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Sobre o livro “A Dor”

"A Dor"
Autor: João Augusto Figueiró
Editora: Publifolha
Páginas: 104
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha

A dor sempre acompanhou o homem em sua trajetória pela Terra. Em verso ou prosa, ela aparece retratada de inúmeras formas, segundo as épocas e as crenças de cada povo ou indivíduo. A maneira de lidar com ela também tem variado ao longo da história. Podemos percebê-la, às vezes, como sinônimo de expiação de culpas, a exigir dos sofredores uma postura passiva e resignada. Outras vezes, é vista como teste de fortaleza, que impõe às suas vítimas uma atitude estóica. Há ainda os que crêem nela como a manifestação de forças malévolas; também existem, por outro lado, os que a idolatram, pois encontram na dor um refúgio para seus medos.

Essa fiel companheira de nossa espécie apresenta-se a cada um de nós de modo diferente, segundo aspectos pessoais, genéticos, psicológicos ou culturais.

Na forma aguda ou crônica, a dor pode ter várias funções: tanto pode servir como mecanismo de alerta, para que se tome cautela diante de prováveis doenças, como pode ser um fator de proteção, para que se evite algum perigo.

Existem, no entanto, dores sem nenhuma função aparente, como as dos "membros fantasmas", relatadas por indivíduos que sofreram amputações, ou mesmo as cefaléias –as famosas "dores de cabeça"–, tão conhecidas por qualquer um de nós. Essa modalidade de dor, sem função específica, é o típico caso em que a própria dor é o problema: em lugar de ser um sintoma, ela já se constitui, por si, numa doença e, como tal, deve ser tratada, para que não se torne prejudicial ao organismo.

Qualquer sensação de dor traz prejuízos a nossas atividades diárias e a nossa qualidade de vida, além de funcionar como porta de entrada de diversos outros males, como a depressão, por exemplo. Por isso, toda dor deve ser diagnosticada e tratada, recorrendo-se à medicina física, à farmacoterapia, à acupuntura, à fisioterapia, à psicologia –sempre numa abordagem interdisciplinar, ou seja, com o envolvimento de profissionais de diferentes áreas.

No Brasil (e em muitos outros países), a dor ainda não é controlada adequadamente, por vários motivos. Existe ainda em nosso meio, por exemplo, a crença de que, em diversas situações, é impossível controlar a dor, ou de que ela é um fator essencial para fazer o diagnóstico de uma doença. Há também uma tendência a subestimar o sofrimento, à qual se acrescenta uma boa dose de avaliações inadequadas dos quadros de dor e de suas conseqüências. Como se isso não bastasse, a automedicação incorreta e as falsas idéias a respeito da tolerância ou dependência de medicamentos colaboram efetivamente com esse quadro insatisfatório de controle da dor.

Atualmente, porém, não se justifica que alguém sofra dor sem que possa contar com algum tipo de auxílio. Embora muito ainda reste a fazer em matéria de investigação e tratamento, o caminho percorrido na busca da prevenção, melhora e cura já é grande, com inúmeras possibilidades de soluções. Os centros de dor, existentes em diversas cidades, onde atuam equipes multidisciplinares (médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e nutricionistas), vêm se preparando nos últimos anos para oferecer assistência, através da avaliação das situações, do alívio da dor e do sofrimento, da mudança de comportamentos prejudiciais dos pacientes e da orientação aos enfermos e seus cuidadores.

Nestes tempos de globalização, muito se tem falado em parcerias. Pois bem: essa é uma palavra-chave também com relação ao nosso tema. Somente por meio de uma construção conjunta de muitos saberes profissionais, aliada à participação efetiva do próprio doente no processo do tratamento, é que poderemos ampliar os horizontes de estudo e tratamento da dor.

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