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Dicionário

BENEDIKT, Moritz (1835-1920)

Nasceu a 6 de julho de 1835, em uma família de comerciantes judeus de Eisenstadt, na pro­víncia austro-húngara de Burgenland, mas toda a sua carreira médica se desenrolou em Viena, onde seu espírito curioso podia se ocupar em muitas direções. Inicialmente ten­tado pela física, dedicou-se a pesquisas sobre as aplicações médicas da eletricidade e publi­cou em 1868 uma obra intitulada "Eletrotera­pia", que durante muito tempo seria conside­rada um clássico. Nomeado médico-chefe da policlínica de medicina interna do Hospital Geral de Viena, deparou-se com muitos pro­blemas neurológicos e psiquiátricos, que o levaram, nos anos 1870, a interessar-se pelo hipnotismo e pelo tratamento das neuroses. Na neurologia, isolou uma afecção que reu­nia a hemiplegia e uma paralisia ocular contralateral, a "síndrome de Benedikt", as­sim denominada por Charcot, de quem era amigo e que o recomendaria a Freud.

Seduzido pela criminologia, dedicou-se ao estudo craniométrico dos delinqüentes, sendo, pois um precursor de Lombroso. Mas foi certamente no campo da histeria que a sua contribuição foi mais original. Desde 1868, em seu manual de eletroterapia, Benedikt, utilizando o termo libido no sentido etimoló­gico de desejo sexual, relacionava a histeria com perturbações precoces da vida sexual ou com maus-tratos sofridos na infância, acar­retando uma vulnerabilidade particular do sistema nervoso. Julgava que a confissão consciente do "segredo" patógeno era a con­dição necessária da cura, e negava o papel do tratamento pela hipnose, pelo qual se interes­sara anteriormente, e contra o qual, para­doxalmente, Joseph Breuer o advertira.

Mais tarde, Benedikt ampliou essa noção de vida secreta, que todos, doentes ou sãos, têm em si, mas que se torna ainda mais im­portante quando as aspirações interiores do indivíduo têm mais dificuldade em expres­sar-se. Foi o que ele estudou, sob o nome inglês de Second life, em um longo artigo de 1894 na Wiener Klinik e que ele desenvolve­ria no seu "Tratado sobre o espírito humano", publicado no ano seguinte em Leipzig.

Parece que as teorias de Benedikt não deixaram de influenciar o desenvolvimento do pensamento de Freud e de Adler. Aos 71 anos, amargo e desiludido, publicou em 1906 um volume de memórias impiedosas: Aus meinem Leben. Morreu em Viena a 14 de abril de 1920.

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