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Dicionário

BINET, Alfred (1857-1911)

Nascido em Nice em 1857, Binet teve du­rante toda a sua carreira interesses muito diversos. Atraído inicialmente pela biologia, defendeu na Sorbonne uma tese de doutorado em ciências, antes de abordar a psicologia através do hipnotismo, do magnetismo e de fenômenos de desdobramento da personali­dade, então muito em moda. Em "A psicologia do raciocínio", publicada em 1886, supunha a existência de uma dinâmica intelectual sub­jacente a toda atividade mental consciente. No ano seguinte, fez um estudo do fetichismo, vocábulo criado por ele, em um artigo na Revue Philosophique e assinou, com Charles Féré, uma obra sobre "O magnetismo animal". Foi nomeado, em 1892, diretor do laboratório de psicologia experimental da Sorbonne, mas as suas ambições universitárias não seriam mais favorecidas: no Collège de France, pre­feriu-se Pierre Janet, mais novo que ele dois anos, enquanto Georges Dumas, também mais novo nove anos, o suplantaria na Sor­bonne. Em 1893, fundou o Année Psycholo­gique, primeiro periódico francês do gênero, antes de se dedicar ao estudo do desenvolvi­mento da inteligência e das correlações que ele supunha existirem entre esta e o volume do crânio. Foi então que começou a sua cola­boração com um jovem residente da colônia de crianças retardadas do Asilo de Perray-­Vaucluse, Théodore Simon, cuja tese ele sugeriu. Essa produtiva associação deveria resultar, em 1905 (com o estímulo do minis­tério da Instrução pública, desejoso de definir um método para diferenciar as crianças "nor­mais" das crianças incapazes de beneficiar-se da instrução escolar que se tornara obrigató­ria), na elaboração da primeira escala métrica de desenvolvimento da inteligência. Sabe­mos qual foi o futuro brilhante desse método de avaliação da idade mental, revisto uma primeira vez em 1908, depois em 1911, no mesmo ano da morte de Alfred Binet, intro­duzido nos Estados Unidos em 1910 por Hen­ry H. Goddard, e depois retomado por Ter­man em 1917 na Universidade de Stanford e na França pela última vez, em 1949, por René Zazzo.

Há um aspecto menos conhecido da ativi­dade de Binet. É a sua obra de dramaturgo.

Colaborou com André de Lorde, "esse es­pecialista do horror, obcecado pelos múlti­plos problemas e pelas situações pungentes que a loucura suscita", segundo um cronista da época, na composição de algumas peças de teatro com temas médicos. Citamos A obsessão, A horrível experiência, O homem misterioso, representada no teatro Sarah Bernhardt, que mostrava um doente delirante perseguido, e Os invisíveis, encenada no tea­tro Ambigu, cuja ação se passava no "Asilo Saint-Yves", no serviço do doutor Simonet, alusão transparente a Théodore Simon, que era então médico-adjunto no Hospital de Saint-Yon. Essas preocupações melodramá­ticas não deixam de lançar uma luz particular sobre a escolha de certos itens um tanto lúgu­bres que aparecem no teste de Binet-Simon.

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