessa forma surgem seres humanos com a capacidade de liderança que precisamos nestes tempos de transformação. Indivíduos como sujeitos da própria vida e que contribuem para que seus semelhantes também adquiram esta maestria. Para que seus liderados também encontrem a sua pedra filosofal, sua verdadeira missão de vida. Em inglês coach traduzido significa treinador, uma das características fundamentais de um líder; Para isso a aprendizagem humana é essencial.

A Aprendizagem Humana ocorre pela emoção pelo acolhimento no amor, pela amorosidade, assim a aprendizagem acontece verdadeiramente. Conforme Maturana, 1998, p.15  “Todo sistema racional tem um fundamento emocional.” A comunicação se dá pela amorosidade, assim como a aprendizagem também. “…sobre o processo de aprendizagem humana pela emoção, pela amorosidade, pelo cuidado. Enfim, pelo acolhimento no amor e não na competição. É desta perspectiva que partem muitos dos estudos de Maturana, para quem o ato de aprender se constitui num fenômeno complexo que envolve as múltiplas dimensões do humano em seu indissociável processo de ser e de estar no mundo. Nas palavras de Maria Cândida Moraes, uma estudiosa de suas idéias no Brasil, o ato de educar acontece numa relação de integração entre corpo e espírito no ser e no fazer, pois quando isto não acontece o que temos é a instalação de um processo de alienação da pessoa que, muito provavelmente, a levará para uma perda do “sentido social e individual no viver” (MORAES, 2003, p.05).  Um tema tão simples e tão complexo ao mesmo tempo. Racionalizando não há condições de entendê-lo, pois a razão não consegue explicar a emoção aqui tratada: Amorosidade. Como exemplo temos a burocracia no trabalho, os processos, os fluxogramas, estas foram ferramentas criadas na intenção de racionalizar uma necessidade. Qual a ferramenta então, para acompanhar a amorosidade organizacional? A atitude, o exemplo, a cooperação, a boa intenção, a interação.  No entanto os laços amorosos a que me refiro não são laços de concordância, de anulação do eu em relação ao outro, mas de aceitação em nome da boa convivência. Aceitar é diferente de concordar, é esforçar-se por entender e principalmente compartilhar, por isso a necessidade dos fluxos informativos estarem aquecidos de afeto. O sentido é desacomodar o sujeito para o reconhecimento do lugar do outro, do fluxo que vem do outro – seja esse outro, uma outra pessoa ou um grupo ou instituições ou organizações. A busca será sempre pelas ações e interesses em comum nos fluxos informativos, transformando as diferenças em belos trabalhos interativos e cooperativos.                 

Bibliografia:

BAPTISTA, M.L.C. Comunicação, Amorosidade e Autopoiese. In: TEORIAS DA COMUNICAÇÃO DO IV ENCONTRO DOS NÚCLEOS DE PESQUISA DA INTERCOM, XXVII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, Porto Alegre, 2004;

________, M.L.C. Usina de Saberes em Comunicação: uma experiência de Educação Autopoiética. In: XVI ENCONTRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DA OMUNICAÇÃO, XXVII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DA COMUNICAÇÃO, Brasília, 2006;

BARCELOS, Valdo. Por uma ecologia da aprendizagem humana: o amor como princípio epistemológico em Humberto Romesín Maturana. Revista Educação, Porto Alegre – RS, ano XXIX, n. 3 (60), p. 581 – 597, Set./Dez. 2006;

HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001;

MATURANA, H. R., XIMENA. P. D. Ética e Desenvolvimento Sustentável, Caminhos para a Construção de uma Nova Sociedade. In:1o. CONFERÊNCIA DE GESTÃO SOCIAL, Porto Alegre, 2004.

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