Nascido em Nice em 1857, Binet teve durante toda a sua carreira interesses muito diversos. Atraído inicialmente pela biologia, defendeu na Sorbonne uma tese de doutorado em ciências, antes de abordar a psicologia através do hipnotismo, do magnetismo e de fenômenos de desdobramento da personalidade, então muito em moda. Em "A psicologia do raciocínio", publicada em 1886, supunha a existência de uma dinâmica intelectual subjacente a toda atividade mental consciente. No ano seguinte, fez um estudo do fetichismo, vocábulo criado por ele, em um artigo na Revue Philosophique e assinou, com Charles Féré, uma obra sobre "O magnetismo animal". Foi nomeado, em 1892, diretor do laboratório de psicologia experimental da Sorbonne, mas as suas ambições universitárias não seriam mais favorecidas: no Collège de France, preferiu-se Pierre Janet, mais novo que ele dois anos, enquanto Georges Dumas, também mais novo nove anos, o suplantaria na Sorbonne. Em 1893, fundou o Année Psychologique, primeiro periódico francês do gênero, antes de se dedicar ao estudo do desenvolvimento da inteligência e das correlações que ele supunha existirem entre esta e o volume do crânio. Foi então que começou a sua colaboração com um jovem residente da colônia de crianças retardadas do Asilo de Perray-Vaucluse, Théodore Simon, cuja tese ele sugeriu. Essa produtiva associação deveria resultar, em 1905 (com o estímulo do ministério da Instrução pública, desejoso de definir um método para diferenciar as crianças "normais" das crianças incapazes de beneficiar-se da instrução escolar que se tornara obrigatória), na elaboração da primeira escala métrica de desenvolvimento da inteligência. Sabemos qual foi o futuro brilhante desse método de avaliação da idade mental, revisto uma primeira vez em 1908, depois em 1911, no mesmo ano da morte de Alfred Binet, introduzido nos Estados Unidos em 1910 por Henry H. Goddard, e depois retomado por Terman em 1917 na Universidade de Stanford e na França pela última vez, em 1949, por René Zazzo.
Há um aspecto menos conhecido da atividade de Binet. É a sua obra de dramaturgo.
Colaborou com André de Lorde, "esse especialista do horror, obcecado pelos múltiplos problemas e pelas situações pungentes que a loucura suscita", segundo um cronista da época, na composição de algumas peças de teatro com temas médicos. Citamos A obsessão, A horrível experiência, O homem misterioso, representada no teatro Sarah Bernhardt, que mostrava um doente delirante perseguido, e Os invisíveis, encenada no teatro Ambigu, cuja ação se passava no "Asilo Saint-Yves", no serviço do doutor Simonet, alusão transparente a Théodore Simon, que era então médico-adjunto no Hospital de Saint-Yon. Essas preocupações melodramáticas não deixam de lançar uma luz particular sobre a escolha de certos itens um tanto lúgubres que aparecem no teste de Binet-Simon.