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O Convívio com Cães no Auxílio ao Desenvolvimento Afetivo Infantil

Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia. Ano 2005
 
Resumo

A maior razão para existência dos diversos ramos que atuam na área de saúde é a busca incessante na melhoria na qualidade de vida das pessoas, e nesta procura, a psicologia não surge como exceção. Assim sendo, o estudo do tema torna-se de grande relevância, visto que apesar das correntes tradicionais, a psicologia tem buscado fontes alternativas para proporcionar esta melhoria de qualidade de vida. Desenvolvida pelo Dr. Boris Levinson, a temática em questão apesar de pouco explorada, trata da utilização terapêutica de cães no tratamento de crianças que sofrem com problemas psicológicos, de relacionamento social, de afetividade, de aprendizagem entre outros, baseando-se em estudos que apontam os benefícios do convívio de crianças com esses animais. Estes benefícios foram comprovados nesta pesquisa a partir de análise dos relatos de profissionais de psicologia que realizam este tratamento e pais de crianças que convivem ou não com cães, no sentido de confirmar que de uma forma ou de outra, aquelas que convivem com cães, ou, que fazem tratamento mediado por cães treinados apresentam maior afetividade, convívio social e elevada auto-estima, pois os cães facilitam o convívio da criança com seu meio, porque, segundo os próprios profissionais, estes animais proporcionam um alívio imediato para a pessoa em tratamento e proporciona melhoras nos quadros de ansiedade, estresse, hipertensão, auto-estima, comunicação e sensibilidade.

Palavras-chaves: Cinoterapia. Crianças. Psicologia.

1. Introdução
 
O presente estudo aborda um assunto novo, principalmente no universo teórico da Psicologia. As publicações sobre tal tema são diminutas, assim como as práticas empíricas. Esse fato, particularmente, despertou grande interesse em desenvolver a pesquisa, tornando ambicioso o título do trabalho. Mas, qual a origem desse interesse?

O ritmo frenético atual tem causado grandes problemas não somente aos adultos, mas também às crianças, que têm sido grandes vítimas deste processo. Por esta razão, e em decorrência dos resultados de pesquisas científicas que mostram que o convívio com animais é altamente benéfico, alguns profissionais estão pensando em desenvolver, a partir daí, uma terapia alternativa para auxiliar no tratamento de pessoas que necessitam de auxílio psicológico com o fim de proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida.

Tal técnica refere-se a Pet Terapia realizada com cães, que teve origem aproximadamente no século XVIII na Inglaterra, onde foi descoberto que a presença do bicho traz benefícios psicológicos, pedagógicos e sociais ao paciente, principalmente às crianças, pois o convívio com cães exerce efeitos benéficos no comportamento afetivo. Com as crianças, os cães estabelecem uma comunicação recíproca que possibilita um desenvolvimento da auto-estima, respeito, companheirismo, visão de futuro e ainda estimula a liberação de substâncias que podem ser benéficas ao organismo, como endorfina e adrenalina (BECKER,2003)
Portanto, o estudo sobre o tema é de suma importância devido ao cenário atual do mundo contemporâneo, em que as pessoas têm seu tempo cada vez mais limitado e o ritmo de vida cada vez mais estressante, levando-as a apresentar problemas de ordem psicológica.
           
Fazendo um panorama histórico, podemos citar que a interação entre cães e seres humanos foi marcada por cerca de 15 mil anos de admiração e confiança recíprocas. Nesse espaço de tempo, civilizações surgiram e desapareceram, o desconhecido foi explorado, alguns dos grandes obstáculos ao progresso humano foram vencidos. E tudo isso foi feito com o cão – parceiro, companheiro, protetor – ao nosso lado.

No entanto, o ser humano sempre sofreu uma espécie de “Síndrome de Narciso” que o levou a construir mitos de si mesmo, como o de considerar-se feito à “imagem e semelhança de Deus” ou o “coroamento da criação”. É como se toda a evolução biológica que o precedeu fosse uma espécie de ensaio da natureza para atingir o ápice da perfeição: o surgimento do Homo sapiens.[1]

Por sentir-se o centro do universo, o homem reconhecia no animal e nas outras espécies simples “coisas”, desprovidas de vida própria, que existem apenas para o servir. Ao iniciar o processo de civilização, o ser humano levou consigo o planeta inteiro, desequilibrando todo o ecossistema.

A partir do momento que foi despertada a necessidade de preservarmos o meio ambiente, no entanto, surgiu uma nova concepção de relacionamento, voltada para o respeito a todas as formas de vida, onde se incluem os animais.

O animal, que antes servia apenas de suporte, evoluiu também para animal de estimação. Sua relação com o ser humano tornou-se tão complexa que, ao entrar para uma família, ele é capaz de provocar alterações no comportamento de todos os seus membros.

Dos animais domésticos, o cão é uma das espécies mais brincalhonas que existe. Agitação e irreverência são as características comuns a muitos deles. A natureza alegre de um cão saudável é uma das maiores satisfações para o seu dono, por isso não é necessário sublinhar como é benéfica a relação entre uma criança e um cão. Para a criança, o cão torna-se um privilegiado e companheiro inseparável de brincadeiras.

Com todos os avanços da ciência, pesquisas (como as desenvolvidas por BECKER,2003; GOLDEN,2004) mostram, que o convívio com os animais é considerado um dos melhores recursos terapêuticos. Os animais domésticos passaram a ser considerados importantes na sociedade, por oferecer apoio emocional.

Segundo alguns estudos, os animais de comportamento dócil, trazem ao ser humano momentos de tranqüilidade e alegria. Nesses momentos principalmente, as pessoas deixam de lado seus problemas, dores, insatisfações, seus momentos de solidão e tristeza; sentem-se mais dispostas a falar com os animais, pois estes os retornam um olhar não julgador e não crítico. Além disso, a simples presença de um animal de estimação pode ser relaxante, ajuda a diminuir a pressão sangüínea e o estresse.

Para comprovar esta relação, foram realizadas diversas pesquisas científicas, obtendo várias informações relevantes para a Psicologia. Por exemplo, em 1999, Karen Allen (apud FARIA, 2004), cardiologista da Universidade de Nova York, agrupou 48 corretores do mercado financeiro (homens e mulheres) que apresentavam altos níveis de pressão arterial e stress. Metade deles, escolhidos ao acaso, receberam um cão ou gato e passaram a morar juntos. Após um semestre o grupo "tratado" com animais de estimação tinha pressão arterial normal e o stress reduzido à metade. Outros autores pesquisaram a sobrevivência de enfartados coronários possuidores ou não de animais de estimação. Nessa pesquisa, eles analisaram 92 pessoas.

Destas 53 possuíam animais de estimação incluindo cães; neste grupo foi alcançado o índice de sobrevivência de 94%, após o infarto. No restante do grupo, que não possuía animais, o índice obtido caiu para 71%. Em 1997, houve o acompanhamento de 2805 pessoas por 89 meses. As mulheres observadas que tomavam antidepressivos e possuíam animais de estimação, precisavam de doses menores do que as que não os possuíam. Tendo em vista os benefícios obtidos com a interação homem-animal, acredita-se que, uma terapia onde predomine esta interação seja uma alternativa positiva de reabilitação física e mental em seres humanos, pois a ação de cuidar de outro ser vivo tende a ser autocurativa.[2]

Nos idosos, sabe-se que o animal proporciona a melhora da auto-estima devido ao contato físico e ao despertar do senso de responsabilidade. Pelo fato de terem que cuidar do bicho, as pessoas mais velhas passam a se sentir úteis. A introdução de animais em asilos é uma boa forma de recreação e socialização. (LIMA, 2005)

Em muitos lugares, os animais são usados na recuperação de doentes, convalescentes e até presidiários. Na Europa, 30% das terapias de recuperação utilizam animais. Em San Francisco, nos Estados Unidos, existe um programa em que cães e gatos oferecem conforto a pacientes terminais de Aids.

A aplicação dessa técnica foi muito positiva e seus resultados começaram a ser divulgados nos Estados Unidos, indicando a possível melhoria nos aspectos afetivo, comunicativo e cognitivo dos pacientes, principalmente das crianças.

Atualmente, os princípios dessa terapia mediada por animais são utilizados em todo o mundo. O trabalho é realizado através da utilização de cães, gatos, cavalos, peixes, tartarugas, coelhos, etc em hospitais e escolas especializadas no tratamento de crianças que apresentam problemas psicológicos e na reabilitação de crianças portadoras de deficiências múltiplas. O vínculo afetivo que o paciente logo estabelece com o animal é o primeiro passo para o sucesso da terapia, pois abre caminho para a comunicação com o terapeuta.

Os animais que participam são selecionados segundo critérios de saúde e comportamento. São controlados por Médicos Veterinários e submetidos semestralmente a exames laboratoriais, eliminando qualquer risco de contágio. O processo se inicia com a escolha dos animais de acordo com conhecimentos profundos de comportamento animal, analisando se o animal pode ou não ser levado para junto do paciente.

Visto o exposto, não há dúvidas de que muito se tem a ganhar no que se refere ao estudo sobre o tema que desencadeou a pesquisa, visto que produzirá efeitos a posteriori, já que a criança que tem seu lado afetivo bem explorado e desenvolvido terá grandes chances de se tornar um adulto bastante equilibrado afetivamente.

O objetivo da pesquisa proposta foi verificar se o convívio com cães no seio da família realmente influencia o comportamento de crianças, melhorando a comunicação, a auto-estima e principalmente a afetividade infantil. Por isso, foi realizada pesquisa qualitativa de campo – aquela que trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações. Foram feitas entrevistas, via e-mail, com 2 profissionais de psicologia que fazem uso da Cinoterapia – Terapia Facilitada por Cães, a fim de identificar a importância de tal técnica utilizada com crianças que apresentam problemas na afetividade.

Além disso, tendo como objetivos específicos comparar a afetividade de crianças que convivem com cães com crianças que não convivem com cães, foram realizadas, de forma adicional, 10 entrevistas semi-abertas, o que permitiu que o entrevistado relatasse suas experiências de forma livre, não havendo necessidade de ficar vinculado apenas àquilo que lhe foi perguntado; tais entrevistas foram realizadas com pais de crianças na faixa etária de 3 a 10 anos, sendo que os entrevistados foram divididos da seguinte maneira: 5 pais de crianças que possuem cães de estimação e 5 pais de crianças que não possuem cães em casa. Tal pesquisa foi centrada na cidade de Campos dos Goytacazes e todos os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concordando em participar da pesquisa (vide Anexo I e II). A partir das informações colhidas através da pesquisa, houve a utilização da técnica de análise de conteúdo a fim de averiguar a veracidade da hipótese previamente estabelecida.
           
No primeiro capítulo veremos as diferenças em relação a afetividade e o emocional de crianças que convivem com cães e crianças que não convivem com tais animais. No segundo capítulo abordaremos a relação existente entre o convívio com cães e o comportamento das crianças durante as suas brincadeiras, tendo como foco a averiguação de indícios de agressividade nas brincadeiras daquelas que não convivem com esses animais. No terceiro capítulo trataremos dos aspectos relacionados ao relacionamento social das crianças, levando em consideração o convívio ou não com cães. No quarto capítulo iremos averiguar se o convívio com cães influencia ou não o rendimento escolar das crianças. No quinto e último capítulo abordaremos a importância da cinoterapia, levando em consideração o ponto de vista das psicólogas que fazem uso de tal terapia.

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[1] CARVALHO, V. F. Convívio com Animais é um Recurso Terapêutico. Disponível em: <http://www.kennelclub.com.br/>.
[2] FARIA, A. B. et al.  A Cinoterapia no Auxílio à Reabilitação Física de Idosos.   Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. Disponível em: <http://www.anclivepa-rs.com.br/boletim_arquivo/boletim_34_htm/pag6.htm>.


2. A afetividade e o emocional da criança

 
Neste capítulo, teremos como objetivo mostrar diferenças em relação à afetividade e o emocional de crianças que convivem com cães e crianças que não convivem com tais animais. Para isso, lançamos mão do material colhido nas entrevistas realizadas com os pais durante a pesquisa.

Logo no início da entrevista foi solicitado aos pais que descrevessem seus filhos. No grupo dos pais de crianças que não convivem com cães, em resumo, 2 (dois) responderam que seus filhos são crianças carinhosas, porém agressivas.

“Ah, ele é bastante carinhoso … tá numa fase, assim difícil, bem teimosinho também, tá debochado … Por tá fazendo Tae Kwon Do, aí tá meio também, to achando assim, é carinhoso, mas tá meio agressivo também, quer brincadeira só de luta”.[1] 
           
Um pai respondeu que seu filho é ativo, mas é carente, se sente um pouco só. Segundo Dr. Marty Becker (2003), médico veterinário:

As mães que trabalham fora, quer sejam sozinhas ou casadas, consideram os bichos de estimação uma maneira de normalizar as horas solitárias que uma criança pode passar em casa, depois da escola. Não apenas as mães empregadas têm maior probabilidade de adquirir bichos de estimação, como também, quanto mais horas trabalham, mais tempo as crianças passam com o animal. (BECKER, 2003, p.56) 
           
Na opinião de Dr. Marty Becker, isso aumenta a intimidade e a importância do vínculo. Estudos apontam como um bicho de estimação pode ser importante para toda a família de uma criança que passa parte do dia sozinha em casa. Quando pai e mãe trabalham fora, o mundo se torna menor. As crianças têm menos probabilidade de se envolver com amigos, grupos juvenis e outras atividades similares. Os pais, exaustos, também têm menos disposição para expandir o mundo dos filhos. Com isso o bicho de estimação torna-se um importante catalisador da espontaneidade e da diversão em família.

Outro pai entrevistado respondeu que seu filho é calmo; e outro ainda, respondeu que seu filho é uma criança dinâmica, alegre, conversa muito, etc.
           
Já no grupo dos pais de crianças que convivem com cães em suas casas, em resumo, 4 (quatro) responderam que seus filhos são crianças carinhosas, estudiosas, inteligentes, vaidosas e caprichosas.

“… é uma criança muito carinhosa … muito esforçada … procura fazer as coisas com perfeição … é caprichosa, muito caprichosa mesmo, sabe. Onde a gente tá, ela tá beijando, fica elogiando a gente, fala que a gente é linda …”.[2] “… é uma criança muito carinhosa … sabe, uma criança boa de coração, ela não faz questão de nada … é uma criança dócil, muito muito legal de lidar com ela … é uma criança muito caprichosa … ela é muito vaidosa. Ela gosta de andar com os cabelos penteados, ela gosta de andar limpinha …”.[3]   
           
De acordo com David Niven (2001), autor do livro “Os 100 segredos das pessoas felizes”, um dos fatores que contribui para a felicidade do ser humano é conviver com um animal:
 
Os animais têm muito a nos ensinar sobre o amor. Quanto mais nos aproximamos deles, mais alegria nos dão. (…). O amor que os cães oferecem incondicionalmente enche de alegria e revitaliza aquelas pessoas muitas vezes isoladas e abandonadas pelos familiares. (…) A relação com os animais nos proporciona uma alegria imediata e provoca sentimentos positivos que contribuem fortemente para nossa felicidade. Ter um animal de estimação aumenta as probabilidades de felicidade em vinte e dois por cento. (NIVEN, 2001, p.149) De acordo com a psicóloga Sandra Salgado (apud BICHO…, 2003), integrante do
Instituto de Psicoterapia Comportamental, ao conviver com o cão a pessoa estabelece um vínculo de afeto e desenvolve a sensibilidade; sendo importante para o desenvolvimento psicológico de cada um. No caso de depressão e síndrome do pânico, o paciente fica obcecado. A presença do animal desvia o foco da atenção da doença para algo que faz bem.

Além disso, é saudável para pessoas solitárias e tristes.[4] Para a psicóloga Débora Gil (apud BICHO…, 2003), especializada em crianças, os pequenos aprendem a ter responsabilidade, já que precisam alimentar, passear e cuidar do animalzinho. Outro ponto positivo é desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro, pois é preciso interpretar as necessidades do cão. O resultado: crianças menos egoístas e mais seguras. As crianças ansiosas e deprimidas melhoram a olhos vistos, porque se sentem amadas, além de seguras e competentes, já que são capazes de cuidar de um animal.[5] Apenas 1 (um) pai respondeu que seu filho é uma criança carinhosa, mas às vezes é um pouco teimosa.Foi solicitado aos pais que falassem ainda, sobre a afetividade, o emocional dos filhos (apesar destes já terem dito um pouco sobre esse aspecto na pergunta citada anteriormente).Em síntese, no grupo de pais de crianças que não convivem com cães, 2 (dois) responderam que se trata de uma criança carinhosa; outros 2 (dois) relataram que são crianças carinhosas, mas agressivas e 1(um) pai disse que seu filho é uma criança bagunceira.Já no grupo de pais de crianças que convivem com cães, 4 (quatro) responderam que seus filhos são carinhosos, sentimentais, emotivos, sensíveis e interessados em tudo. Apenas 1 (um) falou que seu filho é uma criança egoísta.

De acordo com a psicóloga Alessandra Comin Martins[6], que faz uso da cinoterapia, a criança que convive com animais em geral, principalmente com cães é uma criança mais afetiva, mais tranqüila, com maior capacidade de troca, menos egocêntrica, com maior percepção dos outros, com maior compreensão dos ciclos da vida. Acredita ainda que o senso de responsabilidade é maior e quando é a criança que pede um animal, normalmente, é para suprir alguma carência individual e às vezes familiar. São crianças mais equilibradas, com menor tendência a distúrbios de humor. “Os cães interagem diretamente, fazendo uma relação de troca, intensa com a criança, o que não ocorre com outros animais”, completa a psicóloga.Além disso, o amor incondicional e atenção, espontaneidade das emoções, redução da solidão, diminuição da ansiedade, relaxamento, alegria, reconhecimento de valor, troca de afeto, são alguns dos benefícios emocionais decorrentes da convivência com o cão.[7]

Quando interrogados a fim de saber qual a reação da criança diante de uma situação difícil, como por exemplo, morte de alguém conhecido ou discussão em família, etc.; no grupo de pais cujos filhos não interagem com cães, 2 responderam que a criança questiona para saber o que houve; outro disse que seu filho fica indiferente; outro respondeu que a criança fica nervosa, agitada. “… se ele vê alguma discussão minha com o pai, alguma coisa assim, ele fica meio assim nervoso, fica uma criança muito agitada … ele se mete, acho que com medo de né, de alterar tal, a voz então ele já, quando começa alterar um pouquinho, falar mais alto um pouco, ou o pai dele, ela já fica nervoso … e às vezes se continuar falando alto, ele até chora, se continuar, assim, a discussão …”[8]             

Por fim, outro disse que ainda não passou por nenhuma situação difícil.

Já entre os pais de crianças que interagem com cães, 2 disseram que seu filho “guarda tudo na memória”. Outro respondeu que a criança fica preocupada. Outro respondeu, ainda, que a criança fica triste e outro relatou que a criança não percebe a situação.
  
“… ele é assim, ele é uma criança completamente normal digo assim como criança eu não vejo assim nada assim … não é uma criança triste, é uma criança alegre … eu não deixo problema de casa, ele assim pegando, quando ele participa, ele também fica triste, na hora ele fica triste, mas depois ele esquece … acho que o animal, tanto cachorro como gato faz bem pra criança, eu acho que ele até, acho que ele até desenvolve mais emocionalmente, fica mais alegre porque o bichinho sente muito …”[9] S

egundo Dr. Marty Becker: Crianças do mundo inteiro recorrem a seus bichos de estimação em momentos de tensão emocional. Quando se sentiam tristes, crianças alemãs da quarta série, pesquisadas, recorriam a seus animais, dizendo-lhes que os preferiam à companhia de qualquer outra criança. Uma pesquisa de 1985, com crianças de Michigan entre 10 e 14 anos, constatou que 75 por cento voltavam-se para seus bichos de estimação quando estavam perturbadas. As crianças destacavam a capacidade do animal de escutar, tranqüilizar, demonstrar aprovação e proporcionar companheirismo. As pessoas que não amam os animais acham hilariante a alegação de que os animais compreendem nossas emoções. (BECKER, 2003, p. 54) 

Na opinião do autor, a mesma habilidade que permite que um bicho de estimação perceba o movimento de um esquilo distante, o cheiro de um faisão escondido nas moitas ou o som do entregador de pizza antes mesmo que a campainha toque, proporciona-lhe também a capacidade de sentir mudanças sutis nos ânimos, necessidades e emoções de uma pessoa.
 

3. A criança e suas brincadeiras
 
No presente capítulo será abordada a relação existente entre o convívio com cães e o comportamento das crianças durante as suas brincadeiras, tendo como foco a averiguação de indícios de agressividade nas brincadeiras daquelas que não convivem com esses animais. Teremos como base as entrevistas realizadas com os pais no decorrer da pesquisa.           

A importância dessa ênfase para a psicologia ocorre em razão da terapia com cães auxiliar no tratamento de crianças que apresentam comportamentos agressivos, pois o convívio com cães ajuda a minimizar a agressividade. Foi solicitado aos pais que falassem sobre as brincadeiras dos filhos. Dos pais de crianças que não convivem com cães, 2 (dois) responderam que seus filhos são calmos quando estão brincando. Outros 2 (dois) disseram que as brincadeiras são agressivas e 1 (um) falou que seu filho é muito arteiro. “Depois que ele passou a ir jogar vídeo game na casa dos coleguinhas e do flipperama que tem aqui perto de casa, gosta muito de luta sabe; a brincadeira dele ultimamente tem sido negócio de luta,eu até prefiro evitar que ele assista isso na televisão, mas acontece que vai na casa do colega dele aí acaba vendo isso… ta gostando muito de brincar é de luta e eu não to gostando nada disso.” [10] “… brincadeiras assim de…luta, de super-herói de televisão e tal, então ele já começa, por exemplo assim, quer dar chute, não sei o que, maldosinho também, que às vezes passa o priminho, bota o pezinho na frente, aí eu fico meio sigilosa com ele, porque se não… ele tem umas brincadeiras meio maldosa, tem que ficar de olho se não…”[11]  

Em reportagem sobre os benefícios da interação com animais, o adestrador Denis Martin (apud BICHOS…,2003), da Universidade de Southamptom na Inglaterra, enfatiza que o simples ato de fazer carinho em um cachorro ajuda a eliminar a carga elétrica proveniente da tensão e conseqüentemente diminui a agressividade. Os pêlos dos animais agem como condutores de energia, e isso não afeta o animal de forma negativa. Ele não absorve essa carga de tensão. Apenas serve como um meio para seu dono liberá-la.[12]

Gonski (1985 apud GOLDEN, 2004), determinou que a interação com cães também ajuda a crianças a aprenderem que comportamentos sociais são aceitos, baseados nos limites colocados em uma situação de relacionamento. O cão serve basicamente como um modelo para criança praticar habilidades sociais apropriadas e adaptativas. Uma criança agressiva pode aprender a treinar um cão usando apenas reforço positivo. Pode aprender a fazer com que outro ser vivo faça o que ela quer, apenas com carinho e recompensa.[13]           

Já em relação aos pais de crianças que convivem com cães, 4 (quatro) responderam que as brincadeiras são calmas e apenas 1 (um) disse que tem observado um pouco de agressividade nas brincadeiras.

Os tradicionais animais de estimação desempenham um papel insubstituível ao servirem de confidentes, de companheiros de brincadeiras e jogos, e ao dispensarem o seu incondicional afeto eles atuam positivamente no desenvolvimento da criança. É igualmente importante mencionar o efeito benéfico e calmante proporcionado pela pelagem de certos animais que ao tato se assemelha às texturas reconfortantes. [14]

De acordo com BECKER (2003) os animais oferecem à criança uma maneira de experimentar o mundo físico e social. Alguns animais são macios e reagem ao toque. Assim a espontaneidade da interação faz com que as crianças tentem e tentem de novo, de uma maneira que nenhum programa de televisão, vídeo game ou brinquedo de plástico jamais poderia conseguir.“… o cachorro pra ele… parece mais um irmão. Tudo que vai brincar carrega o cachorro, tem que ter esse cachorro; bota saia no cachorro (risos), bota roupa no cachorro…”[15]              

BECKER (2003, p. 50) enfatiza que: A criança e o bicho de estimação formam  seu  mundo  de  segredos,    que nunca serão traídos. Há longas sessões de diversão em que nenhum dos dois pensa em qualquer outra coisa. Quando funciona, pode ser uma grande fonte de estabilidade emocional e autoconfiança para as crianças. Torna-se  também a base para um caráter mais maduro. Em estudos realizados no Japão e na Austrália, os professores relataram que as crianças que tinham mais intimidade com animais apresentavam índices mais altos de liderança e altruísmo.             

Nossa afinidade com os animais é inata, mas nossa cultura também programa essa reação. Desde o momento em que a criança tem idade suficiente para acompanhar uma história, os protagonistas de seus livros são quase sempre animais. A criança também vê os animais como heróis na televisão, nos desenhos animados e vídeo games, nos brinquedos, no cinema. (BECKER, 2003, p.44)            

Além disso, os pais podem ficar absorvidos demais no frenesi da vida cotidiana para proporcionar aos filhos toda a atenção que eles precisam. No entanto, um bicho de estimação sempre lhes dará atenção e terá tempo para brincar com eles.           

Quando interrogados sobre o relacionamento do filho com outras crianças, 2 (dois) pais de crianças que não têm cães em casa responderam que seus filhos são os líderes da turma. Outros 2 (dois) responderam que seus filhos gostam de brincar com outras crianças, mas são egocêntricos; e 1 (um) respondeu que seu filho gosta de brincar com os amigos. “Nessa fase assim, a criança é meio egocêntrica né, então o que ta com um o outro quer, é aquela confusão, tudo é em torno, tudo é dele né, então pra dividir é meio complicado.”[16]             

Quando os animais interagem com as crianças, seus sinais são bastante claros. A compreensão de que há uma criatura com sentimentos diferentes afasta as crianças de seu ponto de vista egocêntrico. A compreensão dessa diferença é a base do desenvolvimento da personalidade. Quando convivem com animais as pessoas tornam-se mais sociáveis, interagindo melhor com outras pessoas (BECKER, 2003).           

Entre os pais de crianças que têm cães em casa, 4 (quatro) disseram que seus filhos gostam de brincar com outras crianças, enquanto apenas 1 (um) comentou que seu filho é um pouco egoísta.  

4. O relacionamento social da criança
             
No capítulo em destaque será tratado minuciosamente os aspectos relacionados ao relacionamento social das crianças, levando em consideração o convívio ou não com cães. Para isso, utilizaremos o material colhido nas entrevistas com os pais. Os entrevistados foram interrogados quanto a socialização de seus filhos. Todos responderam que seus filhos apresentam boa socialização.Foi perguntado ainda quanto ao relacionamento das crianças com pais, irmãos e outros familiares. Entre os pais de crianças que não convivem com cães, 3 (três) responderam que há brigas com alguns familiares, enquanto 2 (dois) responderam que seus filhos apresentam bom relacionamento. “… ele não é muito chegado à irmã, que a irmã bate muito nele… tem loucura pelo avô,agora os outros ele não é muito chegado não, porque é a família legítima do meu marido…”[17]             

Alan Entin (apud BECKER, 2003, p. 53), um psicólogo de Richmond, Virgínia, que estudou os efeitos dos animais sobre a estrutura familiar, acredita que o bicho de estimação da família pode servir como uma tela para a projeção de emoções que os membros não se sentem seguros em expressar uns para os outros.           

De acordo com BECKER (2003) nos tempos frenéticos em que vivemos, os valores humanos e os objetivos comuns podem ser esquecidos, enquanto nos concentramos naquilo que nos falta como uma família e uma sociedade, em vez do que damos uns para os outros. È nesse ponto que o vínculo com um animal pode desempenhar um papel vital na família. Cada pessoa sente uma ligação vital com os animais, através da qual podemos demonstrar o que temos de melhor, nossos valores mais altos. Com a prática, aprendemos a usar essas habilidades no relacionamento com os outros membros da família e com todos os cidadãos do mundo. Mas, à falta delas, como aconteceu com minha família e com papai, um bicho de estimação pode servir como refúgio emocional, um ouvinte paciente e um elo de ligação, que proporciona à família, quaisquer que sejam as dificuldades, um senso de propósito e integração. (BECKER, 2003, p. 65)            

Entre os pais de crianças que convivem com cães, 4 (quatro) responderam que seus filhos têm um bom relacionamento com todos. “…é um relacionamento normal… com a avó é normal, como pai também, o pai é muito carinhoso com ele, tem um apego como pai danado… quer ver o pai e a mãe junto… é um relacionamento muito bom… em casa com o irmão, um não consegue ficar sem o outro…”[18]   

Apenas 1(um) entrevistado respondeu que seu filho tem um bom relacionamento, mas briga com o irmão.

No estudo de Poresky (apud BECKER, 2003, p. 47), com crianças em idade pré-escolar, foi descoberto que quanto mais alta a pontuação na escala do vínculo com o animal, mais altas as pontuações em todas as medidas de desenvolvimento e empatia. Quando os pais são convidados a classificar as habilidades sociais dos seus filhos, aqueles que têm a classificação mais alta na tabela de vínculo também são os que têm a classificação mais alta na capacidade de confortar e a mais baixa na recusa em cooperar. As pesquisas indicam que cerca de 80 por cento das famílias adquirem algum bicho de estimação quando seus filhos têm em geral entre 5 e 12 anos de idade, pois os pais acham que os bichos vão incentivar a sensibilidade, a responsabilidade e o companheirismo… e de certa forma estão corretos. As crianças que ajudam a criar animais são melhores na decodificação da linguagem do corpo e na compreensão dos sentimentos e motivos dos outros, o que os psicólogos chamam de empatia. Também é alta a percentagem das que desenvolvem a capacidade de dedicar-se aos outros.
           
Verificou-se também que as crianças educadas no seio de uma família que tenha optado ser responsável por animais de estimação, apresentavam uma melhor comunicação não-verbal, maior popularidade e competência social, assim como níveis mais elevados de auto-estima.           

Damon e May (1986 apud GOLDEN, 2004) conduziram um estudo em que três pacientes socialmente isolados, acima de 78 anos de idade, com doença de Alzheimer tiveram a oportunidade de interagir com um cão de terapia chamado Bridget. A tarefa dos participantes era simplesmente segurar a guia do cão por 15 minutos. Durante esse tempo, qualquer um poderia visitar ou acariciar o cão enquanto ele estava sob supervisão do participante. Isso foi permitido para manter um cenário natural. A única dificuldade enfrentada durante a experiência foi quando outros pacientes, fora do grupo alvo do estudo, tentaram tirar a guia dos participantes. Um dos participantes, R.S., era um aposentado de 83 anos . Embora R.S. mantinha habilidades sociais mínimas, ele ainda se mantinha retirado dos outros devido a sua doença debilitante.

Quando foi dado seus 15 minutos com Bridget, foi percebido pelos autores que ele relembrou com o cão suas experiências passadas com cães e seu estado físico atual. Essa experiência também encorajou sua interação com outros pacientes na instituição. Ao fim do dia, muitas horas depois que o cão saiu, R.S. se lembrou da visita do cão, mas não se lembrou da interação com outros pacientes. A segunda participante, J.U., somente podia falar em fragmentos de frases e foi muito difícil entendê-la. Ela estava consideravelmente isolada e retirada de todos da instituição. Ela havia previamente desenvolvido um relacionamento íntimo com outro paciente, que eventualmente teve que ser transferido. Isso a traumatizou e a isolou ainda mais. Na companhia do cão, ela não demonstrava tentativa de conversa com Bridget, mas continuadamente sorria e focava no cão e seu treinador. Durante esse tempo, J.U. também sorria mais para equipe da instituição e outros pacientes, ela até mesmo sentou com o grupo mais ativo durante o almoço.

Depois que Bridge se foi, ela continuou a sentar com o mesmo grupo e sorrir a outros. Finalmente, J.L., um paciente isolado socialmente teve a oportunidade de interagir com Bridget. Durante a visita, ele se tornou muito animado e falou do cão para outros pacientes. Ele quis segurar o cão e até orientou outros pacientes a segurar o cão corretamente. Depois que Bridge foi embora, o humor de J.L. melhorou e assim se manteve por todo o dia, embora não pudesse se lembrar da visita no final do dia. Embora os três pacientes rapidamente se esqueceram da visita do cão de terapia, provou ser benéfico para interações sociais.[19]           

Segundo Levinson (1969 apud MACIEL, 2004), introdutor do uso de cinoterapia com crianças, as pessoas geralmente falam com os animais, compartilhando com eles seus pensamentos, sentimentos e lembranças. Além do mais quando um animal está entre duas pessoas, ele sem querer as aproxima, pois tem algo de que possam falar. A mera presença de um cão pode facilitar uma interação terapêutica com os pacientes que possuem pouca ou nenhuma comunicação verbal ou que tenham dificuldades de socialização.[20]             

5. O rendimento escolar da criança
           
Nos capítulos anteriores vimos a diferença existente entre à afetividade, comportamento e relacionamento social das crianças que convivem com cães e aquelas que  não convivem com estes animais.Neste capítulo será exposto de que forma o convívio com cães influencia ou não no rendimento escolar de crianças, levando em consideração o conteúdo das entrevistas feitas com os pais.A fim de averiguar o rendimento escolar de crianças que convivem com cães, foi perguntado aos pais como estava o rendimento de seus filhos na escola. Dos pais de crianças que não interagem com cães, 3 (três) responderam que seus filhos apresentam um bom rendimento escolar; 1 (um) comentou que seu filho só vai a creche para brincar, não estuda; e outro respondeu, ainda, que seu filho apresenta dificuldades no português.            

Já os pais de crianças que convivem com cães, todos responderam que seus filhos apresentam um bom rendimento escolar.  “Eu nunca tive assim, reclamação nenhuma no colégio … É uma criança maravilhosa, dedicada, estudiosa, não dá trabalho nenhum … as notas são maravilhosas e pelo menos até agora tá tudo certo.”[21]            

A interação com os animais também surte efeitos positivos no desenvolvimento mental das crianças. Robert Poresky (apud BECKER, 2003, p. 59), professor de Desenvolvimento Humano de Estudos de Família da Universidade Estadual do Kansas, entrevistou 88 (oitenta e oito) crianças em idade escolar e suas famílias, de 5 (cinco) creches do Meio Oeste dos Estados Unidos, a fim de determinar até que ponto os bichos de estimação influenciavam o desenvolvimento infantil. Poresky descobriu, então, que as crianças de famílias que possuíam animais tinham um nível superior de desenvolvimento cognitivo, social e motor. Esse elo com o bicho de estimação além de aumentar a competência da criança e seu sentimento geral de que é justa e confiável, também pode ter impacto pequeno, mas positivo, na inteligência. Nesse estudo Poresky constatou que aquelas crianças que tinham pontuações mais altas, em sua Tabela de Vínculo com um Companheiro Animal, eram também as que alcançavam uma média superior de 5 (cinco) pontos nos testes de Q.I. Além disso os pais de crianças que freqüentavam o jardim-de-infância, muito apegadas a seus bichos de estimação, relatavam menos problemas de comportamento. Os professores tinham mais facilidade com essas crianças na sala de aula. Em outro estudo, crianças que disseram ter recebido um apoio emocional significativo de seus bichos de estimação foram classificadas pelos pais como menos ansiosas e retraídas.           

Portanto, o que se observa através destes estudos é que o relacionamento com animais pode ajudar não apenas no desenvolvimento cognitivo das crianças mas também a elevar o nível de seu Q.I. e a melhorar seu rendimento na leitura

6. A importância da cinoterapia
   
Como visto nos capítulos anteriores, procuramos relacionar as entrevistas realizadas com os pais aos temas abordados. Neste capítulo, porém, será analisado o ponto de vista dos psicólogos.A fim de averiguar a importância da Cinoterapia foram feitas entrevistas via e-mail com 2 (duas) profissionais que fazem uso de tal terapia. As entrevistadas foram Alessandra Comin Martins e Manuella Baliana Macial.           

De acordo com o que estas relataram na entrevista é uma terapia que utiliza os cães como mediadores do processo terapêutico. É um recurso inovador, com amplas possibilidades de aplicação. Pode ser utilizada em crianças, adolescentes, adultos e idosos, que tenham comprometimento físico, psicológico e/ou social.

Os cães com treinamento especial auxiliam profissionais da área da saúde a trabalhar a fala, equilíbrio, expressão de sentimentos e motivação. Estas terapias contam com cães adestrados por um profissional da área e com o auxílio de psicólogos, fisioterapeutas, médicos e médicos veterinários, onde os cães realizam exercícios buscando estimular o paciente nos sentidos físico e psicológico, trazendo benefícios para o mesmo providenciando numerosas oportunidades para crescimento pessoal baseado em benefícios educacionais, recreacionais ou motivacionais a partir do contato com o animal.

Os exemplos que poderiam ser empregados para ilustrar este ponto são inúmeros. Apesar do desenvolvimento tecnológico o trabalho desempenhado pelos cães guia é bem conhecido e apreciado, muito em especial pelos deficientes visuais. De igual modo, embora menos conhecido, o precioso serviço prestado por cães especialmente treinados para auxiliarem indivíduos com problemas motores, quer estejam acamados quer confinados a cadeiras de rodas, demonstra o quanto a companhia de um animal pode ser benéfica. Estes cães são treinados para apanharem objetos do chão, irem buscar objetos, como o telemóvel e inclusivamente, fecharem portas, apagarem a luz e darem o alerta quando existem alterações do estado de saúde do seu "protegido" humano. O grau de confiança que os indivíduos nesta situação experimentam  devido ao apoio prestado pelo cão é notório e significativo.

O contato com o animal proporciona um bem estar imediato, fazendo as pessoas sentirem-se melhor e mais dispostas a falar sobre si, realizar um exercício fisioterápico e até mesmo interagir com o meio social. Desde a primeira sessão nota-se uma resposta positiva ao cão que pouco a pouco vai sendo estendida ao convívio familiar e social.

Melhoras nos quadros de ansiedade, estresse, hipertensão, auto-estima, comunicação e sensibilidade são alguns relatos dos pacientes submetidos à terapia com animais.Um dos efeitos melhor conhecido refere-se à diminuição dos valores de tensão arterial, registrados em pessoas sujeitas a "stress" moderado e na presença de cães amigáveis. É igualmente conhecido o efeito relaxante resultante da observação de peixes expostos em aquários adequados. De fato, podemos observá-los em salas de espera de alguns consultórios, com realce para os de odontologia (BECKER, 2003).

Em entrevista, Manuela Baliana relatou que:
 
Inúmeras melhoras são observadas. No asilo observamos que as idosas riem mais, se comunicam melhor, sentem menos dor, trabalham a memória (com relação aos nomes dos cães e às lembranças de quando tinham um animal) e até melhoras no caso de depressão. Nas escolas especiais (para autistas e psicóticos), as crianças e adolescentes interagem mais com as pessoas, ficam mais calmos, aumenta a auto-estima, mostram melhoras quanto à agressividade e até fazem vínculo com os cães. Temos relato de uma professora que quando uma criança se apresenta ansiosa é só mencionar no nome de um dos animais que visitam a escola que ela se acalma e conversa sobre a última visita que foi feita pelos animais. Na clínica, em primeiro lugar, a relação transferencial com o terapeuta é bem mais rápida com a presença de um cão. Crianças com dificuldades de falar sobre assuntos delicados, acabam se sentindo mais dispostas à falar na presença de um animal. Na reabilitação, cães com deficiência motivam as pessoas a reagir e lutar por sua melhora.

Segundo Dr. Boris Levinson  (apud GOLDEN, 2004), apontado como introdutor do uso de terapia facilitada por cão – TFC, Cinoterapia – com crianças, estas se sentem mais a vontade para relatar suas experiências ao cão, pois elas percebem que o animal é um ser não-crítico e não-julgador. Levinson acidentalmente deixou seu próprio cão, Jingles, sozinho em um quarto com uma criança reservada, quando retornou, percebeu a criança engajada em uma intensa conversa com o cão. Ele determinou que animais poderiam se úteis durante o processo de avaliação com crianças. Embora haja testes para medir traços de personalidade, QI, e habilidades diversas, é difícil verificar através desses testes psicológicos como uma criança irá interagir com outros. Mesmo se um adulto, como um dos pais, está no recinto durante a avaliação da criança, a criança pode ser induzida a agir de uma maneira diferente, atípica. Tendo um animal presente durante a avaliação poderia permitir ao terapeuta apreciar o comportamento da criança. De certa forma, o terapeuta poderia observar a criança se expondo mais. A interação com o animal algumas vezes leva a expressão de alguns problemas profundamente estabelecidos que não seriam revelados de outras maneiras, especialmente aqueles ligados a família.[22]

Reichart (1998 apud GOLDEN, 2004) estudou o valor de animais no tratamento de crianças vítimas de abuso sexual. Salientou a importância da TFC nesse tipo de situação, pois a criança tipicamente se torna fechada e tímida. Em usar o animal, o terapeuta podia ajudar a criança a expressar sentimentos e emoções que não foram reveladas a adultos tão prontamente ou com tanta facilidade. Ele sugeriu perguntar a criança em nome do cão, o que tornou o processo da entrevista mais confortável para a criança. Também foi mencionado que o animal poderia atuar como um "alter ego" para o jovem paciente. Em outras palavras o terapeuta poderia informar a criança que o cão facilitador tinha tido uma certa experiência e perguntaria a criança como ele ou ela se sentiria depois daquela experiência. Com esse recurso a criança podia expressar seus sentimentos a respeito do abuso que sofrera. A expectativa é que a simples presença do cão na terapia ajudem a aliviar alguma parte da ansiedade tipicamente associada com o processo. A criança observa o terapeuta tratando o cão com gentileza e carinho e assume que ela seria tratada da mesma maneira.[23] Em outro estudo, Redefer e Goodman (1989 apud GOLDEN, 2004) usaram uma TFC em sessões com crianças autistas para descobrir se um cão seria um auxiliar útil. O estudo foi conduzido com 12 participantes autistas, 3 meninas e 9 meninos entre os 5 e 10 anos de idade. Os participantes eram testados individualmente. O estudo foi separado em quatro fases: a primeira como avaliação inicial com 3 sessões de 15 minutos cada; a segunda era tratamento, incluindo apenas o terapeuta, a criança e o cão com sessões de 18 a 20 minutos.

A terceira fase compreendia o pós-tratamento, com as sessões semelhantes a fase inicial, sem o cão. A quarta fase era o acompanhamento de um mês depois do início do estudo. Durante a avaliação inicial, tanto ações da criança quanto do terapeuta eram registradas por vários auxiliares enquanto interagiam. Durante as seis primeiras sessões, o terapeuta podia encorajar a criança a interagir com o cão e modelar comportamento apropriado com o animal. Nas seis sessões seguintes, o terapeuta encorajava atividades secundárias com o animal, como jogar uma bolinha, alimentá-lo e escová-lo. Então havia seis sessões restantes, antes do terapeuta retornar aos procedimentos iniciais, para determinar se o tratamento teve êxito. As sessões de terapia eram registradas pelo pesquisador e alguns assistentes. Como resultado da TFC as crianças com autismo exibiram mudanças em seu comportamento. Houve um aumento na interação social de uma média de 2.8 tentativas de interação durante a avaliação inicial para 14.6 quando o cão era introduzido à criança.

Durante o estudo de acompanhamento de um mês, a interação social das crianças caiu, mas se manteve com uma média de 7.4 tentativas de interação, muito mais alto do que nas avaliações iniciais. Durante a terapia houve também um decréscimo no isolamento de 17.2 momentos de isolamento no período de avaliação inicial para 5.8 durante tratamento. O estudo de acompanhamento de um mês indicou que houve aumento depois da terapia, entretanto se manteve com uma média de 12.1 momentos de isolamento, significativamente abaixo da média do período inicial de avaliação. Esse estudo demonstrou que TFC poderia ser usada em crianças com autismo para ajudá-las a interagir com outras pessoas.[24]Em outro artigo, Johnson (1983 apud GOLDEN, 2004) relatou os benefícios da TFC no trabalho com crianças com necessidades especiais. A TFC foi capaz de provocar respostas em crianças que a terapia convencional não provocou. Por exemplo, o artigo discute uma vítima que se tornou totalmente isolada socialmente depois do acidente. Não se comunicava com a equipe do hospital, ficava somente em seu quarto. Quando a equipe levava filhotes ela imediatamente se soltava.

Os filhotes permitiam a criança em ter total controle sobre a aproximação e afeto. Logo depois da introdução inicial dos filhotes, a jovem garota estava disposta a freqüentar a sala de jogos com outras crianças do hospital e insistiu em sair com o grupo para o zoológico.

Outro exemplo do mesmo autor envolveu uma criança com déficit verbal causado por uma desordem cerebral severa. Depois que a criança foi introduzida a um Collie, chamado Duke, demonstrou acentuado incremento em auto-estima e habilidades de comunicação. Como a criança tinha dificuldade de comunicação verbal, o cão permitiu a oportunidade de comunicação não verbal, o que incentivou sua autoconfiança. O autor destacou que a dependência de um cão permitiu a criança com necessidades especiais oferecesse apoio a outro ser vivo, ao revertendo o seu papel de sempre ser apoiada. Em resumo, providenciou senso de autonomia e valor próprio, pois a criança passa a se perceber como útil e benéfica.[25]Nos autistas, a pet terapia proporciona melhora na capacidade de comunicação e na sensibilidade, embora muitos desses pacientes não falem e tenham aversão ao toque.

Uma equipe de voluntários leva cães ao visitar o abrigo de crianças e adolescentes deficientes físicos – O Lar Maria de Lourdes em Jacarepaguá. Lá são deixadas crianças com os mais variados problemas de deficiência, mas a grande maioria é portadora de hidrocefalia e Síndrome de Down:

Nossa equipe leva filhotes da raça Pit Bull para passar uma tarde inteira brincando com essas crianças e o mais incrível é que mesmo as crianças que quase não conseguem falar ou se mexer, ao ver os cachorrinhos, elas fazem um esforço fenomenal para chegarem mais perto deles e ter mais atenção, uns gritam au au, outros fazem sinais com as mãozinhas chamando por nós e outras que não tem a mínima condição de se levantarem da cama apenas sorriem quando colocamos os filhotes perto delas e eles ficam lambendo seus pés. Fazemos este trabalho uma vez por mês e não só ajudamos a levar um pouco de alegria para estas crianças, como também fazemos o possível para levarmos o material necessário para o sustento do Abrigo que vive de doações.[26]  A Terapia Facilitada por Cão (cinoterapia) é benéfica também no cenário educacional. No ambiente escolar, crianças são mais prováveis de se abrir a um orientador pedagógico quando o cão está presente, ou até mesmo se a criança sabe que ele possui um cão.

Este pode até mesmo quebrar o gelo entre professores e crianças em uma situação desconfortável.Em entrevista via e-mail com os profissionais, foi solicitado o relato de um caso marcante. Alessandra Comin relatou:Existem vários, mas os mais interessantes são aqueles onde os cães espontaneamente fazem o seu trabalho. Houve um caso de uma criança com paralisia cerebral e uma deficiência mental moderada, extremamente deprimido, com uma significativa atrofia de membros superiores, que nem conseguia pegar uma colher p/ comer. Com algumas sessões, já estava  abraçando um cão samoieda que sozinho descobriu que focinhando os bracinhos da criança e colocando a sua cabeça por baixo deles ele conseguia fazer o contato…A criança gostou da experiência, sorriu e isso foi reforçado. Aos poucos a criança se esforçava mais e mais p/ esticar os braços assim que via o cão.

O humor começou melhorar e a motricidade também. Em pouco tempo conseguia tocar o cão sem que o mesmo precisasse lhe cutucar .  A relação familiar também melhorou muito, pois os pais participavam da sessão e viam a evolução lenta porém gradual. Essa criança ficou uns 6 meses na terapia com ótima evolução motora, supressão do quadro depressivo,  e  também melhora no desenvolvimento da interação do paciente com a família, dentro das limitações impostas pela paralisia cerebral. A psicóloga Manuela Balliana relatou:  

Uma criança autista que não tinha nenhum contato visual com humanos manteve e mantém até hoje o contato visual e a interação com um determinado cão. Nossa intenção é poder, mais tarde, entrar nesta relação e fazer com que o animal seja uma ponte para a vida social. Outra experiência é com uma adolescente extremamente agressiva, que no seu primeiro contato ficou observando cuidadosamente todos os movimentos que o cão fazia, até que então começou a fazer carinho no animal.
 
Torna-se evidente que o uso de animais, especialmente cães, na terapia com adultos, jovens e crianças tem sido correlacionados com uma taxa maior de sucesso, a despeito de desafios enfrentados.

7. Considerações finais

Conforme apresentado na introdução, nosso objetivo era identificar a importância da Cinoterapia – Terapia Facilitada por Cães utilizada com crianças que apresentam problemas de afetividade, e comprara a afetividade de crianças que convivem com cães com aquelas que não convivem com estes. Diante da ressalva de que esse tema ainda é muito incipiente, procuramos então realizar uma exploração inicial através de tal pesquisa.

Considerando os dados colhidos por meio de entrevistas com os pais, que foram devidamente analisadas de acordo com as teorias pertinentes, percebe-se que os objetivos preestabelecidos foram alcançados, pois em todos os aspectos analisados, as crianças que convivem com cães mostraram-se mais afetivas, inteligentes, menos agressivas e tendem a ter melhor relacionamento social.

Diante desses resultados vale citar o relato de uma das entrevistadas:

“Na minha opinião eu acho que um animal dentro de casa faz desenvolver uma criança sim tanto sendo ela normal ou não, porque o bichinho estimula, às vezes uma pessoa a criança tem vergonha mas com o animal não, ele tá podendo, ele se entrega ao bichinho completamente, brinca, então às vezes o animal ensina a criança até mais que a gente a ser alegre, que a gente às vezes ta preocupado, só sabe repreender dentro de casa, e quando tá com o bichinho ele fica se divertindo, tão brincando”.[27]
           
Vale ressaltar que a entrevista foi feita com pais residentes de uma localidade carente, a qual o vínculo das crianças com os cães não é tão acentuado, pois os animais têm função meramente de guarda das casas, e não permanecem dentro das mesmas. Mesmo assim, houve a comprovação de que o contato com o animal, de maneira direta ou indireta, interfere de modo positivo no desenvolvimento da criança.
           
De acordo com Becker (2003) trata-se de um vínculo que vale a pena explorar, celebrar, proteger e expandir. Se as pessoas tivessem um bicho de estimação o mundo seria mais descomplicado e mais saudável, pois estes nos dão tudo o que tem e não resta a menor dúvida de que é o melhor acordo que a humanidade pode firmar.
           
Esse vínculo com os animais é a força primordial de uma pessoa feliz e saudável e uma das principais armas da sociedade contra a solidão, a apatia e a depressão.

Concluindo, vale citar o Dr. Martin Becker: Nossos amados bichos de estimação são como vitaminas que nos fortalecem contra ameaças invisíveis; como cintos de segurança nos protegendo contra os desastres da vida; como sistema de alarme nos proporcionando um sentimento de segurança. O poder curativo dos bichos é, de fato, um poderoso medicamento (BECKER, 2003, p.33).  
           
Assim sendo, a contribuição desta pesquisa, no âmbito da psicologia, foi a de demonstrar que, apesar de pouco explorada, a Cinoterapia surge como uma eficiente ferramenta no tratamento de pessoas, especialmente de crianças, que necessitam de auxílio psicológico, proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida, visto que o convívio com animais, em especial com cães, é altamente benéfico.
  

Referências
   

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[1]Resposta do entrevistado.
[2] Idem nota 3.
[3] Idem.
[4] BICHO: Faz bem ter um. O Globo, Rio de Janeiro, p. 8,  3.ago.2003.
[5] Ibidem.
[6] Psicóloga entrevistada via e-mail.
[7] PET terapia. Melhor Amigo, São Paulo, ano. II, ed. 09, jan. 2005.
[8] Idem nota 3.
[9] Idem nota 3.
[10]Idem nota 3.
[11] Idem.
[12] BICHOS Aliviam Tensão Humana. Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 16 mar. 2003.
[13] GOLDEN, Shawn M. Os Efeitos e Benefícios da Implementação da Terapia Facilitada por Cão (Cinoterapia) em Sessões com Crianças com Necessidades Especiais.Universidade Estadual de Frostburg. Disponível em: <http://www.amguara.com.br/terapia.htm>.
[14] ANIMAIS e Saúde. Disponível em: <http://www.anthrozoo.org/anthrozoo4.html>.
[15] Relato da mãe de uma criança que convive com cão.
[16] Idem nota 3.
[17] Idem nota 3.
[18] Idem nota 3
[19] GOLDEN, op. cit.
[20] MACIEL, M. B. et al. Projeto Cão Amigo & Cia. Disponível em: <http://planeta.terra.com.br/saude/caoamigo/>.
[21] Idem nota 3.
[22] GOLDEN, op. cit.
[23] GOLDEN, op. cit.
[24] GOLDEN, op. cit.
[25] Ibidem
[26] BITENCOURT, R. Cinoterapia. Disponível em: <http://www.pitbullclub.com.br/cinoterapia.htm>. 
[27] Relato de um entrevistado.

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