Esta pergunta é comum. E a resposta é simples: sim. Não é questão de acreditar. O destino é um fato inquestionável. Ele existe, assim como o céu, o dia, as árvores e as pessoas. Pois o destino é simplesmente o sentido, a direção para a qual algo está programado. O destino, por exemplo, do ônibus que vai para São Paulo é São Paulo. Ele está destinado para São Paulo, o que por sua vez não quer dizer que chegará infalivelmente lá.
Porém, quando as pessoas perguntam umas para as outras se elas acreditam em destino, essa pergunta faz uma extensão de sentido do termo. Somente se utiliza a palavra destino, neste caso, por uma questão de costume, de uso comum, seja em que campo for, até mesmo na filosofia. A pergunta mais precisa seria: “Você acredita em predestinação?”. Mas aí, talvez, ninguém entendesse nada. É compreensível a simplificação.
Penso que o termo predestinação é mais preciso. Fala de um destino fixado previamente, e é um termo cunhado pela teologia. Ou seja, foi criado para afirmar esta idéia.
Neste sentido, acreditar em predestinação é acreditar que alguém escreve o destino. É a idéia de um ser supremo e onipotente a agir sobre suas criações. Determinar irrevogavelmente o futuro de um ser é, de algum modo, agir como seu criador.
Há, por outro lado, quem tenha a concepção de que o destino foi forjado e antecipado à luz de diversos fatores associados. É a própria idéia de predição ou determinação, a qual pode simplesmente ser erguida segundo o misticismo de uma variedade de causas coincidentes ou o controle das mesmas.
Na perspectiva mística deve imperar uma atmosfera nebulosa e mágica, sensacional. Isso foi escrito por entes sobrenaturais, sobre os quais não temos qualquer poder ou acesso. Criaturas da noite ou de luzes transcendentais a produzir um fato único, sublime e preciso, o qual foi planejado nos confins de universos distantes ou paralelos ao nosso, os quais somente não seriam percebidos por míopes de espírito.
Na perspectiva determinista há simplesmente o controle das causas, seu conhecimento preciso e acabado, e assim pode se determinar o que as coisas serão. E isto não demarca nenhum mistério. É simplesmente a explicação racional. Explicar é encontrar as causas. Determinar é saber como manejá-las para se produzir infalivelmente o que se quer. Se, por exemplo, você unir uma chama a um elemento inflamável, terá a combustão deste. Saber como fazer e executar o que se deseja, é determinar. Fogo associado a um elemento inflamável gera uma reação explosiva, de combustão, e não outra coisa. É assim necessariamente. Na filosofia é chamado de necessidade.
Também é muito utilizado o termo “determinante”, o qual, neste sentido, é simplesmente sinônimo de causa. Se um fator é determinante, ele é causa. Finalizando, acreditar em predestinação (em destino, como é comum dizer) é acreditar que tudo já está determinado. Para algumas coisas isso é até possível. A morte, por exemplo, é uma predestinação.
Todos seres vivos estão predestinados à ela. Porém, o momento e a forma como ela sucederá só podem ser inferidos por probabilidades ou por obra do acaso.