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Dicionário

tipo constitucional

As constelações de traços mor­fológicos, fisiológicos e psicológicos, que se pressupõem estarem associados às tendências para certas doenças físicas e mentais. Freqüen­temente usado numa acepção mais ampla para incluir tipos de corpo e mente, mesmo quando não é postulada uma relação com qualquer ten­dência particular para a doença.

O primeiro sistema tipo lógico foi desenvol­vido por Hipócrates, que descreveu uma ten­dência para a apoplexia, o habitus apoplecticus, em pessoas de aparência baixa e reforçada (compleição atarracada), e uma tendência para a tuberculose pulmonar, o habitus phthisicus, em pessoas de aparência mais franzina e angulosa. Esta dicotomia foi ampliada por Galeno para quatro tipos humanos, relacio­nados com os quatro fluidos ou humores que se supunha formarem a base do corpo. Consi­derava-se que o tipo sangüíneo devia seu entu­siasmo à "força do sangue"; o tipo melancólico era triste por causa da superprodução de "bílis negra"; o tipo colérico era irritável em virtude do predomínio da "bílis amarela"; e o tipo fleumático era apático por causa da preponde­rância do "fleuma". Esses quatro humores clás­sicos mantiveram-se durante séculos como a explicação dos tipos temperamentais e consti­tucionais, até a descoberta de Harvey de que a circulação sangüínea tinha o duplo efeito de concentrar a atenção no sangue como o humor importante e de enfatizar o papel dos vasos sangüíneos. Foi Haller quem demonstrou a conexão imprecisa que existia entre o sangue e os temperamentos, assim preparando o cami­nho para os modernos tipologistas descreverem tipos em termos de sistemas anatômicos, em vez de humores.

A descoberta das secreções internas e seu efeito sobre a morfologia do corpo e da mente levou à formulação, em diversos países, de uma nova doutrina humoral e, assim, a uma clas­sificação de tipos com base na secreção alterada de uma dessas glândulas. Foram empregados os prefixos hiper-, hipo- e dis- para indicar um excesso de secreção, uma deficiência de secreção ou secreção qualitativamente alterada. Os prin­cipais sistemas tipo lógicos desenvolvidos com base nesses conceitos foram os dos tipologistas franceses, italianos, alemães e norte-ameri­canos.

O sistema comum da escola francesa consis­tiu, desde a época de Rostan (1828), em tipo digestivo, tipo respiratório, tipo cere­bral e tipo muscular. Outros tipos, aceitos pelos sucessores de Rostan, são os tipos reprodutivo e atônico, correspondentes aos anti­gos tipos hipergenital e linfático, e também os tipos rotundo e plano, explicados por Mac­-Auliffe em termos de química coloidal.

O sistema da escola italiana data do trabalho de De Giovanni (cerca de 1890), que formulou a lei da subdeformação e descreveu três tipos de compleição corporal: a primeira combinação ou tipo tísico, a segunda combinação ou tipo pletórico, e a terceira combinação. Outras clas­sificações trípticas baseiam-se ou na forma das vísceras, distinguindo os tipos microsplâncnico, megalosplâncnico e normosplâncnico (Viola), ou nas características externas totais, distinguindo os tipos dolicomórfico, braquimórfico e eumór­fico. Pende modificou esse sistema, distinguindo um biótipo hipervegetativo e um hipovegetativo, além de um certo número de tipos displásicos.

O trabalho tipo lógico da moderna escola alemã foi iniciado pelo frenologista Gall, em fins do século XVIII, e continuado por Beneke (tipo astênico ou hipoplásico, tipo apoplético ou hiperplásico, tipo normal); Carus (consti­tuições atlética, fleumática, tísica, cerebral e estéril); Bauer (status degenerativo, habitus artrítico e tipo astênico); e por E. R. e W. Jaensch (tipos integrado e desintegrado). No campo da psiquiatria, o sistema tipológico de Kretschmer tornou-se certamente o mais in­fluente (tipos pícnico, astênico, atlético e dis­plásico no aspecto fisico; temperamentos ci­clotímico e esquizotímico).

Na moderna escola americana o trabalho mais sistemático e efetivo foi realizado por Draper (painéis de personalidade), Davenport (biótipos carnudo, esguio e médio), Stockard (tipos lateral e linear), Lewis (tipos regressivo, hipercompensatório e normalmente compensa­tório) e Sheldon (tipos ectomórfico, mesomór­fico e endomórfico).

Os tipologistas ingleses mais conhecidos são E. Miller, Spearman e Cohen, e na moderna escola holandesa os investigadores mais desta­cados são Hymans e Wiersma.

tipo de atitude

Cada um dos tipos de disposição geral (introvertida e extrovertida) em relação ao mundo e ao próprio eu, no sistema de psico­logia de Jung.

"O introvertido volta-se para si mesmo, absorve-se em seu mundo interior, ao passo que o extrovertido volta-se para fora, para o mundo, estando muito mais interessado no que aí ocorre do que em suas próprias experiências particulares. Jung subdivide ambos os tipos em tipos pensamento, sentimento, intuição e sensa­ção. Assim, poderá haver um tipo pensamento introvertido, um tipo pensamento extrovertido, um tipo sentimento introvertido ou extrover­tido e assim por diante." (Thompson, C. Psy­choanalysis: Evolution and Development 1950)

Introversão e extroversão constituem tipos de atitude ou disposição geral; pensamento, sen­timento, intuição e sensação são tipos de função. Jung acredita que – provavelmente por determinação constitucional – cada pes­soa é uma combinação de um ou outro tipo de atitude e mais um dos quatro tipos fun­cionais. "Enquanto o tipo funcional descreve o modo como o material empírico é especifica­mente apreendido e formado, o tipo de atitude introversão-extroversão caracteriza a disposi­ção psicológica geral, isto é, a direção daquela energia psicológica geral que Jung considera ser a libido… O tipo funcional a que pertence seria, em si mesmo, um indicador do caráter psicoló­gico de um homem. Entretanto, isso por si só não é suficiente. Também é preciso determinar a sua atitude psicológica geral, isto é, o seu modo de reagir àquilo com que se defronta, quer venha de fora ou de dentro. Jung distingue duas dessas atitudes: extroversão e introversão. Elas representam orientações que condicionam essencialmente todos os processos psíquicos ­o habitus de reação, através do qual é dado o modo de comportamento de uma pessoa, suas experiências subjetivas e até o modo de com­pensação através do inconsciente." (Jacobi, J., The Psychology of C.G. Jung 1942)

tipo de crença

Ferenczi sustenta existirem dois tipos fundamentais de personalidade, do ponto de vista da crença. Há as pessoas que apresen­tam uma tendência para as "crenças cegas"; elas aceitam qualquer afirmação sem discutir.

Ferenczi acredita que essa tendência é derivada da época em que a criança fica decepcionada quanto à sua própria onipotência e, por isso, projeta a onipotência nos outros, origi­nalmente nos pais, depois em qualquer pessoa investida de autoridade. Existe um segundo tipo, constituindo a "descrença cega"; tam­bém resultaria de associações com os pais. E uma fase de desapontamento quanto ao poder dos pais ou outras pessoas superiores.

tipo de disposição geral

Expressão de Jung para a atitude mental total ou tipo de atitude.

tipo de função

Segundo Jung as quatro funções psicológicas fundamentais: sentimento, pensa­mento, intuição e sensação.

tipo de Séglas

Jules Séglas, médico francês (1856-1939). O chamado tipo psicomotor de paranóia.

tipo de sinais, distribuição do

Um indicador do equilíbrio entre a repetição e a variedade de palavras, usado como medição quantitativa de certos aspectos da comunicação verbal du­rante sessões psiquiátricas. A repetição fornece um baixo índice, a variedade de palavras um alto índice.

tipo desintegrado

No sistema de tipos constitu­cionais descrito por E.R. e W. Jaensch, este termo refere-se às pessoas com um estado psicológico desintegrado, o qual é indicado pelo tipo T de imagens eidéticas e está associado ainda a determinadas características fisiológi­cas, bioquímicas e clínicas.

tipo digestivo

No sistema de tipos constitucionais descrito por Rostan e Sigaud, este termo dis­tingue-se dos tipos muscular, respiratório e cerebral por um predomínio do sistema ali­mentar do corpo sobre os outros sistemas. As pessoas deste tipo correspondem ao tipo pícnico de Kretschmer.

tipo displásico

No sistema de tipos constitucio­nais de Kretschmer, é uma forma de físico que varia acentuadamente em relação à forma média de um dos tipos principais – asténico, pícnico e atlético. A maioria dos indi­víduos displásicos enquadra-se ou na categoria do eunucoidismo alongado com oxicefalia e, nas mulheres, com masculinismo, ou nos grupos de anormalidades de gordura poliglandular e infantílismo; quanto à constituição psicológica, Kretschmer sustenta ser basicamente esquizotí­mica.

As anomalias do tipo displásico parecem ser comparáveis às constituições atróficas estéreis descritas por Carus, e ao status degenerativus, de Bauer.

tipo eidético

Tipo constitucional caracterizado por uma espécie particular de imagens eidéticas e por diferenças associadas em outras quali­dades psicológicas, assim como por certas características fisiológicas, bioquímicas e clí­nicas. Existem dois tipos eidéticos: o integrado e o desintegrado.

tipo estênico

Em medicina constitucional, esse tipo corresponde ao tipo atlético de Krets­chmer e seus equivalentes em outros sistemas.

Na psicologia geral, o termo estênico indica força e vigor em diferentes campos da reativi­dade e adaptabilidade emocionais. De acordo com esse conceito, o comportamento psicopato­lógico do tipo estênico foi descrito por Krets­chmer como propenso a reações maníacas de natureza predominantemente agressiva e quere­lante ligadas à paranóia, idéias de auto-refe­rência em contraste com a tendência introspec­tiva das reações paranóides ou hipocondríacas em tipos sensitivos.

tipo extrovertido

Segundo Jung um dos grupos de disposição geral. Quando o "estado de extro­versão torna-se habitual", Jung diz que a pessoa possui o tipo extrovertido de personali­dade. Quando a introversão é habitual, a perso­nalidade é do tipo introvertido.

tipo fleumático

Um dos quatro tipos tempera­mentais e constitucionais clássicos da Antigüi­dade. Galeno atribuiu o torpor e a apatia deste tipo ao predomínio do fleuma (muco segregado nas passagens de ar da garganta) sobre os outros três humores (fluidos) do corpo humano.

tipo funcional

É uma expressão usada por Jung para designar os tipos de personalidade do ponto de vista da função da consciência. Ele postula quatro classes funcionais, a saber: pen­samento, sentimento, intuição e sensação.

"Quando uma disposição ou atitude é habitual dando assim um certo cunho ao caráter do indivíduo, falo de um tipo psicológico. Esses tipos, que se baseiam nas funções básicas e que podemos designar como tipos pensamento, sentimento, intuição e sensação, dividem-se em duas classes, de acordo com a qualidade da respectiva função básica, a saber: a racional e a irracional. Os tipos pensamento e sentimento pertencem à primeira classe, os intuição e sen­sação à segunda…"

Mas como funcionar pressupõe um estado estático ou uma disposição geral como base para o funcionamento, qualquer dos quatro tipos funcionais pode ocorrer em um de dois grupos quanto à atitude geral, o extrovertido ou o introvertido, isto é, existem: A. extrover­tidos (1) tipo pensamento, (2) tipo sentimento, (3) tipo intuição e (4) tipo sensação, e B. intro­vertidos (1) tipo pensamento, (2) tipo senti­mento, (3) tipo intuição e (4) tipo sensação, ou seja, oito variedades de tipos psicológicos, ao todo.

tipo hiperafetivo

No sistema de tipos constitu­cionais descritos por Pende, é um tipo psico­lógico caracterizado por abundância de reati­vidade emocional, e aproximadamente equiva­lente ao tipo ciclotímico.

tipo hipercompensatório

No sistema de tipos cons­titucionais elaborado por Lewis, tipo que se caracteriza, quanto ao aspecto físico, por hiper­plasia dos vasos sangüíneos e linfáticos, dos intestinos e das glândulas sem ducto, e, quanto ao aspecto psíquico, tende a apresentar reações hipercompensatórias, sob a forma de psicose maníaco-depressiva ou reações paranóides.

tipo hipervegetativo

O biotipo hipervegetativo contrasta com o biotipo hipovegetativo e cor­responde exatamente aos tipos megalosplânc­nico e braquimórfico, e aproximadamente aos equivalentes do tipo pícnico.

tipo hipoafetivo

No sistema de tipos constitucio­nais de Pende, um tipo psicológico que está em contraste com o hiperafetivo e se caracteriza por uma deficiência na reatividade emocional; corresponde aproximadamente ao tipo esqui­zotímico.

tipo hipogenital

O tipo hipogenital primário é geralmente chamado eunucóide e caracteriza-se por comprimento exagerado das extremidades inferiores, estado relativamente hipoplásico do tronco e da cabeça, e desenvolvimento defi­ciente dos órgãos genitais e das características sexuais. Várias observações recentes sugeriram que essa condição eunucóide é transmissível por herança, como um fator genético ligado ao sexo. Também parece ocorrer em mulheres, embora numa forma menos reconhecível e mais moderada.

Além da forma completa de hipogenitalismo primário, existe um tipo atenuado que Pende distinguiu como temperamento hipogenital.

tipo integrado

No sistema de tipos constitucionais de E.R. e W. Jaensch, este termo designa os indivíduos com um estado psicológico integra­do do qual o tipo B de imagens eidéticas é um indicador.

            tipo intuição

Um dos quatro tipos funcionais descritos por Jung. Juntamente com o tipo percepção constitui o grupo irracional de tipos funcionais.

tipo constitucional

As constelações de traços mor­fológicos, fisiológicos e psicológicos, que se pressupõem estarem associados às tendências para certas doenças físicas e mentais. Freqüen­temente usado numa acepção mais ampla para incluir tipos de corpo e mente, mesmo quando não é postulada uma relação com qualquer ten­dência particular para a doença.

O primeiro sistema tipo lógico foi desenvol­vido por Hipócrates, que descreveu uma ten­dência para a apoplexia, o habitus apoplecticus, em pessoas de aparência baixa e reforçada (compleição atarracada), e uma tendência para a tuberculose pulmonar, o habitus phthisicus, em pessoas de aparência mais franzina e angulosa. Esta dicotomia foi ampliada por Galeno para quatro tipos humanos, relacio­nados com os quatro fluidos ou humores que se supunha formarem a base do corpo. Consi­derava-se que o tipo sangüíneo devia seu entu­siasmo à "força do sangue"; o tipo melancólico era triste por causa da superprodução de "bílis negra"; o tipo colérico era irritável em virtude do predomínio da "bílis amarela"; e o tipo fleumático era apático por causa da preponde­rância do "fleuma". Esses quatro humores clás­sicos mantiveram-se durante séculos como a explicação dos tipos temperamentais e consti­tucionais, até a descoberta de Harvey de que a circulação sangüínea tinha o duplo efeito de concentrar a atenção no sangue como o humor importante e de enfatizar o papel dos vasos sangüíneos. Foi Haller quem demonstrou a conexão imprecisa que existia entre o sangue e os temperamentos, assim preparando o cami­nho para os modernos tipologistas descreverem tipos em termos de sistemas anatômicos, em vez de humores.

A descoberta das secreções internas e seu efeito sobre a morfologia do corpo e da mente levou à formulação, em diversos países, de uma nova doutrina humoral e, assim, a uma clas­sificação de tipos com base na secreção alterada de uma dessas glândulas. Foram empregados os prefixos hiper-, hipo- e dis- para indicar um excesso de secreção, uma deficiência de secreção ou secreção qualitativamente alterada. Os prin­cipais sistemas tipo lógicos desenvolvidos com base nesses conceitos foram os dos tipologistas franceses, italianos, alemães e norte-ameri­canos.

O sistema comum da escola francesa consis­tiu, desde a época de Rostan (1828), em tipo digestivo, tipo respiratório, tipo cere­bral e tipo muscular. Outros tipos, aceitos pelos sucessores de Rostan, são os tipos reprodutivo e atônico, correspondentes aos anti­gos tipos hipergenital e linfático, e também os tipos rotundo e plano, explicados por Mac­-Auliffe em termos de química coloidal.

O sistema da escola italiana data do trabalho de De Giovanni (cerca de 1890), que formulou a lei da subdeformação e descreveu três tipos de compleição corporal: a primeira combinação ou tipo tísico, a segunda combinação ou tipo pletórico, e a terceira combinação. Outras clas­sificações trípticas baseiam-se ou na forma das vísceras, distinguindo os tipos microsplâncnico, megalosplâncnico e normosplâncnico (Viola), ou nas características externas totais, distinguindo os tipos dolicomórfico, braquimórfico e eumór­fico. Pende modificou esse sistema, distinguindo um biótipo hipervegetativo e um hipovegetativo, além de um certo número de tipos displásicos.

O trabalho tipo lógico da moderna escola alemã foi iniciado pelo frenologista Gall, em fins do século XVIII, e continuado por Beneke (tipo astênico ou hipoplásico, tipo apoplético ou hiperplásico, tipo normal); Carus (consti­tuições atlética, fleumática, tísica, cerebral e estéril); Bauer (status degenerativo, habitus artrítico e tipo astênico); e por E. R. e W. Jaensch (tipos integrado e desintegrado). No campo da psiquiatria, o sistema tipológico de Kretschmer tornou-se certamente o mais in­fluente (tipos pícnico, astênico, atlético e dis­plásico no aspecto fisico; temperamentos ci­clotímico e esquizotímico).

Na moderna escola americana o trabalho mais sistemático e efetivo foi realizado por Draper (painéis de personalidade), Davenport (biótipos carnudo, esguio e médio), Stockard (tipos lateral e linear), Lewis (tipos regressivo, hipercompensatório e normalmente compensa­tório) e Sheldon (tipos ectomórfico, mesomór­fico e endomórfico).

Os tipologistas ingleses mais conhecidos são E. Miller, Spearman e Cohen, e na moderna escola holandesa os investigadores mais desta­cados são Hymans e Wiersma.

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