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Desamparo Aprendido

O Desamparo Aprendido foi introduzido como um modelo animal de depressão descoberto por Seligman em 1975 e que  investigava as interações entre contingências respondentes e operantes. O Desamparo Aprendido caracteriza-se por um quadro resultante da exposição a situações de eventos incontroláveis que dificultam a aquisição de aprendizagens operantes subseqüentes. Os eventos incontroláveis são estímulos aversivos  apresentados independente do comportamento do individuo e isso impede que ele aprenda uma resposta de fuga/esquiva, e é por isso, que recebe o nome de desamparo aprendido pois, o individuo acaba não emitindo uma resposta de fuga mesmo que ela esteja disponível no experimento ou nas contingências e apresentam comportamentos semelhantes àqueles observados em clientes depressivos. 

A proposta gira em torno da incontrolabilidade do meio em que o sujeito está inserido. O sujeito aprende que suas respostas são inúteis ou insuficientes para alterar as contingências aversivas e posteriormente acaba se comportando de forma passiva frente a novas situações. É possível fazer uma transposição do modelo experimental para o que ocorre nas contingências de alguns indivíduos. Se pensarmos que um sujeito pode passar por uma situação que gera incontrolabilidade, é bem provável que esse  individuo se deprima. No consultório é comum de se observar clientes se queixando de que tudo que fazem na vida, dão  errado. Quando ouvimos isso , podemos pelo menos, supor que talvez esse individuo esteja respondendo a um esquema ou história de incontrolabilidade comportamental. No entanto, é preciso investigar e identificar a função da queixa e sob qual esquema de reforçamento ele está respondendo etc…
 
De acordo com (Tavares & Motta, 2005) o efeito da historia de incontrolabilidade pode ser revertido por meio de dois procedimentos: um deles é programar com que o sujeito passe por um esquema de controlabilidade chamado de Imunização e  o outro procedimento é a terapia. O procedimento de imunização previne a ocorrência de efeitos da historia de incontrolabilidade e na terapia, os efeitos são revertidos pela exposição a eventos controláveis após a experiência com incontrolabilidade. A exposição a eventos incontroláveis produz dificuldades na aprendizagem de novos comportamentos. Segundo (Tavares & Motta, 2005) de acordo com  a literatura quando o individuo é exposto a situações de incontrolabilidade, caracterizadas por uma relação de independência entre os eventos programados e o comportamento do organismo, produz um retardo na aquisição de novos comportamentos em situações subseqüentes envolvendo eventos controláveis e reduz a sensibilidade a novas contingências.

É possível observar também como efeito da submissão a estressores crônicos ou moderados, a anedonia (falta de interesse, “melancolia”, insensibilidade à recompensa) um dos sintomas da depressão. De acordo com (Thomaz, Cássia, 2005) o termo anedonia refere-se à insensibilidade à recompensa e há vários modelos experimentais de depressão que enfatizam a anedonia como retirada de estímulos aversivos incontroláveis (choques).  A depressão é uma psicopatologia que vem sendo bastante investigada em laboratório. Muitos modelos animais de depressão já foram propostos, mas na pratica é preciso que se tenha critérios de validação para a investigação científica e nem sempre é simples a avaliação de todos esses aspectos de validação.

Um dos critérios que o terapeuta, analista do comportamento, tem para ter acesso a historia do cliente, é através dos relatos do seu cliente. Uma vez que o comportamento ocorre em função de conseqüências passadas, isso se torna um problema, como ter acesso a uma classe de eventos que não existe mais? Tavares & Motta descreve que para tentar resolver esse problema é preciso fazer uso do laboratório. Estabelecer experimentalmente uma serie de relações de contingências que demonstrem conseqüências de experiências passadas no comportamento atual.  Contribuições da pesquisa básica tem ajudado a entender a depressão numa perspectiva da análise do comportamento e isso tem ajudado a terapeutas comportamentais a entender melhor e intervir de forma mais eficaz no tratamento de clientes depressivos.

Referencia bibliográfica:

RODRIGUES, Josele Abreu & RIBEIRO, Michela Rodrigues(org). 2005 ed: ARTMED- São Paulo –SP

THOMAZ,Cássia R.C., O efeito Da Submissão a Estressores Crônicos  e Moderados. 2005 ed: PUCSP. São Paulo -SP
 

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