Usado por Jung intercambiavelmente com a palavra alemã Seele, que em inglês não tem um equivalente único, conforme observou o tradutor das Collected Works. No uso coloquial do idioma alemão, Seele pode ser traduzida por "alma", em oposição a "Korper" ("corpo físico"). Tem a acepção psicológica de "mente", também.
Com sua definição básica da psique como a "tonalidade de todos os processos psíquicos, conscientes como também inconscientes", Jung pretendia delinear a área de interesse da psicologia analítica. Seria algo diferente da filosofia, biologia, teologia e de uma psicologia limitada ao estudo ou do instinto ou do comportamento. A natureza algo tautológica da definição enfatiza um problema em particular da exploração psicológica: a superposição de interesses subjetivo e objetivo. Jung faz freqüentes referências à "equação pessoal", o impacto que a personalidade e o contexto do observador exercem sobre suas observações. Além da vinculação dos processos consciente e inconsciente, Jung, de modo específico, incluía na "psique" a superposição e tensão entre os elementos pessoais e coletivos no homem.
A psique também pode ser vista como uma perspectiva sobre os fenômenos. Essa é, em primeiro lugar, caracterizada por uma atenção à profundidade e intensidade e, daí, a diferença entre uma experiência e um mero evento.
Aqui a palavra "alma" se torna relevante e é em conexão com tal perspectiva profunda que Jung a usa, de preferência a uma maneira convencionalmente cristã. Depois, existe a questão da pluralidade e fluidez da psique, a existência de componentes relativamente autônomos nela, e sua tendência para funcionar por meio de imagens e rápidas transições associativas. Finalmente, a psique pode ser considerada como uma perspectiva com exigências de padrão e significado, não ao ponto de estabelecer uma predestinação fixa, mas que nem por isso deixa de ser discernível pelo indivíduo.
Afirmar o pluralismo da psique leva a questões quanto à sua estrutura. A tendência de Jung em organizar seu pensamento em termos de opostos levou-o a delinear a psique de um modo talvez congruente demais. Por exemplo, anima e animus equilibram a persona, ego e sombra são emparelhados e ego e self definidos de modos que realçam sua complementaridade. Por outro lado, o pensamento de Jung sobre a psique também é sistêmico e flexível admitindo que desenvolvimentos em determinado ponto propagam-se pelo sistema inteiro. O que vemos é uma tensão nas idéias de Jung entre estrutura e dinâmica. Até certo ponto, isso se resolve na descrição, por Jung, da psique, em que sugere ser esta uma estrutura feita para o movimento, crescimento, mudança e transformação. Refere-se a estas capacidades da psique humana como suas características distintivas. Portanto, um grau da evolução para a auto-realização está implícito em todos os processos psíquicos. Esta idéia contém seu próprio problema. Deve o homem ser visto desenvolvendo-se a partir de algum estado inconsciente original de totalidade, realizando cada vez mais seu potencial? Ou movendo-se com maior ou menor regularidade em direção a um objetivo que, de qualquer modo, é demarcado para ele – a "pessoa que haveria de pretender ser"? Ou atuando de maneira anárquica de crise em crise, lutando por se entender com aquilo que lhe está ocorrendo? É simples dizer que todas as três possibilidades estão misturadas. Porém cada uma tem seu próprio impacto e contribuição psicológicos. A relevância dada a cada uma desempenha um papel fundamental em debates sobre o self e a individuação.
A psique, como a maioria dos sistemas naturais, tais como o corpo, luta para se manter em equilíbrio. Fará isso, mesmo quando suscita sintomas desagradáveis, sonhos assustadores ou problemas da vida aparentemente insolúveis. Se o desenvolvimento de uma pessoa foi unilateral, a psique contém em si todo o necessário para retificar essa condição. Aqui devem ser evitados otimismo excessivo ou fé cega; manter em equilíbrio exige trabalho, e escolhas penosas ou difíceis muitas vezes têm de ser feitas.
As especulações de Jung sobre a natureza da psique levaram-no a considerá-Ia uma força no universo. O psicológico assume seu lugar como um campo separado além das dimensões biológica e espiritual da existência. Importante é o relacionamento entre estas dimensões, que ganha existência na psique. As idéias de Jung sobre o relacionamento da psique e corpo não envolvem a psique como baseada no corpo, derivada dele, análoga ou correlacionada com ele, mas como um parceiro dele (Filosofia da Mente). Um relacionamento semelhante é proposto com o mundo não-orgânico.
A superposição conceitual entre a psique e o self pode ser resolvida da seguinte forma. Embora o self se refira à totalidade da personalidade, como um conceito transcendente, ele também possui a capacidade paradoxal de se relacionar com seus vários componentes, por exemplo, o ego. A psique abrange esses relacionamentos e pode-se mesmo dizer que é formada desses dinamismos.
As constantes referências de Jung à impossibilidade de se chegar a um conhecimento final da psique exemplificam sua disposição de nela incluir aqueles fenômenos muitas vezes referidos como parapsicológicos, ou psicotrônicos.