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Dicionário

BURQ, Victor-Jean-Marie (1822?-1884)

Nascido em Rodez, em 1822 ou em 1823 e falecido a 19 de agosto de 1884 na Abbaye­aux-Bois (Seine-et-Oise), Burq foi o inventor da metaloterapia, ou uso dos metais, por via interna ou externa, como agentes de cura. Segundo ele, a cada temperamento humano corresponderia um metal específico, e seria possível determinar essa sensibilidade metá­lica individual por meio da metaloscopia: o metal que se desejava testar, aplicado sobre a pele, acarretaria sensação de calor, umidade e formigamentos locais quando fosse apro­priado ao caso do doente. Rostan afirmava, nas suas clínicas da Santa Casa, que Burq obteve alguns sucessos durante a epidemia de cólera de 1849, graças ao uso de "armaduras de cobre", e Burq voltou a esse assunto em 1869, em uma Monografia do cobre contra o cólera. Teria até mandado fazer em Reims uma flanela profilática, impregnada de um sal desse metal. Em 1850, combateu a his­teria na Salpêtrière, no ano seguinte estava na Santa Casa e publicou Nova doutrina e novo tratamento das doenças nervosas, seguido em 1853 de um Tratado sobre a metalotera­pia, e enfim foi publicado em 1871, editado por Baillière, Metaloterapia – tratamento de doenças nervosas, paralisia, histeria, hipocondria, enxaqueca, dispepsia, gas­tralgia, asma, reumatismo, nevralgias, es­pasmos, convulsões etc., pelo Dr. V. Burq, ex-professor livre de metaloterapia aplicada à patologia nervosa, médico clínico em Vi­chy e em Nice.

Tudo isso seria apenas curioso, se, em 1876, o autor não tivesse escrito a Claude Bernard, então presidente da Sociedade de Biologia, a fim de "saber se, durante um quarto de século, ele não se teria enganado sobre os fatos que acreditava ter observado corretamente". E a Sociedade de biologia designou uma "Comissão do burquismo", composta de três membros, aliás muito ilus­tres: Charcot, Luys, e Dumont Pallier, que depois de um ano de trabalho, chegaram a conclusões favoráveis à teoria de Burq.

Em 1889, Dumont Pallier, presidente do primeiro "Congresso Internacional de Hip­notismo Experimental e Terapêutico", que ocorreu em Paris, prestou-lhe uma homena­gem pública no seu discurso de abertura: "Foi para nós uma viva satisfação poder fazer justiça a um pesquisador cujo mérito ficou desconhecido por tanto tempo (…) Assim, foi o magnetismo que revelou ao doutor Burq a ação dos metais sobre as histéricas hipnotizá­veis, e 25 anos depois, foram as pesquisas sobre a metaloscopia que levaram os mem­bros desta comissão a estudar a ação da ele­tricidade, dos eletroímãs, do ferro imantado e dos diferentes processos dos magnetiza­dores para determinar o sonambulismo, a catalepsia e a letargia."

Conhece-se o uso que seria feito de tudo isso nos serviços dos três relatores.

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