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O conhecimento humano e o uso do rizoma

Há algum tempo atrás, foi publicado um artigo (O Nome da Rosa e Conhecimento que Ela Tras), onde se explicava que a chave para o conhecimento do significado real das coisas estava no uso de uma estrutura rizomática de comparação; onde, rizoma, era uma estrutura não hierárquica de múltiplas ligações, semelhante às moléculas orgânicas complexas.
No citado artigo, explicava que, a chave para compreensão do significado das coisas estava no percorrer da mente pelas diversas áreas do conhecimento humano, de uma maneira, em princípio, não hierárquica ou sistêmica; que é própria da mente
           
Apesar de trabalhoso, o uso do rizoma para o conhecimento do significado das coisas tem, pelo menos, duas grandes vantagens: A primeira é o conhecimento mais abrangente sobre a coisa; e a segunda é que, podendo-se chegar ao mesmo conhecimento percorrendo-se várias vias, e, chegando-se à uma mesma conclusão, podia-se validar o resultado, tirando-se uma espécie de “prova dos nove”.
           
Assim, pelo princípio exposto, Ciência, Filosofia e Teologia, as três grandes áreas do conhecimento humano, no lugar de gerar conhecimentos contraditórios, finalmente chegariam ao sonhado denominador comum; complementando-se naquilo que lhes falta. Seria a geração do verdadeiro conhecimento.

Feita a introdução, faz-se necessário o desenvolvimento: Entender as áreas de conhecimento humano, suas características, seus limites e suas contribuições, sob pena de que, se assim não o fizermos, corrermos o risco de, como o insensato, esperarmos de que da macieira possa-se tirar laranja.
           
Isso posto, para melhor entendê-las; fareis um parelelo dois à dois; deixando o para o fechamento a comparação final..
         

Classicamente, o conhecimento humano pode ser dividido em quatro grandes áreas: Senso Comum, Conhecimento Religioso, Conhecimento Filosófico e Conhecimento Científico.
           
O Senso Comum corresponde à soma de todo o conhecimento difuso pertencente à cultura. Podemos pensar em senso comum como aquele conhecimento que nasceu com os nossos antepassados, onde se sabia que a erva “x” era boa para curar dor de barriga. Ela corresponde ao chá da vovó, as receitas de pratos típicos da mamãe, bem como todos os conhecimentos de ordem prática que precisamos para levar o nosso dia à dia; que pertencentes à comunidade e à sua cultura, permeiam a sociedade de modo difuso, sem ter um possuidor ou destinatário específico.
           
O Senso Comum, único conhecimento existente na humanidade por muito tempo, foi e continua a ser utilizado até hoje.
           
Conforme o homem foi evoluindo, principalmente na medida em que se fixava à terra e desenvolvia a agricultura, começou a se perceber dependente e, erroneamente, à parte (Como coisa diferente) da natureza.

Instintivamente, sentindo os perigos dessa percepção, passou o homem a desenvolver o conhecimento religioso, destinado a religá-lo às forças naturais; e posteriormente utilizados na vã tentativa de controlá-las.
           
Uma das primeiras visões geradas pelo conhecimento religioso foi animista; no qual as forças naturais eram tidas como dotadas de vida (Anima, ou Alma; traduzido vulgarmente como Espírito).

Juntamente com a explicação, aparecia uma figura que, tida de grande conhecimento, servia de ponte entre esses “espíritos” e os homens comuns, destinados a mediar os pedidos dos últimos para os primeiros. Nascia o conhecimento religioso e o sacerdote.
           
Aos poucos, as forças da natureza foram tomando forma. À princípio de animal e pouco à pouco se antropomorfisando, passando os “espíritos” de forças da natureza, pré-existentes,  para forças geradoras do mundo ou suas partes. Nasciam assim os primeiros deuses e posteriormente a religião monoteísta.
           
Depois do conhecimento religioso, o homem chegou à Filosofia. A Filosofia nasce na Antiga Grécia. Filha da Polis, tentativa de organização racional do espaço humano para partilha de Vida e Conhecimento, na procura da realização do seu potencial máximo, nasce a Filosofia como explicação racional, necessária ao Homem.
           
Tida como espaço humano, em oposição ao espaço natural comandado pelos deuses, a Polis era a cristalização da genialidade grega da procura da Liberdade, da Felicidade e da Realização do próprio Homem. Assim, não é de se estranhar, da necessidade da substituição das explicações míticas da origem do Universo (Controlada pelos Deuses) por outra racional, na qual o Homem pudesse se libertar desses mesmos deuses e traçar o seu próprio destino nesse espaço privilegiado.
           
Dessa feita, não é de se estranhar a preocupação dos primeiros filósofos, tais como Tales, Anaximandro e Anaxímenes, com a questão da origem do Universo; preocupando-se com a physis, de onde brotavam todas as coisas; e do Logus (Princípio aglutinador, princípio agregador, ordenador, do mundo). Era o nascimento da Filosofia pré-socrática.
           
Muito mais importante foi a forma da procura dos pré-socráticos da resposta para a origem de todas as coisas do que as respostas encontradas em sí; pois, mais importante do que as respostas, na filosofia, o importante é a maneira com que as respostas são buscadas, que é através de um exercício da lógica, do uso da razão, no lugar do uso do misticismo.
           
Pela Lógica, a Filosofia une dois princípios conhecidos na busca de um princípio velado. Por exemplo: Princípio conhecido 1: Todo o Homem é MORTAL. Princípio conhecido 2: Sócrates é HOMEM. Com os dois princípios juntos, LOGO (Ou melhor, LOGUS, Agregando-se….) SÓCRATES É MORTAL. Note que, de dois princípios conhecidos, pela agregação do LOGUS, da lógica, da mente humana, se chega a um terceiro princípio velado, desconhecido, que à primeira vista nos escapava.
           
Pela lógica, com o agregar de duas verdades conhecidas se chega a uma verdade que, em princípio, é desconhecida; gerando-se assim o conhecimento filosófico.
           
Os leitores me perguntarão: Então o que tem haver Filosofia com Religião. A resposta é simples: A Religião é a religar do homem que eu vejo com o Deus que eu não vejo. A Filosofia é a AGREGAÇÃO do homem, e da natureza, princípios conhecidos, para a dscoberta de um, princípio velado (Que se deseja alcançar). Se com a Filosofia, através de princípios conhecidos, se chega ao que se está velado, através da lógica, através da agregação de idéias; do LOGUS, então, seria possível, através do uso da Filosofia, como ferramenta, chegar-se a Deus, princípio velado, através do mundo e do homem, conjunto de coisas conhecidas (O Eu; o que está dentro; e o resto; que está fora; dois princípios conhecidos, que AGREGADOS podem levar à um princípio VELADO que é Deus). Essa junção de Filosofia e Religião, na procura de Deus, nós chamamos de Teologia (Teo=> Deus, e Logia=> Logus; RAZÃO, agregação, junção, lógica, estudo). Dessa feita, mais do que o estudo de Deus, Teologia seria, entre outras coisas, o voltar racional da vontade do Homem na busca de Deus, princípio agregador do Universo.
             
Apesar de termos 4 grandes ramos do conhecimento; irei parar por aqui, para reflexão de todos; continuando mais tarde com o último ramo que é a ciência; bem como o relacionamento entre esses 4 grandes ramos.

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