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Dicionário

imaginação ativa

Jung usou o termo em 1935 para descrever um processo de sonhar com olhos abertos. De saída, o indivíduo concentra-se em um ponto específico, uma dispo­sição: quadro ou evento específicos, em seguida permite que uma cadeia de fantasias associadas se desenvolvam e gradativamente assumam um caráter dramático. Depois, as imagens ganham vida própria e desenvolvem-se de acordo com uma lógica própria. A dú­vida consciente deve ser superada e conseqüentemente que haja permissão para que qualquer coisa incida na consciência.

Psicologicamente, isso cria uma nova situação. Conteúdos an­teriormente isolados tornam-se mais ou menos claros e articulados. Uma vez suscitado o sentimento, o ego consciente é estimulado para reagir mais imediata e diretamente que no caso verificado com os sonhos. Por esse meio, Jung percebia que a maturação era acele­rada em virtude de as imagens que se apresentam na imaginação ativa anteciparem os sonhos.

Deve-se contrastar uma imaginação ativa com o devaneio, que é mais ou menos parte da própria intervenção do indivíduo e se man­tém na superfície da experiência pessoal e cotidiana. A imaginação ativa é o oposto de invenção consciente. O drama que é encenado parece "querer compelir à participação do observador. Uma nova situação é criada e nela os conteúdos inconscientes surgem no estado de vigília". Jung encontrava nisso uma evidência da função transcendente operando; isto é, uma colaboração entre fatores conscientes e inconscientes.

Pode-se escolher um modo de lidar, dentre vários, com aquilo que se torna manifesto. O processo da imaginação ativa pode, ele próprio, ter um efeito positivo e vitalizante, porém o conteúdo (como de um sonho) também pode ser pintado. Os pa­cientes podem ser motivados a anotar suas fantasias a fim de fixar a seqüência em que ocorreram e tais registros podem, subseqüente­mente, ser levados à análise para a interpretação.

Jung, contudo, sustentava que a imagem de fantasia tem tudo de que necessita para seu desenvolvimento e transformação subse­qüentes na vida psíquica. Enquanto imaginando ativamente, adver­tia contra se ter um contato exterior, comparando isso com o processo alquímico e sua necessidade de um "recipiente hermeticamente veda­do". Não recomendava que imaginação ativa fosse usada indiscriminadamente ou por qualquer um, achando-a mais útil nos últimos estágios da análise, quando a objetivação das imagens pode substituir os sonhos.

Tais fantasias solicitam a cooperação da vida consciente. A ima­ginação ativa pode estimular a cura de uma neurose, porém só consegue êxito se está integrada e não se torna ou um substituto das tarefas do viver consciente ou uma fuga delas. Em contraste com os sonhos, que são experimentados passivamente, esse processo da imaginação requer a participação ativa e criativa do ego.

Esse método de elevar à consciência aqueles conteúdos que jazem imediatamente abaixo do limiar do inconsciente não está destituído de seus riscos psicológicos. Entre esses, Jung focalizava principalmente três: (1) que o processo pode se mostrar estéril caso o paciente permaneça presa do círculo de seus próprios complexos; (2) que o paciente fica iludido com o aparecimento das fantasias e ignora a exigência destas por um confronto; e (3) que os conteúdos inconscientes possuem um nível de energia de tal modo alto que, quando conseguem uma saída, tomam posse da personalidade.

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