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A Natureza Humana, o Símbolo e a Psicanálise

Estaremos procurando com a apresentação desse estudo, ressaltar a importância do "símbolo" para a compreensão do homem, das relações humanas e as suas vicissitudes.
Apesar do mundo humano não constituir-se em uma excessão às regras biológicas, podemos constatar a presença de uma nova característica. O círculo funcional do ser humano não se desenvolveu apenas quantitativamente, mas também houve uma mudança do ponto de vista qualitativo. Dessa forma, como uma característica que diferencia o homem das outras espécies, vamos nos deparar com o sistema simbólico.

Pode-se dizer que o ser humano vive uma nova dimensão da realidade. O homem, segundo Rousseau, "est um animal dépravé", o que significa que não se aprimora, mas se deteriora a natureza humana quando ultrapassa as fronteiras da vida orgânica. Assim, o homem já não existe num universo puramente físico, mas também num universo simbólico. Tal universo constitui-se em algumas partes, como por exemplo: a linguagem, o mito, a arte e a religião. Dessa maneira, o homem ao invés de lidar com as coisas em si, vive num certo sentido conversando consigo mesmo.

Feitas essa considerações, podemos dizer que o homem vive, por assim dizer, em meio à emoções imaginárias, entre esperanças e temores, ilusões e desilusões, além de viver também em seus sonhos e fantasias.

Citamos Epícteto : " O que perturba e alarma o homem não são as coisas, mas sim as suas fantasias e opiniões a respeito das coisas ".

Lado a lado com a linguagem conceitual  existe a linguagem emocional;  assim como lado a lado com a linguagem lógica e científica, existe a linguagem da imaginação poética.. Deste ponto de vista, essa linguagem não expressa pensamentos ou mesmo idéias, mas sim sentimentos e afeições.

Segundo concebeu Kant, mesmo a religião , considerada " dentro dos limites da razão pura " , acaba sendo nada mais do que uma abstração. Em decorrência disso , não mais se consideraria o homem como o denominaram os grandes pensadores, ou seja, "animal rationale", passando a ser considerado como sendo um  "animal symbolicum", ficando então aberta ao homem uma nova vereda: a civilização.

Retornamos a Epícteto , no sentido de podermos tecer algumas considerações de ordem psicanalítica:

Penso que este pensamento é de grande valia e consonância com a teoria psicanalítica. Se tomarmos os sonhos, assim como as neuroses, os atos falhos, os chistes, etc, que representam os produtos do inconsciente,  notaremos a presença dos mesmos mecanismos, a saber:  condensação, deslocamento, figurabilidade, etc.  Sem o conceito de símbolo  e o compartilhamento dentro de uma mesma cultura, tudo isso não seria passível de uma interpretação.

O indivíduo neurótico também produz as suas fantasias, através de sua fantasmagoria inconsciente e, se atemoriza diante delas, uma vez que acaba por estabelecer uma falsa conexão. Existe na literatura psicanalítica, um exemplo clínico, onde um determinado paciente desenvolveu um verdadeiro pavor de manter relações sexuais com a sua esposa, uma vez que para ele, ao ejacular, mataria o feto por engolir o seu sêmem.

A própria construção dos quadros delirantes, tem que ser compreendida através de uma simbolização  pessoal. Tornou-se um hábito citar o exemplo do paciente que acredita ser Napoleão Bonaparte. Esse personagem em especial, traz toda uma simbologia  constituída por poder, força, combatividade, vitória, etc.  Para fazermos o contraponto com o símbolo, dizemos que: " o sinal indica, enquanto o símbolo representa ".

Um outro exemplo que nos parece fundamental para entendermos a importância do símbolo, é a " Análise da fobia de um menino de cinco anos":   o pequeno Hans  ou como convencionou-se chamar de Joãozinho, desenvolveu um intenso temor aos cavalos, onde Freud foi encontrar, através do material fornecido a ele por seus pais  (Hans nunca foi paciente de Freud), toda uma representação simbólica referente à figura de seu pai.

Dessa forma, ao levar-se em consideração o estudo do símbolo, estaremos caminhando para a compreenmsão do ser humano e suas vicissitudes.

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