Nascido em Paris em 1800, ligado durante seus estudos de medicina à seção dos idiotas do serviço de Esquirol na Salpêtriere, Belhomme se apaixonou pelos meios de melhorar as potencialidades desses pacientes, submetendo-os, desde a infância, a exercícios proporcionais à sua inteligência. Dedicou a esse tema a sua tese "Ensaio sobre a idiotia", defendida a 1º de julho de 1824. Dois meses e meio depois, a morte de seu pai o conduziu à direção da Casa de Saúde de Charonne, que cederia a Archambault em 1852. Nesse mesmo ano, ambos estavam entre os 35 membros fundadores da jovem Sociedade Médico-Psicológica. Belhomme morreu a 16 de fevereiro de 1880.
Sua tese é um marco na história da psiquiatria, pois foi um dos primeiros trabalhos consagrados à educação dos deficientes mentais, e a esse título Belhomme foi um precursor de Seguin, de Vallée e de toda a corrente que no século XIX daria origem à psiquiatria infantil (assim, quando em 1830 Félix Voisin publicou uma brochura sobre a "educação especial" desses pacientes deixando de citá-Io, Belhomme proclamou a sua prioridade, reeditando a sua tese com alguns acréscimos). Mas, seduzido pelas teorias frenológicas de Gall e de Spurzheim, era essencialmente o problema da "localização" cerebral da loucura e da determinação das lesões na alienação mental que o preocupava. Durante cerca de 40 anos, dedicou a esse tema a maioria dos seus trabalhos, desde "Considerações sobre a apreciação da loucura, sua localização e seu tratamento", publicado em 1834, até "Alterações patológicas do encéfalo", coincidindo com as diversas formas de loucura, publicado em 1872. Na falta de uma tribuna universitária ou hospitalar oficial, foi no Ateneu Real, aberto ao grande público, que ele pôde expressar as suas idéias sobre a patologia mental.