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transferência

Em terapia psicanalítica, é o fenô­meno de projeção de sentimentos, pensamentos e desejos no analista, que passou a representar um objeto do passado do analisando. Este reage ao analista como se ele fosse alguém do passado do paciente; tais reações, embora possam ter sido apropriadas às condições que predomi­navam na vida pregressa do paciente, são agora inadequadas e anacrônicas, quando aplicadas a um objeto (o analista) no presente.

"Durante o tratamento psicanalítico, o ma­terial inconsciente reprimido é revivido e, como esse material contém muitos elementos infantis, as pulsões infantis são reativadas e buscam gratificação na transferência. Como o relacio­namento mais importante da criança é com seus pais, a relação estabelecida na transferência entre paciente e analista torna-se análoga ou, por vezes, até semelhante à relação do paciente com seus pais na infância. O paciente atribui ao analista os mesmos poderes mágicos e onis­ciência que, na infância, atribuiu aos seus pais. Os traços de submissão e rebelião, na transfe­rência, refletem do mesmo modo a atitude da criança em relação a seus pais. O paciente comporta-se irracionalmente na situação psica­nalítica; com freqüência, é preciso muito tempo para que ele veja a irracionalidade de seu com­portamento, o qual está profundamente enrai­zado em sua vida infantil inconsciente."
A transferência pode ser positiva, como quando o paciente supervaloriza de forma irrealista ou ama o analista; ou pode ser nega­tiva, como quando o paciente não gosta ou odeia o analista sem uma causa na realidade. Deve-se notar que o termo transferência não se refere a reações do paciente ao analista que tenham por base fatores reais na relação tera­pêutica; assim, um paciente pode estar furioso com o analista porque este não compareceu a uma sessão, mas é incorreto chamar essa reação de transferência. Também é preciso reconhecer que a transferência pode existir fora da situação analítica, em relação a outras pessoas do meio ambiente.

E. Krapf  considera a transferência positiva predominan­temente libidinal, e a transferência negativa, preponderantemente agressiva. Ele observa que existe um terceiro tipo de transferência, a trans­ferência de ansiedade, que serve sempre como defesa, ao passo que as transferências libidinal e agressiva são defensivas em muitos casos, mas não em todos. "Assim, podemos enumerar cinco tipos de transferência: (1) libidinal; (2) agressiva; (3) libidinal-defensiva; (4) agressiva­-defensiva; e (5) ansiosa-defensiva."

Jung enfatiza a questão da transferência, a que chama rapport psicológico. Ele o considera "o vinculo intensificado com o médico, que é um sintoma de compensação para as relações defeituosas com a realidade atual". Jung diz que "o fenômeno de transferência é inevitável em toda análise fundamental… O paciente deve encontrar uma relação com um objeto na exis­tência presente, pois sem ela nunca poderá cumprir adequadamente as exigências que a adaptação lhe impõe". (Jung)

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