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drogas, dependência química das

Podemos considerar a vida psíquica como a Relação Homeostática de três níveis anátomo-funcionais: neuroquímico, neurofisiológico e neuropsicológico. Um estímulo artificial em um desses setores influenciará os demais. A droga induz fenômenos neuroquímicos com a redução do complexo sistema encefálico a um estreito funcionamento mecanicista, gerando alterações biopsicológicas, com a quebra da homeostase entre os sistemas interessados. No momento do estímulo anormal (intoxicação) e das circunstâncias que o acompanham, ritualísticas ou não, ocorre a formação de uma memória afetiva interna.
Portanto, a drogadicção é a transformação abrupta e artificial da homeostase que existe entre o neocórtex e o subneocórtex, criando, por assim dizer, uma nova relação, um "órgão novo" no encéfalo. Conclui-se que a drogadicção, ou dependência química, deve ser vista como um evento único, como um transtorno psíquico próprio. A droga atua no cérebro não só na sua estrutura e funcionamento específicos (neurotransmissão), mas também altera seu suprimento circulatório nutricional geral, sua oxigenação, seu suporte glicídico, protéico e até a eliminação de catabólitos.
O uso repetido da droga que leva a atividade química anormalmente elevada gera uma deficiência neurotransmissora biologicamente adquirida que é chamada de craving, a popular "fissura", e que representa  um complexo fenômeno de avidez pela substância, combinado aos primeiros sintomas de abstinência. Nessa fase o paciente ver-se-á obrigado a repetir o uso da droga, independentemente dos efeitos psíquicos e físicos que este uso traz.
Como se deduz, a fase em que os fenômenos biológicos da drogadicção tornam-se ostensivos é quando aparece o craving. Por exemplo, o crack, por seu efeito mais potente e fugaz, leva a uma dependência mais precoce, pelo craving mais intenso e reações adversas para o usuário (quadros delirantes e alucinatórios), do que a cocaína inalada. Isso se deve à sua forma de absorção pelo pulmão, através de seu sistema alveolar, e por atingir a circulação arterial sistêmica e cerebral em sua forma inalterada, isto é, ainda não digerida pelo fígado. Devido à grande toxicidade as lesões neuronais ocorrem mais intensamente.

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