Tem-se, em primeiro lugar, o facto que a anorexia é mais típica nas mulheres.
Ademais, considere-se, antes de tudo, que o desenvolvimento obsessivo é mais característico no homem e que o desenvolvimento histérico é mais característico na mulher, como é verificado na práctica clínica e nas observações quotidianas.
Tendo em conta, que na anorexia, ocorre uma formação reactiva relativamente à bulimia ( Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ), 2004 ), ou à vontade incontrolável de ingerir alimento ( esta sim, mais consentânea com as considerações psicanalíticas quanto à voracidade oral ), dir-se-à que há um funcionamento mais tipicamente obsessivo na anorexia, considerando que a formação reactiva é um mecanismo de defesa tipicamente obsessivo. Há um funcionamento psíquico mais tipicamente masculino.
Assim, as considerações das anorécticas relativamente a sentirem-se sempre gordas, apesar das evidências em contrário, no espelho, opiniões de terceiros, etc., dirá respeito a sentimentos, tidos relativamente à própria, relativos a uma corporalidade masculina, sentida desse modo, considerando a tendência de um corpo maior e mais musculado dos homens. Ocorre esta patologia com estas percepções inconscientes bastante influenciatórias, com a importância da desejabilidade social, da aceitação social, particularmente numa sociedade dominada a vários níveis pelos homens.
Terapeuticamente, deverá haver uma mudança no sentido da maior aceitação social das obesas, e obesos, tendo que haver para isso uma influência societal, através dos media, programas gerais de prevenção, nos seus vários níveis, e da clínica, diminuindo, ao mesmo tempo, a valoração dada à magreza das modelos de moda.
Referência
Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio, F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente ( Tradução Portuguesa ) ( Original: Dictionnaire de psychopathologie de l'enfant et de l'adolescent, 2000 ). Climepsi Editores